Ainda não foi dessa vez que o nosso PIB per capita recuperou seu valor. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita alcançou R$ 40.688 em 2021. Se olharmos apenas 2020 e 2021, houve elevação real de 3,9%. Assim, é possível que alguém tenha conclusões apressadas e comemore o resultado. Entretanto, é necessário compreender que a economia não se recuperou das políticas recessivas e liberais que o país adota desde 2015.
Nosso PIB per capita hoje é 0,51% menor que o de 2018 – ano em que Bolsonaro assumiu o governo – e 6,8% menor em relação a 2011, como pode ser visto no gráfico. Nos últimos 100 anos nunca vimos no país tantos anos seguidos (7 anos) de tamanha dificuldade em recuperar o poder de compra dos brasileiros.
Além de o brasileiro, na média, estar em uma situação pior, é nítido que para as famílias mais pobres a situação é ainda mais grave. O elevado desemprego combinado com a alta inflação, principalmente dos alimentos básicos, prejudica mais ainda o poder aquisitivo de quem já vivia em maior vulnerabilidade social, elevando o número de pessoas em situação de insegurança alimentar e sem moradia.
Esse governo tem demonstrado total incapacidade de liderar as políticas que poderiam reverter nossa situação econômica. É grave e preocupante isso não ser consenso nesse momento. Mostra como a política econômica corrente atrapalha a maior parte da população, mas não a elite.
Além de a política atual não colaborar com a recuperação conjuntural do nosso crescimento econômico, temos uma piora na qualidade estrutural de nossa economia. Como exemplo, a indústria de transformação, setor mais dinâmico da nossa economia, encontra-se longe de recuperar sua força. O “PIB” da indústria de transformação é hoje, segundo o IBGE, 13,74% menor do que 10 anos atrás.
Por outro lado, a agropecuária, setor que dinamiza menos a nossa economia interna, avançou 27,1% no mesmo período, porém, gera relativamente empregos mais instáveis, informais e de menor rendimento. Importante ressaltar que os ventos favoráveis da agropecuária também têm contribuído para uma diminuição de nossa soberania alimentar, uma vez que uma das razões de os alimentos aumentarem em ritmo superior à inflação geral nos últimos anos consiste no grande incentivo que é dado para os grandes exportadores de commodities alimentícias em detrimento de outros setores. (ler mais sobre isso em: https://actbr.org.br/post/relatorio-por-que-a-comida-saudavel-esta-cada-vez-mais-longe-da-mesa-dos-brasileiros/19121/).
A pandemia, que ainda não terminou, e o contexto de incertezas decorrentes da guerra na Ucrânia, geram uma necessidade ainda mais urgente de colocarmos um fim no governo Bolsonaro e recuperarmos nossa capacidade de gerar e distribuir riquezas. Não podemos deixar que a narrativa da trágica política econômica dos últimos anos seja traçada pela parcela da elite que não se interessa com o desenvolvimento econômico e social de nosso país.
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