Ilustração: Carvall |
Dizer que o governo Bolsonaro é um desastre é chover no molhado. A maioria dos brasileiros e brasileiras concordam com essa assertiva sem pestanejar. No entanto, em alguns setores o problema não parece se resumir a uma simples incapacidade de gestão, mas a uma negligência quase criminosa.
Assim tem sido com o meio ambiente. Dias atrás, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que a Amazônia sofreu um desmatamento recorde em abril. A floresta perdeu mais de mil quilômetros quadrados em apenas um mês, um aumento de 54% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números significam que uma área verde do tamanho da cidade do Rio de Janeiro simplesmente desapareceu do mapa. E o que é mais preocupante: até julho deste ano, a Amazônia pode perder 15 mil quilômetros quadrados de floresta num espaço de um ano (contando a partir de agosto de 2021), segundo projeção do Sistema de Alerta de Desmatamento, se nada for feito para conter a devastação.
Mas não é somente a floresta que está sendo ameaçada de morte. Seus principais guardiões, os povos indígenas, também estão na mira dos inimigos do verde e da vida.
Os ataques que os yanomamis vem sofrendo são efeito direto do desmantelamento da política de preservação ambiental que teve início logo que Bolsonaro assumiu o poder. O atual governo vem tentando, de todas as formas, legalizar atividades ilegais e com alto potencial de devastação ambiental, como o garimpo em áreas de preservação. É fácil perceber as ações coordenadas nesse sentido.
Em fevereiro, Bolsonaro assinou um decreto que estimula a “mineração artesanal” na Amazônia Legal. Um sofisma para disfarçar o que nada mais é senão a permissão para o garimpo predatório em área de preservação. Afinal, pela sua própria natureza, bem sabemos que essa não é uma atividade sustentável. Muito pelo contrário. Deixa um rastro de destruição por onde passa e tem atingido, principalmente, os yanomamis, cujas terras vêm sendo invadidas sistematicamente por garimpeiros
Nos últimos meses, os yanomamis têm denunciado a ocorrência de uma série de crimes tenebrosos, como o estupro de uma menina indígena que acabou morrendo e o desaparecimento de outra. Os yanomamis afirmam que o desmatamento em seu território cresceu 46% somente em 2021.
Junte-se o decreto do garimpo à flexibilização da posse e do porte de armas, promovida por Bolsonaro, e está pronta a receita do desastre. Sem poder recorrer a órgãos ambientais antes respeitáveis, mas agora entregues a indivíduos sem qualquer compromisso com a questão ambiental, os indígenas, indefesos e invisibilizados, estão entregues à própria sorte. E a Amazônia, nosso maior patrimônio, também.
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