Está certo que existe um público resistente a Bolsonaro e a Lula, ambos com níveis elevados de rejeição.
Com isso, se repete a mesma ladainha que vem desde 2006: aposta-se em um candidato do não.
Não precisa apresentar projeto de país, políticas inovadoras, não precisa galvanizar a alma nacional em cima de propostas claras.
Basta dizer não e repetir o mantra do neoliberalismo terraplanista, que consiste no seguinte:
“Se equilibrar as contas públicas, se reduzir os direitos trabalhistas, se reduzir a burocracia, se fizer as “reformas”, seja lá o que forem as reformas, haverá uma explosão de crescimento que beneficiará a todos”.
Com isso, se repete a mesma ladainha que vem desde 2006: aposta-se em um candidato do não.
Não precisa apresentar projeto de país, políticas inovadoras, não precisa galvanizar a alma nacional em cima de propostas claras.
Basta dizer não e repetir o mantra do neoliberalismo terraplanista, que consiste no seguinte:
“Se equilibrar as contas públicas, se reduzir os direitos trabalhistas, se reduzir a burocracia, se fizer as “reformas”, seja lá o que forem as reformas, haverá uma explosão de crescimento que beneficiará a todos”.
Alguns, mais “sofisticados”, trarão bordões de cabeças de planilha: “Equilibrando as contas públicas, a inflação cairá, os juros cairão e o investimento florescerá”.
Pouco importa se esse modelo passou a ser implementado desde 2015, no infausto pacote Joaquim Levy, e, de lá para cá, enfraqueceu cada vez mais o mercado interno, ampliou a precarização do emprego, destruiu o financiamento da Previdência, através da redução do emprego formal.
Sempre haverá um idiota da objetividade para repetir esses mantras.
O tal centro-democrático não quer um estadista, quer uma celebridade-sela, que se deixa cavalgar.
Tentaram com Luciano Huck, colocando um preceptor para prepará-lo para a carreira política.
Cada figura da história tem o preceptor que merece. Alexandre Magno teve Aristóteles, Dom Pedro 2o teve José Bonifácio e Luciano Huck teve o polêmico ex-governador capixaba Paulo Hartung.
O Estadão chegou a montar um evento semanal, no qual Huck – recorrendo ao ponto – entrevistava grandes personalidades mundiais do liberalismo. Huck preferiu os pontos do Programa do Faustão.
Agora, tenta-se apostar em Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que ganhou visibilidade não pelo feitos políticos, mas pela admissão de ser gay – que o torna um símbolo da modernização de costumes, mas não necessariamente um estadista.
Sua entrevista à Globonews, na 3a à noite, é medíocre.
Leite repete os mesmos bordões de Geraldo Alckmin em 2006, de José Serra em 2010, de Aécio em 2014 e de Alckmin em 2018.
Ou seja, um discurso derrotista.
Segundo essa lógica, todo pensamento do candidato deve ser elaborado pelo marqueteiro.
Abre-se mão do estadista, o político com intuição, capaz de perceber os novos tempos e conduzir a opinião pública em direção a uma nova utopia.
E espera-se que os eleitores votem pelas virtudes pessoais do candidato, buriladas pelos marqueteiros. Com todas suas limitações, foi o que Fernando Collor fez em 1990, Lula em 2002.
O tal centro-liberal viveu durante 8 anos do Plano Real e, de lá para cá, foi incapaz de uma ideia nova, um projeto de país.
Todos os candidatos limitavam-se a defender a privatização, a redução do tamanho do Estado, as tais reformas, como caminho para a redenção nacional.
Como essa série de nãos, não cria um projeto de país, temperavam essa sensaboria com o discurso moralista, indo no rastro do discurso de ódio aberto pela mídia.
Toda a geração de intelectuais tucanos desistiu do jogo político pela absoluta falta de disposição de transformação do partido depois da morte de Mário Covas, Sérgio Motta e Franco Montoro.
Trata-se de um engano fundamental.
Nesses meios da terceira via, costuma-se alegar que o candidato tem que ter um discurso acessível e não se comportar como defensor de teses complexas.
Ora, até para o discurso político acessível, tem que se ter preparo, a intuição para entender os novos tempos e apresentar propostas propositivas.
Collor entendeu a necessidade de reduzir a pesada centralização de Brasília, herdada do regime militar.
Lula foi o arauto do sentimento de solidariedade que chacoalhou o país com o aumento substancial da miséria no início dos anos 2.000.
Em 2010, a própria Dilma Rousseff içou a bandeira do desenvolvimento, em cima do sucesso do período 2008-2010.
Em 2014, em muitos setores simpáticos a Lula, havia uma enorme resistência à candidatura de Dilma, não apenas pelos erros econômicos de 2014, mas pela insensibilidade em relação a inúmeros temas sociais e identitários.
No entanto, na época da eleição, todos esses grupos insatisfeitos fizeram campanha para Dilma, porque na outra ponta estava um candidato, Aécio Neves, sem uma proposta positiva sequer em relação ao país.
A mediocridade do centro-direita é tão avassaladora, que qualquer pensamento novo é jogado no limbo dos temas desagradáveis.
É por isso que economistas como André Lara Rezende, Paulo Rabello de Castro, Armínio Fraga ficam em segundo plano, ou são entregues de mão beijada para adversários políticos, enquanto se aposta em Hucks, Mandettas, Leite e em outros destaques da mediocridade avassaladora.
Pode-se criticar Lula ou Ciro Gomes.
Mas são os únicos candidatos que avançam além da mesmice e acenam com o novo.
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