Por Fernando Brito, em seu blog:
Quando Marcelo Queiroga foi escolhido para ocupar o lugar de Eduardo Pazuello, este blog disse que este senhor teria o mesmo destino inglório do general-ministro.
Apenas vestiu com jaleco branco e escondeu sobre as caixas de vacina que, afinal, começaram a chegar, a incompetência arrogante com que o militar dirigia a Saúde.
Dobra-se, como naquele “um manda o outro obedece” em não assumir com vigor o combate ao charlatanismo, curva-se diante das absurdas sugestões de Bolsonaro em abolir as máscaras e, sobretudo, nunca conseguiu -nem mesmo tentou – assumir o comando de um processo de vacinação que seguisse regras claras e homogêneas para todo o país.
O resultado foi que prefeitos e governadores, com erros e acertos aqui e ali, mas sem a sinergia que um plano nacional de vacinação poderia dar-lhes, fizeram várias “corridas malucas” de imunização. Datas, faixas etárias, critérios de prioridade, tudo correu na base do “cada um por si”.
Felizmente, pudemos contar com a tradição de vacinação que marca o Brasil desde há muitas décadas e a população acorreu aos postos, muitas vezes várias vezes de forma frustrada porque cada cidade tem uma regra.
Foi isso e não um esforço governamental eficiente que nos fez diminuir em 2 mil o número de mortes diárias.
Mesmo com um presidente que sabotava – e sabota – publicamente as vacinas, o Brasil foi se vacinar, expressão muito melhor do que “O Brasil foi vacinado”.
Este drama se repete, agora, com a questão da vacinação de adolescentes. Depois de décadas ouvindo “leve seu filho para ser vacinado”, temos um ministro dizendo “não levem seus filhos para receber vacinas”.
Suspender a vacinação com declarações terroristas contra a aplicação do imunizante em jovens é um crime, não só contra eles, mas contra todos que ainda estão por tomar a primeira e a segunda dose – e são muitos – porque coloca em dúvida a eficácia e a credibilidade da vacina.
Se o ministro é tão rígido com a eficácia provada de cada imunizante – e há a prova científica que a Pfizer é segura e eficaz em adolescentes – porque não é tão rígido com o charlatanismo patrocinado pelo governo a que pertence?
Porque foi capaz de dar entrevistas apelando a que não se vacinem jovens e não é capaz de fazer o mesmo com o uso de “poções mágicas” do gosto presidencial, como a cloroquina e a ivermectina?
E porque não saltou, furioso, para cobrar responsabilidade de um poderoso grupo de planos de saúde, a Prevent Senior, suspeita de estar realizando testes destes produtos usando seus clientes como cobaias humanas para reforçar o discurso de “cura milagrosa” do presidente da República.
Marcelo Queiroga é a antítese do SUS, que se funda em planejamento centralizado e execução descentralizada.
Não há planejamento na Saúde, como não há governo no Brasil.
O papel do Governo central é apenas o de buscar transferir culpas para governadores e prefeitos, como um mau militar transfere a culpa para seus oficiais e soldados, nunca para os erros dos comandantes.
Marcelo Queiroga não tem nada de diferente dos demais integrantes desta máquina de incompetência e incapacidade que dirige o Brasil: é só uma mixórdia a mais.
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