Diante da ascensão do nazifascismo no Brasil, que ganhou impulso com o golpe do impeachment contra Dilma Rousseff, em 2016, e atingiu o seu ápice com a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, um grupo composto por intelectuais e políticos lançou nesta terça-feira (5) o manifesto suprapartidário "Judeus e judias com Lula e Alckmin”.
O documento é bastante amplo e representativo e mostra o temor de setores lúcidos da sociedade com o avanço do fascismo no Brasil. Entre os signatários estão os professores André Singer e Raquel Rolnik, da Universidade de São Paulo (USP), o advogado Alberto Toron e o vereador Daniel Annenberg (PSDB).
O manifesto afirma que o “capetão” explicitou, em sua longa trajetória no baixo clero da política e na campanha eleitoral de 2018, o seu desprezo por minorias, mas que muitos se deixaram seduzir por seu discurso pró-Israel. “De outra parte, muitos de nós, judeus, não se deixaram enganar pelo canto da sereia”, pondera o documento.
O texto enfatiza que Jair Bolsonaro sempre acena para a possibilidade de um golpe militar e, por isso, deve ser derrotado já no primeiro turno das eleições. “Temos a obrigação e o desafio de derrotar o fascismo e os simpatizantes do nazismo. Não se trata de um apelo partidário, muito pelo contrário, é um chamado civilizatório”. De forma enfática, sem tergiversação, o manifesto afirma: “Nós, Judeus contra Bolsonaro, abaixo assinados, somos Lula e Alckmin no primeiro turno”.
Confira abaixo a íntegra do manifesto:
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Há quatro anos, durante a campanha eleitoral, o ovo da serpente já era visível. O candidato Jair Bolsonaro deixava muito claro que não era um extremista qualquer. Em suas declarações, mostrava seu desprezo pelas mulheres, negros, indígenas, LGBT+, todas as minorias e sua disposição de combater —se possível destruir - tudo que não estivesse de acordo com o seu estilo de vida miliciano, saudoso do fascismo.
Lamentavelmente, muitos se deixaram seduzir por um discurso pro-Israel.
De outra parte, muitos de nós, judeus, não se deixaram enganar pelo canto da sereia. Estivemos na porta do clube Hebraica-RJ, gritando em alto e bom tom, "não em nosso nome", quando ele pronunciou um de seus discursos mais abertamente racista e preconceituoso. Impedimos que fizesse o mesmo antes na Hebraica-SP.
Fizemos a campanha #elenão e criamos a plataforma Judeus contra Bolsonaro, que reuniu mais de 11 mil assinaturas e participou dos atos contra a candidatura extremista.
Perdemos as eleições e a barbárie tomou conta do país. Foram anos de trevas e desconstrução de direitos humanos, arrocho salarial e carestia, desprezo pela ciência, que oficialmente ceifou a vida de quase 700.000 pessoas. A fome voltou ao dia a dia de 33 milhões de brasileiros; mais de 6 mil militares foram colocados no comando de ministérios e cargos importantes do governo. O Centrão assumiu o orçamento federal e substituiu políticas públicas pela distribuição de verbas parlamentares a seus apaniguados. A Amazônia está sendo destruída e os filhos da floresta, seus defensores, assassinados. A imprensa, paulatinamente estrangulada.
Enfim chegamos ao ponto em que tudo isto pode mudar, as eleições se avizinham, embora os milicianos - de rua ou digitais - se organizem para calar as urnas e a Justiça. As urnas serão o campo de batalha e nosso voto, nossa arma. Com ele podemos devolver o Brasil a civilização. Um país de todos e para todos.
As pesquisas indicam que a eleição será decidida entre as chapas Lula/Alckmin e Bolsonaro/Seu vice. Não existe terceira via capaz de alterar esse quadro. O voto em uma terceira via é o mote que Bolsonaro precisa para ir ao segundo turno. E se houver um segundo turno, o próprio candidato acena para a possibilidade de um golpe militar. E trabalha por ele.
Daí a importância de que todos os democratas, judeus e não judeus, votem de maneira a impedir um segundo turno. Temos a obrigação e o desafio de derrotar o fascismo e os simpatizantes do nazismo.
Não se trata de um apelo partidário, muito pelo contrário, é um chamado civilizatório.
Nós, Judeus contra Bolsonaro, abaixo assinados, somos Lula e Alckmin no primeiro turno.
Venham com a gente.
Venham com a gente.
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