O que leva um juiz que chegou a afirmar que “jamais” entraria para a política partidária a mudar de ideia e abandonar a estabilidade da magistratura para, primeiro, ser ministro de Jair Bolsonaro e, depois, cogitar lançar-se como terceira via – ou disputar o Senado – num cenário tão polarizado quanto a eleição de 2022?
A anunciada filiação de Sergio Moro ao Podemos e a exoneração de Deltan Dallagnol do Ministério Público Federal (MPF) para se dedicar à “luta anticorrupção com mais liberdade” foram as principais notícias da semana, despertando reações de todos os lados.
Para quem acompanhou a Lava Jato com um olhar mais crítico, como a jurista Carol Proner, a pretensão política dos dissidentes da República de Curitiba é, no mínimo, “exasperante”.
“Ficamos indignados. Já foi demais o que eles fizeram” contra o Brasil, comenta ela, em entrevista exclusiva à TVGGN.
Mas Proner chama atenção para outro ponto tangenciado pela grande mídia: é preciso ver com desconfiança a transição de carreira de Moro e Dallagnol.
As razões de Moro e Dallagnol
Detonados pela Operação Spoofing e Vaza Jato, Sergio Moro e Deltan Dallagnol dão um passo em direção à política – embora Dallagnol não tenha deixado isso claro em sua despedida – mas por razões distintas.
Eles caminham, em parte, sob a sombra da Lei Complementar 64, que diz que magistrados e membros do Ministério Público, aposentados ou exonerados, ficam inelegíveis por 8 anos caso tenham algum PAD (processo administrativo disciplinar) pendente.
“De 52 processos, pelo menos 49 são reclamações disciplinares que podem ser reconvertidos em um PAD” contra Moro a qualquer momento, aponta Proner.
Salles concorda que o contexto em que surge uma possível candidatura de Dallagnol destoa do cenário em torno de Moro. O ex-juiz, sim, aparenta ter mais convicção de lançar-se na política por vontade própria, abraçado a um “bolsonarismo de sapatênis, o bolsonarismo esclarecido, envolvido pelo MBL e outros extremistas de direita”.
Já Dallagnol demonstra mais medo de ser punido pelo CNMP, sobretudo com a PEC 5 no horizonte.
“Vejo isso como um bode expiatório, um sacrifício humano. ‘Olha, Deltan, ou você pede para sair, ou a gente vai abrir um processo administrativo disciplinar e você não vai poder sair. Porque qual é a jogada: existe um dispositivo que diz que se você já tem um PAD instaurado, você fica com gancho de 8 anos, não pode se candidatar e não pode sair do MP. O que o Dallagnol faz? Ele sai porque já tem várias reclamações.”
Na visão de Proner, Dallagnol abandonar o MP surpreende. Mais curioso, ainda, o fato do ex-procurador não ter aproveitado a mídia em cima da exoneração para lançar uma plataforma política própria.
“Na fala do Dallagnol se vê uma pessoa perdida e desesperada com a possibilidade de o CNMP mudar de composição. Ele está numa posição muito difícil. Não está sequer claro que ele irá para a política. Tudo que ele faz, as palestras que dá, o salário que recebe, tudo é muito observado dentro do MP.”
Dallagnol, assim como Moro, coleciona reclamações graças aos abusos praticados na Lava Jato.
A agenda oculta de Moro
Carol Proner defende também uma investigação sobre o passado recente de Moro, com o objetivo de descobrir se a candidatura política está abafando alguma agenda oculta de interesse de grupos ou autoridades estrangeiros.
“Moro deixou o rastro das razões da desistência dele da carreira de juiz. A gente tem que desconfiar do processo [de transição de carreira] de Moro. Ficamos aqui imaginando se ele vai pro Senado, ser deputado ou disputar a Presidência. Na verdade pode ser que ele não esteja tão preocupado assim com a carreira política. Talvez ele voltou [dos EUA] para cumprir outras tarefas aqui, que envolvem a pilhagem do País, os segredos, a própria ideia do sistema de Justiça. Outras empresas estatais, como a Eletrobrás, o BNDES. A gente não sabe o que vem pela frente. O que a gente sabe é que o lavajatismo esteve presente em investigações que envolvem extraterritorialidade e nossas grandes empresas.”
A saber, ainda, como será a reação da classe política, sobretudo no caso de Moro.
“A principal razão pelo equívoco dessa candidatura é porque ele é um traidor, não só como juiz. O sistema corporativista da própria política vai engolir Moro e Dallagnol. Eles criminalizar e demonizaram a política. Não vai ser fácil para Moro.”
“Ficamos indignados. Já foi demais o que eles fizeram” contra o Brasil, comenta ela, em entrevista exclusiva à TVGGN.
Mas Proner chama atenção para outro ponto tangenciado pela grande mídia: é preciso ver com desconfiança a transição de carreira de Moro e Dallagnol.
As razões de Moro e Dallagnol
Detonados pela Operação Spoofing e Vaza Jato, Sergio Moro e Deltan Dallagnol dão um passo em direção à política – embora Dallagnol não tenha deixado isso claro em sua despedida – mas por razões distintas.
Eles caminham, em parte, sob a sombra da Lei Complementar 64, que diz que magistrados e membros do Ministério Público, aposentados ou exonerados, ficam inelegíveis por 8 anos caso tenham algum PAD (processo administrativo disciplinar) pendente.
“De 52 processos, pelo menos 49 são reclamações disciplinares que podem ser reconvertidos em um PAD” contra Moro a qualquer momento, aponta Proner.
Salles concorda que o contexto em que surge uma possível candidatura de Dallagnol destoa do cenário em torno de Moro. O ex-juiz, sim, aparenta ter mais convicção de lançar-se na política por vontade própria, abraçado a um “bolsonarismo de sapatênis, o bolsonarismo esclarecido, envolvido pelo MBL e outros extremistas de direita”.
Já Dallagnol demonstra mais medo de ser punido pelo CNMP, sobretudo com a PEC 5 no horizonte.
“Vejo isso como um bode expiatório, um sacrifício humano. ‘Olha, Deltan, ou você pede para sair, ou a gente vai abrir um processo administrativo disciplinar e você não vai poder sair. Porque qual é a jogada: existe um dispositivo que diz que se você já tem um PAD instaurado, você fica com gancho de 8 anos, não pode se candidatar e não pode sair do MP. O que o Dallagnol faz? Ele sai porque já tem várias reclamações.”
Na visão de Proner, Dallagnol abandonar o MP surpreende. Mais curioso, ainda, o fato do ex-procurador não ter aproveitado a mídia em cima da exoneração para lançar uma plataforma política própria.
“Na fala do Dallagnol se vê uma pessoa perdida e desesperada com a possibilidade de o CNMP mudar de composição. Ele está numa posição muito difícil. Não está sequer claro que ele irá para a política. Tudo que ele faz, as palestras que dá, o salário que recebe, tudo é muito observado dentro do MP.”
Dallagnol, assim como Moro, coleciona reclamações graças aos abusos praticados na Lava Jato.
A agenda oculta de Moro
Carol Proner defende também uma investigação sobre o passado recente de Moro, com o objetivo de descobrir se a candidatura política está abafando alguma agenda oculta de interesse de grupos ou autoridades estrangeiros.
“Moro deixou o rastro das razões da desistência dele da carreira de juiz. A gente tem que desconfiar do processo [de transição de carreira] de Moro. Ficamos aqui imaginando se ele vai pro Senado, ser deputado ou disputar a Presidência. Na verdade pode ser que ele não esteja tão preocupado assim com a carreira política. Talvez ele voltou [dos EUA] para cumprir outras tarefas aqui, que envolvem a pilhagem do País, os segredos, a própria ideia do sistema de Justiça. Outras empresas estatais, como a Eletrobrás, o BNDES. A gente não sabe o que vem pela frente. O que a gente sabe é que o lavajatismo esteve presente em investigações que envolvem extraterritorialidade e nossas grandes empresas.”
A saber, ainda, como será a reação da classe política, sobretudo no caso de Moro.
“A principal razão pelo equívoco dessa candidatura é porque ele é um traidor, não só como juiz. O sistema corporativista da própria política vai engolir Moro e Dallagnol. Eles criminalizar e demonizaram a política. Não vai ser fácil para Moro.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: