Ilustração: CrisVector |
Na cidadezinha do Nordeste, Genivaldo de Jesus Santos é assassinado no porta-malas da viatura transformada em câmara de gás. Um dos assassinos lança o veneno sobre Genivaldo como quem aplica inseticida para eliminar uma barata.
Genivaldo grita e se debate em desespero. Suas pernas pedem socorro. Genivaldo pede socorro. Mas não será ouvido. Vai desmaiar e morrer nos próximos minutos o cidadão de Umbaúba, Sergipe. Brasil. Os agentes da Polícia Rodoviária Federal não fizeram uma “abordagem policial”. Cometeram um crime, sem dar chance de defesa à vítima. Homicídio qualificado, segundo o Código Penal.
Também está errado referir-se à chacina na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, como “operação de inteligência”. Não podemos repetir essa ignomínia e, muito menos, aceitá-la, sob pena de nos tornarmos cúmplices. Nossa indignação tem que dar às coisas os nomes que elas têm: carnificina, mortandade, matança, morticínio, assassinato em massa. Quais os crimes atribuídos aos mortos? Sua culpa, sua máxima culpa, foi terem nascido pretos e pobres.
O governador Cláudio Castro e as autoridades de (in)segurança têm que responder por essas execuções. Sem qualquer freio ou controle, excitada pelo frenesi de violência do bolsonarismo, a polícia do Rio age sem se distinguir de esquadrões da morte ou grupos de extermínio.
O massacre foi planejado para deixar rastros de sangue e terror, intimidar e imobilizar a sociedade e as instituições. Na chacina da Vila Cruzeiro, como na do Jacarezinho, um ano atrás, os comandos policiais desafiaram explicitamente a ordem do STF de só fazer incursões nas favelas em situações excepcionais.
Nesta semana funesta, não pode passar em branco a hostilidade de empresários do Rio Grande do Sul que levou ao cancelamento da viagem do presidente do STF, Luiz Fux, para evento no estado, por questão de “segurança”. O bolsonarismo arreganha os dentes e prenuncia a radicalização extremista do período eleitoral.
Análise perfeita. Parabéns à articulista.
ResponderExcluirDe fato, não podemos aceitar calados esses verdadeiros massacres perpetrados pela polícia do com o pretexto de “operação de inteligência”, sob pena de nos tornarmos cúmplices.
Já passou da hora de o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas Estaduais reagirem com rigor contra a escalada da violência policial no país.
A violência policial parece não ter fim e a cada dia se intensifica mais impelida por milícias bolsonaristas fascistas que se multiplicam no país estimuladas diariamente por Bolsonaro, um chefe de Estado inconsequente e sádico, que outra coisa parece não saber fazer senão disseminar o ódio e instigar a discórdia, em meio ao cenário político conturbado e sombrio em que se encontra o país, marcado por selvageria, obscurantismo, culto ao ódio, misoginia, homofobia e negacionismo, entre outras monstruosidades, com o apoio antes velado, agora escancarado de hordas militares bolsonaristas.
Nessa senda, parece caminhar uma boa parte dos policiais brasileiros.
São cada vez mais frequentes os casos de ações policiais truculentas, abusivas e por vezes ilegítimas e criminosas que vemos publicados nos jornais - sobretudo no Rio de Janeiro – como foram os casos, referidos no artigo em pauta, da Chacina do Jacarezinho que deixou 28 mortos e a ação do Bope e PRF na Vila Cruzeiro que resultou na morte de 25 pessoas.
Dois verdadeiros massacres a céu aberto em plena luz do dia e que apesar de nos causar indignação, tornaram-se comuns passando a fazer parte do nosso cotidiano !!
E na quarta-feira (25/5), como descrito na matéria em foco, mais uma ação extremamente violenta e demasiadamente estúpida da polícia, que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos por asfixia, numa ação policial desastrosa e letal, que realmente faz lembrar o extermínio de judeus em “câmaras de gás” em Auschwitz, campo de concentração nazista, durante a segunda guerra mundial.
O fato é que vivenciamos atualmente em nosso país um cenário crítico e preocupante no que tange à atuação da polícia na esfera da segurança pública.
Vemos nos noticiários quase todos os dias casos de abordagens abusivas de pessoas que, mesmo depois de algemadas, imobilizadas e sem esboçarem qualquer reação, são espancadas e até mortas nas ruas pela polícia.
Jovens negros, pobres e moradores de favelas são com frequência o público alvo dessas abordagens policiais impróprias, arbitrárias e inaptas.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, jovens da periferia – estigmatizados como “bandidos” pela polícia, –, geralmente em razão de sua cor ou condição social –, não raro são abordados e agredidos por policiais sem que haja flagrante, sem qualquer razão, especialmente na zona sul e na zona norte, onde se concentra o maior número de favelas na capital paulista.
Dificilmente, você vê isso acontecer em bairros nobres como Itaim Bibi, Jardins e Morumbi. A violência policial, quando ocorre, é sempre dentro das comunidades ou nas imediações destas.
E nada tem sido feito pelos governos estaduais e o Congresso Nacional para conterem a atuação arbitrária das forças policiais e pôr um fim à essa verdadeira barbárie.
É como se o Estado democrático de direito tivesse dado lugar a um Estado policial arbitrário.
Resalte-se, porém, por razão de justiça, que há nas corporações uma grande parte de policiais comprometidos com a defesa da democracia e que de modo algum compactuam com o fascismo bolsonarista, muitos dos quais são membros do “Movimento Policiais Antifascismo” que é integrado por policiais estaduais e federais, militares, guardas municipais, policiais penais e bombeiros, visando a construção de um projeto democrático de Segurança Pública para o País. São policiais extremamente competentes e preparados, conscientes do seu papel de guardiões da sociedade e que no dia a dia no combate à criminalidade procuram atuar com a máxima eficência e sempre dentro da lei. A estes policiais, o nosso respeito e a nossa admiração.