Foto: Dani Dacorso/FUP |
Em 1973 os países membros da Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo (OPEP) mediram forças com os Estados Unidos em retaliação por conceder apoio a Israel na Guerra no Yom Kippur.
Nessa ocasião o preço do barril no mercado internacional quadruplicou, sendo o start para aprofundar uma crise que já vinha se processando, prioritariamente, nos países de capitalismo central que teve como consequência econômica o desenvolvimento de longo período de estagflação.
No Brasil, os impactos da elevação do preço barril foram fundamentais para que o governo brasileiro operasse uma “marcha forçada” que, entre outros aspectos, capitalizou a Petrobras e planejou as condições para a sua marcha ruma a águas profundas, aprofundando o movimento de descoberta de óleo nas profundezas do mar, fator essencial para a elevação da extração e produção de petróleo e a menor vulnerabilidade da economia nacional a precificação de um ativo tão importante para o desenvolvimento nacional.
Uma vez que a economia brasileira era essencialmente importadora de óleo cru, ainda que já tivesse avançado na capacidade de refino, o preço de referência internacional era uma posição sem escapatória.
Passadas muitas décadas, no ano de 2006 a Petrobras alçou um novo feito, selado na conquista de autossuficiência energética que foi, logo perdida, em função de um bom motivo: o crescimento acelerado da economia brasileira – fortemente correlacionado com a maior demanda por energia e envolto em um cenário de anos sem investimento em novas refinarias – nos levaria a voltar a condição de importador de derivados, ainda que em quantidades bastante baixas.
O esforço de retomada do papel da Petrobras como um instrumento do desenvolvimento nacional, principalmente pelo seu poder de compra e mobilização de um espectro gigante de fornecedores na cadeia do petróleo e gás, foi fundamental para uma nova descoberta: o petróleo do pre-sal. Sem ele, hoje – mais uma vez – estaríamos sob maior vulnerabilidade externa, já que atualmente mais da metade da extração e produção de petróleo ocorre nas áreas do pre-sal.
Infelizmente, no momento atual em que se avizinha um possível novo “choque de petróleo”, com as sanções impostas pelo imperialismo norte-americano e seus sócios subordinados ao petróleo Russo, a Petrobras que edificou e construiu um plano de autossuficiência energética que nos blindasse da dependência do preço internacional para a adoção no mercado doméstico, se apequena e se desemcube papel que desempenhou alhures.
Estamos na iminência de graves consequências inflacionárias domésticas, que se forem seguidas de aperto monetário, nos alçarão a condição de economia em estagflação. Isso porque, a despeito de contarmos com extração e produção de petróleo; refino e distribuição em preços domésticos – inclusive com partes dos custos de investimento praticamente já amortizados, o que nos faz ser um dos campeões em preços de produção – estamos adotando uma política sem precedentes para países que não são importadores de óleo cru nem de derivados, ou apenas de forma residual.
É urgente a mobilização da opinião pública na denúncia desse modelo de precificação que serve apenas aos interesses dos acionistas privados e dos grupos empresariais - a exemplo do Fundo de Investimento que conquistou a gestão da Refinaria de Mataripe, na Bahia. Que a Petrobras volte a ocupar o espaço que lhe cabe, de grande empresa nacional, que vocaliza os interesses do povo brasileiro.
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