A defesa do processo eleitoral e do voto eletrônico contra as ameaças golpistas de Bolsonaro se impõe como elemento essencial na luta política atual. As manifestações de instituições e personalidades em favor do Estado Democrático de Direito – inclusive pelos presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Senado e da Câmara dos Deputados – se inserem nessa constatação. Inspirado na política do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro tenta criar aqui o mesmo ambiente para justificar sua provável recusa do resultado eleitoral, que se prenuncia desfavorável a ele.
Diante da visível ameaça bolsonarista, vai se constituindo uma ampla frente em favor da democracia, um movimento político de grande importância. O presidente da República, uma figura isolada em seu devaneio autoritário e desmoralizada pela mediocridade de suas atitudes, escolheu o caminho da confrontação para tentar impor suas vontades, sabidamente incompatível com os parâmetros da legalidade democrática. Sem mediações políticas, seu governo se transformou numa gestão unipessoal e imobilizada.
O avanço dessa tática bolsonarista depende, em grande medida, da capacidade da oposição se unir para concentrar forças na busca de novos caminhos para o país. O essencial, nesse momento, é defender as instituições como base para o país reunir as condições necessárias para um projeto de salvação nacional. A destruição promovida nesse período de governo Bolsonaro já é mais do que suficiente para se pensar seriamente nessa premissa.
A continuidade do bolsonarismo no poder significa o agravamento das crises, que se manifestam no caos na saúde e no desastre econômico, com desdobramentos imprevisíveis no âmbito político. Não há dúvida de que Bolsonaro investiu nessa via, negligenciando e negando medidas elementares contra a pandemia da Covid-19 e de enfrentamento à crise econômica, tendo como meta se aproveitar de impasses políticos para brandir seu projeto de poder autoritário como alternativa única.
A negação das eleições pelas regras democráticas vigentes é uma evidente manobra nesse sentido. Não há nenhum argumento sustentável na pregação bolsonarista contra a atual metodologia da urna eletrônica, afrontando inclusive a estrutura legal do processo eleitoral, o que leva à conclusão óbvia de que o objetivo é promover tumultos institucionais. As ameaças de Bolsonaro são inaceitáveis, mas a indignação precisa se transformar em ação cada vez mais ampla e forte para conter, já, seus arreganhos.
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