Charge: Gilmar |
Nunca conheci Olavo Carvalho. Cruzei com sua meteórica ascensão ao cenário político nacional algumas vezes e fui, até os últimos dias de sua vida - creio que de sucesso, para seus próprios parâmetros - alvo de comentários e vídeos.
Logo, no ano de 1994, quando Editor da Revista Ciência Hoje, da SBPC, um dos periódicos de maior respeitabilidade na América Latina, O.C. submeteu um artigo de filosofia grega clássica.
Na rotina comum, enviamos para parecer "duplo cego" de especialistas. Ambos negaram. Havia erros desde interpretações até localizações de séculos. Comunicamos ao autor, com extrato dos pareceristas. Rotina de revista científica.
Na mesma semana fomos surpreendidos com um amplo artigo do "filósofo" , sem menção ao parecer negativo e suas razões, acusando a Revista de "patrulhamento" ideológico. Recurso que sempre será possível neste país.
Eu e Yone Leite, uma das maiores especialistas em linguística do mundo, dicionarista dos tapirapé do Museu Nacional, e responsáveis pelo "fluxo" da Revista tivemos que nos explicar ao conjunto da Direção da Ciência Hoje, da SBPC, das sociedades de filosofia. Buscou-se quem era O.C. Qual a universidade? Títulos?
Teses?
Livros?
Nada.
Nesse meio tempo alguém "vazou" meu nome como responsável. Fui , então, alvo, ainda n'O Globo, de um artigo furibundo "contra os parasitas comunistas escondidos nas universidades".
O mantra macartista contra as universidades, explicitava o ressentimento, a formação precária e a veia egotrip patentes.
Prossegui a vida com a tranquilidade das caravanas árabes.
Em 2000 publiquei, com a equipe do Laboratório do Tempo Presente/Tempo/UFRJ, o "Dicionário Crítico do Pensamento de Direita".
O. C. tornou-se aploplético.
Escreveu uma página inteira, ainda em O Globo, para ora desmentir ora corrigir o "Dicionário...".
O Globo, em fase das ofensas, ofereceu espaço igual de resposta. Recusei. Na verdade utilizei duas linhas: não havia obra histórica ou filosófica do Senhor em pauta para comentários.
Coube a Emir Sader a tentativa vã de argumentar.
No entanto, para espanto, choveram os xingamentos, emergia a filosofia da merda.
E que não seria respondida.
Acho que foi isso o que mais doeu em O.C.
Embora tenha tido, e perdido, memoráveis embates de baixo calão com notáveis figuras públicas brasileira, e com isso arrastado uma parte da política brasileira para a sarjeta, O.C. nunca entrou na universidade brasileira.
Seu apreço pelo baixo corporal como geografia substituta da filosofia visava aturdir, ofender, paralisar.
Trouxe para o Brasil, marcado pelo tom bacharelesco, de Ruy até Lacerda, a infâmia como fala política.
É, e será, aquilo que o fascismo sempre praticou contra inimigos: não debata, ofenda!"
Nesse meio tempo alguém "vazou" meu nome como responsável. Fui , então, alvo, ainda n'O Globo, de um artigo furibundo "contra os parasitas comunistas escondidos nas universidades".
O mantra macartista contra as universidades, explicitava o ressentimento, a formação precária e a veia egotrip patentes.
Prossegui a vida com a tranquilidade das caravanas árabes.
Em 2000 publiquei, com a equipe do Laboratório do Tempo Presente/Tempo/UFRJ, o "Dicionário Crítico do Pensamento de Direita".
O. C. tornou-se aploplético.
Escreveu uma página inteira, ainda em O Globo, para ora desmentir ora corrigir o "Dicionário...".
O Globo, em fase das ofensas, ofereceu espaço igual de resposta. Recusei. Na verdade utilizei duas linhas: não havia obra histórica ou filosófica do Senhor em pauta para comentários.
Coube a Emir Sader a tentativa vã de argumentar.
No entanto, para espanto, choveram os xingamentos, emergia a filosofia da merda.
E que não seria respondida.
Acho que foi isso o que mais doeu em O.C.
Embora tenha tido, e perdido, memoráveis embates de baixo calão com notáveis figuras públicas brasileira, e com isso arrastado uma parte da política brasileira para a sarjeta, O.C. nunca entrou na universidade brasileira.
Seu apreço pelo baixo corporal como geografia substituta da filosofia visava aturdir, ofender, paralisar.
Trouxe para o Brasil, marcado pelo tom bacharelesco, de Ruy até Lacerda, a infâmia como fala política.
É, e será, aquilo que o fascismo sempre praticou contra inimigos: não debata, ofenda!"
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