Judiciário e sociedade enfrentam Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:


O definhamento do presidente Jair Bolsonaro se agravou nesta semana, mas por um script absolutamente inesperado. Tudo indicava que a retomada dos trabalhos da CPI da Covid-19, no Senado, daria protagonismo ao Poder Legislativo no noticiário nacional, com novas inquirições e denúncias sobre a negligência do governo federal no combate à pandemia. Como se sabe, além da omissão do governo em relação à pandemia de Covid-19, há evidências cada vez mais fartas de que o Ministério da Saúde se envolveu em esquemas de corrupção na compra de vacinas anti-Covid.

Caos de Bolsonaro e o script dos militares

Por Jeferson Miola, em seu blog:


Bolsonaro tem consciência que suas chances eleitorais em 2022 são improváveis.

Caso até a eleição não esteja inelegível e preso, como corresponderia a este criminoso em série que se safa do impeachment e da prisão graças à proteção cúmplice do procurador-geral e do presidente da Câmara, se participar do pleito é grande a probabilidade de ser derrotado por Lula já no 1º turno.

Por isso, enquanto os militares não conseguem encontrar uma alternativa eleitoral viável para a continuidade do projeto de poder, Bolsonaro age como um kamikaze programado para debilitar as instituições e explodir o processo.

Ele faz isso cultivando um clima constante de caos, tumulto e confusão e atacando frontalmente as instituições.

Quem ficou de fora do manifesto

Por Moisés Mendes, em seu blog:


É divertido procurar e não achar quem poderia ter assinado, mas não assinou, o manifesto de empresários, banqueiros, economistas, religiosos e intelectuais contra o golpe.

Um exemplo: Paulo Lemann, o homem das cervejas, o empresário mais rico do Brasil, o guru do empreendedorismo e do liberalismo, não encarou a empreitada.

A lista inicial do manifesto tem Armínio Fraga, mas não tem Mailson da Nóbrega. Tem até Pedro Parente. Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, do Itaú, estão ali, mostrando a cara. Não há ninguém do Bradesco.

O impeachment de Jair Bolsonaro é urgente


Os acontecimentos recentes no Brasil tornaram ainda mais evidente: Jair Bolsonaro perdeu toda e qualquer condição de seguir na Presidência da República. As forças democráticas e as instituições republicanas, em especial o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral precisam agir de forma urgente e viabilizar os caminhos constitucionais para conter a permanente crise política, econômica e social na qual o país está imerso desde que Bolsonaro assumiu o poder.

Hora de uma coalisão antigolpe

Por Fernando Brito, em seu blog:

É evidentemente impossível unir partidos e candidatos às eleições de 2022, nem é adequado misturar tudo em uma “geleia geral”, porque, como na música de Gilberto Gil e Torquato Neto, resulta sempre “na mesma dança, meu boi”.

Mas é absolutamente necessária uma união de todos que não aceitam que o processo eleitoral seja, a esta altura, violado por uma onda de suspeitas improvadas com que Jair Bolsonaro faz uma agitação golpista que planeja, abertamente, vetar as eleições se elas tiverem como resultado a sua derrota.

Isso, já está visto, não se fará pelas instituições da República, espontaneamente, como deveria ser.

Veja a falta de reação do Congresso, onde o presidente da Câmara, com chicanas e declarações fluidas, deixa de dizer que isso é, simplesmente, inaceitável, enquanto o presidente do Senado permanece mudo e inerte.

Só as ruas podem barrar trevas de Bolsonaro

Por Bepe Damasco, em seu blog:


Os militares dão sinais evidentes de que não pretendem deixar o governo.

Inebriados pelos mais de 6 mil cargos na máquina pública e pela dolce vita do poder chegam a endossar as teses mais estúpidas e inconstitucionais de Bolsonaro, como o ataque sistemático às urnas eletrônicas.

Por outro lado, desprovido de quaisquer escrúpulos, o procurador-geral da República, Augusto Aras, ignora a sucessão interminável de crimes cometidos por Bolsonaro. Como prêmio, Bolsonaro já encaminhou ao Senado pedido de recondução do chefe do MP por mais dois anos.

Traindo sua função pública, Aras tem ido além da engavetação-geral, agindo como autêntico militante bolsonarista na PGR, transformada por ele em trincheira para garantir a impunidade do capitão nazista.