Em Maresias, São Sebastião/SP, 24/5/20. Foto: Reprodução |
Enquanto o surfista bolsonarista Gabriel Medina faz pouco caso da vacina – dando péssimo exemplo a seus admiradores –, a Folha mostra a tragédia dessa postura negacionista e estampa no título: "Não vacinados são 99% dos mortos por Covid nos EUA, e muitos se arrependem tarde demais".
A reportagem demonstra que “nos Estados Unidos como um todo, mais de 99% das mortes pelo coronavírus atualmente são de não vacinados, informou o conselheiro da Casa Branca pra crise sanitária, Anthony Fauci, em julho. Entre os hospitalizados, eles são 97%, disse também no mês passado Rochelle Walensky, diretora do CDC (Centro de Controle de Doenças) do governo americano".
“Estou recebendo pessoas jovens e saudáveis no hospital com infecções muito graves por Covid. Uma das últimas coisas que eles fazem antes de serem intubados é implorar pela vacina. Eu seguro as mãos deles e digo que sinto muito, mas é tarde demais”, relata Brytney Cobia, médica no Alabama – estado em que 94% dos internados e 96% dos mortos são de pessoas que não se vacinaram.
"Achavam que era 'apenas uma gripe'"
Em suas redes sociais, ela relata como tem sido seu dia a dia na “pandemia dos não vacinados” – como tem sido chamada a atual fase da doença nos EUA. “Cobia segue contando que, após a morte do paciente, diz a seus familiares que a melhor forma de honrarem a pessoa amada é irem se vacinar e encorajarem outros conhecidos a fazerem o mesmo”.
“Eles choram. E dizem que não sabiam. Eles achavam que era um hoax [farsa]. Eles achavam que era político. Achavam que era ‘apenas uma gripe’. Eles gostariam de poder voltar atrás. Mas não podem. Então me agradecem e vão se vacinar. E eu volto ao consultório, faço a notificação da morte e faço uma oração para que essa perda salve mais vidas”.
Vários descuidados ou adeptos do negacionismo têm ido agora à imprensa dar seu testemunho sobre o risco de não se vacinar. Um deles, citado na reportagem, é Russel Taylor, de 42 anos de idade. “Eu era um desses americanos céticos, que não sabiam em quem confiar”, diz, sentado em uma cadeira de hospital, em um vídeo chamado “Por que eu vou ser vacinado”. “Minha sobrinha trabalha aqui. Ela ia para casa e contava [dos pacientes com a doença]. Mas a ficha não cai de fato porque não é você. Quando é com você, é completamente diferente.”
“Diagnosticado com dupla pneumonia devido à Covid, Taylor para de falar em vários momentos para tomar ar em um aparelho. Diz que a experiência foi o mais perto da morte que ele já chegou e que, assim que tiver alta, quer se vacinar e que toda a sua família faça o mesmo. O vídeo é uma campanha da rede de hospitais onde ele está internado há três semanas”.
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