É óbvio que é inadmissível que Bolsonaro continue conspirando contra as eleições à luz do dia, apostando suas fichas todas numa ameaça de golpe, agora que parece cada vez mais improvável a reeleição.
Um funcionário eleito, ainda mais o presidente da República, cujo projeto é confessadamente subverter a Constituição que ele jurou defender - bom, não existe motivo mais forte para um impedimento. Até Arthur Lira sabe disso.
Mas o que significa entregar a presidência para Mourão?
Se Bolsonaro tivesse sido retirado do cargo no ano passado, uma presidência Mourão poderia ter feito alguma diferença.
Afinal, embora ele seja tão atrasado, autoritário, inimigo da classe trabalhadora e dos direitos quanto Bolsonaro, apontava para uma conduta menos irracional no caso da pandemia.
Agora, acho que alguma diferença existiria, mas seria pouca. Bem ou mal, o Ministério da Saúde se viu obrigado a batalhar por vacinas - e só um milagre nos faria recuperar o atraso causado pela negligência criminosa anterior.
Também é difícil que o governo federal recupere liderança no que se refere à coordenação da vacinação ou a outras medidas sanitárias, como isolamento social e uso de máscaras, uma vez que o sistema acabou se acomodando numa espécie de barata-voa federativo.
Tirar Bolsonaro e colocar Mourão - eleito nas mesmas eleições fraudulentas e cúmplice de todos os crimes do atual governo - serviria apenas para tentar dar algum fôlego à natimorta "terceira via".
O #ForaBolsonaro inclui o #ForaMourão.
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