Charge: Gilmar |
A falácia em torno da visita de Elon Musk ao Brasil pode ser classificada como “mera operação de marketing”.
A opinião é do sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC.
Musk anunciou nesta sexta-feira (20), já no país, que os satélites Starlink (da empresa dele) supostamente levarão internet para escolas em áreas rurais na Amazônia.
O também dono da SpaceX, da Tesla e pretenso pioneiro na colonização de Marte desembarcou no Brasil pela manhã. Em um hotel de Porto Feliz, interior de São Paulo, encontrou o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e Jair Bolsonaro.
Sobre os satélites nas escolas, Amadeu lembra que a meta do governo Bolsonaro para a educação não é a modernização, mas esvaziamento e destruição.
O que é visível pelo histórico de seus ministros da Educação e pelos cortes de verbas das universidades federais durante seu governo.
No orçamento de 2022, o governo de Bolsonaro e Paulo Guedes promoveu um corte de R$ 736,3 milhões no MEC.
Nesse ponto, a pasta só fica atrás do Ministério do Trabalho e Previdência, que teve R$ 1 bilhão a menos este ano. “Não há a mínima condição de falar que Musk ou o governo querem utilizar algo que seja moderno na educação”, diz Amadeo.
A vinda do “homem mais rico do mundo” ao país também teria o objetivo de firmar parceria para monitorar “desmatamentos e incêndios ilegais” da Amazônia.
É o que dizem o Ministério das Comunicações e o próprio bilionário.
“Superanimado por estar no Brasil para o lançamento do Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia”, escreveu Musk no Twitter, rede que pode vir a pertencer a ele mesmo em breve, embora o empresário tenha anunciado suspensão temporária do negócio.
“Encantados pelo poder”
“Dizer que Musk vai salvar ou monitorar o desmatamento da Amazônia é ridículo. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já fazia isso e Bolsonaro sempre atacou e cortou recursos do órgão”, diz Amadeu.
Em 2020, o orçamento do Inpe caiu 17%, para R$ 118,2 milhões, o menor desde 2006.
“Uma das consequências mais evidentes da desestruturação do instituto é o aumento da devastação na Amazônia Legal”, aponta reportagem do Brasil de Fato.
O clima armado por Bolsonaro em torno de Musk e seu séquito “é um misto que demonstra submissão, entreguismo e admiração por tudo o que tem de mais atrasado no contexto político atual”, continua Amadeu.
“Demonstra que são submissos às grandes corporações e encantados pelo poder de um bilionário.”
Atualmente, na falta de um líder que preencha a lacuna deixada – pelo menos momentaneamente – pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump,
Elon Musk se tornou o mais novo ídolo da extrema direita mundial.
“Ele e Peter Thiel são ligados à extrema direita que quer destruir a democracia”, lembra o autor do livro Software livre – A luta pela liberdade do conhecimento (Conrad).
Também bilionário, Thiel teria encorajado o colega de fortuna Musk a comprar o Twitter, diz Amadeu, também coautor, com o jornalista Renato Rovai, do recém-lançado Como derrotar o fascismo – em eleições e sempre (Veneta).
Escândalo do “mito da liberdade”
Segundo o Congresso em Foco, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, afirmou que “o objetivo de Musk é comercial”.
“Ele quer abocanhar esse gigantesco mercado que é o Brasil, com grande déficit de regulação e, óbvio, às custas de subsídios com dinheiro público”, continuou. “Por que os recursos para bancar este acordo (referente aos satélites) com Musk não são direcionados para o nosso Programa Espacial Brasileiro?”, questionou a parlamentar.
Bolsonaro chegou a “comemorar” a vinda de Elon Musk dizendo que “a tecnologia se faz presente para nos ajudar”.
Depois, acrescentou: “O mais importante da presença dele é algo que é imaterial. Hoje em dia poderíamos chamá-lo de mito da liberdade”.
A vinda do “mito” da tecnologia coincidiu em meio a um escândalo sexual envolvendo o dono da SpaceX.
“A empresa teria pago US$ 250 mil a uma comissária de bordo para abafar uma reclamação de assédio sexual contra Musk em 2018, de acordo com o site Insider.
A comissária, de uma tripulação de aeronaves da SpaceX, acusou o empresário de expor órgão genital, esfregar sua perna sem consentimento e oferecer um cavalo em troca de uma massagem erótica. Musk nega.
A opinião é do sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC.
Musk anunciou nesta sexta-feira (20), já no país, que os satélites Starlink (da empresa dele) supostamente levarão internet para escolas em áreas rurais na Amazônia.
O também dono da SpaceX, da Tesla e pretenso pioneiro na colonização de Marte desembarcou no Brasil pela manhã. Em um hotel de Porto Feliz, interior de São Paulo, encontrou o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e Jair Bolsonaro.
Sobre os satélites nas escolas, Amadeu lembra que a meta do governo Bolsonaro para a educação não é a modernização, mas esvaziamento e destruição.
O que é visível pelo histórico de seus ministros da Educação e pelos cortes de verbas das universidades federais durante seu governo.
No orçamento de 2022, o governo de Bolsonaro e Paulo Guedes promoveu um corte de R$ 736,3 milhões no MEC.
Nesse ponto, a pasta só fica atrás do Ministério do Trabalho e Previdência, que teve R$ 1 bilhão a menos este ano. “Não há a mínima condição de falar que Musk ou o governo querem utilizar algo que seja moderno na educação”, diz Amadeo.
A vinda do “homem mais rico do mundo” ao país também teria o objetivo de firmar parceria para monitorar “desmatamentos e incêndios ilegais” da Amazônia.
É o que dizem o Ministério das Comunicações e o próprio bilionário.
“Superanimado por estar no Brasil para o lançamento do Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia”, escreveu Musk no Twitter, rede que pode vir a pertencer a ele mesmo em breve, embora o empresário tenha anunciado suspensão temporária do negócio.
“Encantados pelo poder”
“Dizer que Musk vai salvar ou monitorar o desmatamento da Amazônia é ridículo. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já fazia isso e Bolsonaro sempre atacou e cortou recursos do órgão”, diz Amadeu.
Em 2020, o orçamento do Inpe caiu 17%, para R$ 118,2 milhões, o menor desde 2006.
“Uma das consequências mais evidentes da desestruturação do instituto é o aumento da devastação na Amazônia Legal”, aponta reportagem do Brasil de Fato.
O clima armado por Bolsonaro em torno de Musk e seu séquito “é um misto que demonstra submissão, entreguismo e admiração por tudo o que tem de mais atrasado no contexto político atual”, continua Amadeu.
“Demonstra que são submissos às grandes corporações e encantados pelo poder de um bilionário.”
Atualmente, na falta de um líder que preencha a lacuna deixada – pelo menos momentaneamente – pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump,
Elon Musk se tornou o mais novo ídolo da extrema direita mundial.
“Ele e Peter Thiel são ligados à extrema direita que quer destruir a democracia”, lembra o autor do livro Software livre – A luta pela liberdade do conhecimento (Conrad).
Também bilionário, Thiel teria encorajado o colega de fortuna Musk a comprar o Twitter, diz Amadeu, também coautor, com o jornalista Renato Rovai, do recém-lançado Como derrotar o fascismo – em eleições e sempre (Veneta).
Escândalo do “mito da liberdade”
Segundo o Congresso em Foco, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, afirmou que “o objetivo de Musk é comercial”.
“Ele quer abocanhar esse gigantesco mercado que é o Brasil, com grande déficit de regulação e, óbvio, às custas de subsídios com dinheiro público”, continuou. “Por que os recursos para bancar este acordo (referente aos satélites) com Musk não são direcionados para o nosso Programa Espacial Brasileiro?”, questionou a parlamentar.
Bolsonaro chegou a “comemorar” a vinda de Elon Musk dizendo que “a tecnologia se faz presente para nos ajudar”.
Depois, acrescentou: “O mais importante da presença dele é algo que é imaterial. Hoje em dia poderíamos chamá-lo de mito da liberdade”.
A vinda do “mito” da tecnologia coincidiu em meio a um escândalo sexual envolvendo o dono da SpaceX.
“A empresa teria pago US$ 250 mil a uma comissária de bordo para abafar uma reclamação de assédio sexual contra Musk em 2018, de acordo com o site Insider.
A comissária, de uma tripulação de aeronaves da SpaceX, acusou o empresário de expor órgão genital, esfregar sua perna sem consentimento e oferecer um cavalo em troca de uma massagem erótica. Musk nega.
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