Comandante do Exército agiu com prudência

Por Vivaldo Barbosa, no site Brasil-247:


Acostumado a remar contra marés temporárias, passageiras, que atingem até setores lúcidos e progressistas, desde os tempos que trabalhava de perto com Leonel Brizola, afirmo o seguinte: o Comandante do Exército agiu com prudência.

A maré de opinião de muitos setores cobra punição ao general, sem o que a disciplina e hierarquia teriam ficado irremediavelmente comprometidas.

A lei e os regulamentos não devem ser sempre aplicados em uma linha reta.

É claro que esse general fez muito mal ao Exército, deixou o Comandante mal, prejudicou até o Bolsonaro. Nunca deveria ter feito o que fez.

Nem ele nem Bolsonaro.

Acontece que, se o Comandante o pune, estaria igualmente punindo o Presidente.

Pois Bolsonaro o levou para o caminhão, o abraçou, passou o microfone a ele, com sua costumeira irresponsabilidade. E o Presidente da República é o Comandante em Chefe do Exército.

A impunidade de Eduardo Pazuello

Por Luis Felipe Miguel, no site A terra é redonda:


A impunidade de Pazuello é um indicador poderoso da posição dos militares e da complexidade da conjuntura política no Brasil para quem sonha com a restauração do caminho democrático.

Dissipa-se de vez a ilusão de que os generais podem servir de freio a Bolsonaro.

Para não brigar com ele, assumiram um vexame homérico: aceitar a desculpa esfarrapada de um general embusteiro, num caso que atraiu os olhares de toda a nação, avacalhando de vez a hierarquia (que, segundo o discurso oficial, seria a marca distintiva dos militares) e escancarando a partidarização dos quartéis.

Para Bolsonaro, que cultiva hoje, como cultivou no passado, a agitação política do baixo oficialato, é uma vitória e tanto.

Seus adeptos mais aguerridos ganharam carta branca para fazer o que bem entenderem. Para o generalato covarde, é a absoluta desmoralização.

A arma na parede de Bolsonaro

Foto: Reprodução
Por Eugênio Aragão, no Diário do Centro do Mundo:

É do teatrólogo russo Anton Chekov a frase célebre “se for, no primeiro ato, pendurar, na parede, uma pistola, no último, deve-se atirar com ela – do contrário, não a pendure.”

Bolsonaro pendurou, desde seu primeiro dia no governo, a pistola na parede.

Ameaçou o STF, homenageou um torturador, afrouxou as regras de aquisição e posse de armas pela população, participou de atos públicos contra o Congresso e o judiciário e, dentre outras bazófias, prenunciou não aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2022, se ele não for eleito.

Ninguém pode dizer que não viu a pistola dependurada.

Todos os dias fomos assaltados com o discurso ameaçador e disruptivo do presidente da república.

Seu mandato tem sido exercido com improbidades e indecoro a rodo. Não pode ter passado desapercebido.

The Economist e o Cristo Redentor sem ar

Por Altamiro Borges

A imagem de Jair Bolsonaro no mundo está cada dia pior. A revista britânica The Economist, considerada uma bíblia da cloaca financeira internacional, estampou na capa da semana passada a estátua do Cristo Redentor sem ar, respirando com uma máscara de oxigênio. Em um dos vários artigos dessa edição especial sobre o Brasil, uma afirmação peremptória: “A prioridade mais urgente é tirá-lo pelo voto” em 2022.

Diferentemente de parte da mídia nativa, que ainda nutre ilusões sobre a possibilidade de “civilizar” o fascista no poder, a conclusão da revista é que “será difícil mudar o rumo do Brasil enquanto [Bolsonaro] for presidente”. O caderno especial com dez páginas, organizado pela correspondente Sarah Maslin, aborda temas como economia, corrupção e Amazônia.