Lula ultrapassa Bolsonaro entre evangélicos

Por Altamiro Borges

A pesquisa Datafolha divulgada nesta semana derruba um mito difundido pelos mercadores da fé: o de que a maioria dos evangélicos brasileiros ama o “capetão” Jair Bolsonaro e odeia o ex-presidente Lula. Segundo a sondagem feita entre os dias 13 e 16 de dezembro, 43% dos evangélicos consideram o líder petista como o melhor presidente que o Brasil já teve. O percentual representa mais do que o dobro (19%) dos que preferem o fascista no poder.

Já na pergunta sobre “qual o pior presidente que já comandou o Brasil?”, Jair Bolsonaro também leva uma surra. Ao todo, 35% dos evangélicos lhe dão esse título; e 25% dizem que foi Lula. Na sondagem sobre as intenções de voto no primeiro turno das eleições de 2022, o líder das esquerdas aparece com 39% da preferência dos evangélicos, enquanto 33% votam no “capetão”. Essa é a primeira pesquisa em que Lula supera Jair Bolsonaro nesse segmento religioso.

Base composta de povão sofrido

A tendência é que essa diferença aumente nas próximas sondagens. A base evangélica – que inclui os neopentecostais – é composta de camadas populares, por trabalhadores que moram nas periferias das cidades, sofrem com o desemprego e a miséria crescentes. Por mais que o “pastor” ou “bispo” esteja se locupletando no atual laranjal fascista e obscurantista, ele não consegue convencer os seus fiéis – que conhecem na pele as diferenças entre os governos Lula e Bolsonaro.

Como afirma Leonardo Sakamoto em excelente artigo no site UOL, “apesar dos agrados que Bolsonaro tem feito a bispos e pastores, incluindo a indicação de André Mendonça ao STF, a participação em eventos religiosos e até ajuda nos problemas de igrejas fora do Brasil, parte considerável do eleitorado evangélico mostra que deve votar de olho no bolso, não só na bíblia”.

“Ressalte-se que pobres, independentemente de serem evangélicos, pertencerem a outras denominações protestantes, professarem a fé católica, abraçarem religiões de matriz africana ou não terem fé alguma, rangem os dentes pela fome, pela queda na renda de mais de 11% em um ano, pela inflação em alta, pelo desemprego, a subocupação e os postos de trabalho de baixa qualidade. E muitos deles responsabilizam Bolsonaro pela situação”.