quinta-feira, 16 de setembro de 2021

O evangélico terrível pode dançar no STF

Por Altamiro Borges

O "evangélico terrível", bancado pelo "capetão" Jair Bolsonaro, pode mesmo dançar e arder no inferno. Mônica Bergamo informa na Folha que "a expectativa entre os senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é a de que André Mendonça tome a iniciativa de desistir de sua candidatura à corte". Seu desgaste no Senado, que ainda não definiu a data para sabatiná-lo, é bem alto em função das provocações fascistas do presidente.

Ainda segundo a jornalista, "mesmo políticos governistas acreditam que essa seria a melhor solução, poupando Bolsonaro do desgaste de ver Mendonça rejeitado. O presidente já sinalizou que não tomará a iniciativa de retirar o nome para não contrariar os evangélicos. André Mendonça, por sua vez, resiste à ideia de recuar da candidatura. E avisou que gostaria de manter seu nome até o fim, tentando forçar o Senado a votar a indicação”.

Os motivos da rebeldia do Senado

O “capetão” indicou o nome do “terrivelmente evangélico” – na verdade, o terrivelmente servil e bajulador ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça – em 13 de julho passado para repor a vaga deixada no STF com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Até hoje, porém, ele ainda não foi sabatinado – numa evidente rebeldia do Senado.

Conforme lista a colunista Mônica Bergamo, “a resistência dos parlamentares a Mendonça tem várias razões: uma parte deles quer evitar que Bolsonaro consiga emplacar mais um magistrado na corte – o Judiciário tem sido foco de resistência às ameaças golpistas do presidente. O ex-advogado-geral da União é considerado também ideologicamente alinhado com o lavajatismo, que a maioria do universo político abomina”.

Há ainda um terceiro motivo. “O fato de ser ‘terrivelmente evangélico’ atrapalha – não pela opção religiosa, mas pela submissão que André Mendonça declara ter a bispos de agremiações religiosas. No domingo (12), ele foi a um culto na Assembleia de Deus e afirmou aos bispos que a palavra deles ‘sobre a minha vida é uma palavra com peso de autoridade de Deus na Terra’. Disse que é ‘um discípulo’ e ‘um servo’. E afirmou ainda reconhecer a sua ‘submissão’”.

O diabólico lobby dos pastores

Esse fator religioso – uma aberração em um país em que a Constituição afirma que o Estado é laico – tem movimentado poderosas forças nos últimos dias. Na quarta-feira (15), líderes neopentecostais participaram de mais uma reunião com o presidente para reforçar a chamada “batalha final” pela indicação de André Mendonça ao STF. Segundo o noticiário, Jair Bolsonaro garantiu que, “ao menos por ora”, não está disposto a retirar a candidatura do seu capacho evangélico.

A conspirata contou, entre outros, com os “pastores” Silas Malafaia, Estevam Hernandes e César Augusto – o mesmo trio que esteve ao lado do “capetão” no ato fascista do 7 de Setembro na Avenida Paulista cheio de ameaças ao Supremo. “O presidente prometeu um evangélico no STF na campanha eleitoral e depois dela. Nós não botamos faca no pescoço, foi a palavra dele”, relatou “Malacheia” – como é apelidado nas redes sociais. “Não temos outro nome, todos estão fechados com o André”, garantiu o “apóstolo” Estevam Hernandes, o idealizador da Marcha para Jesus que já foi preso... nos EUA.

Alcolumbre inferniza o "capetão"

Apesar do poderoso e diabólico lobby dos mercadores da fé, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), responsável por marcar a sabatina, segue protelando o desfecho da novela. Ele tem o apoio de vários senadores, que já sinalizaram que votarão contra o protegido do presidente falsamente religioso. Pelo placar até agora, a Casa com 81 integrantes está praticamente dividida ao meio sobre a escolha.

“Escanteado da articulação política do Palácio do Planalto, o senador Alcolumbre indicou a aliados que segue disposto a só iniciar a análise da indicação de André Mendonça ao STF quando tiver a certeza de que o nome do ex-ministro de Jair Bolsonaro será derrotado... Há resistência, contudo, não só do ex-presidente do Senado. Segundo ministros de Bolsonaro, outros senadores também resistem a Mendonça”, relata a Folha. É uma briga de titãs. A conferir no que vai dar!

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