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Com a ascensão do fascista Jair Bolsonaro ao poder, a militarização do país se dá de forma acelerada. Há estimativas de que mais de 8 mil militares estejam atualmente em cargos no governo federal, alguns acumulando soldos e salários e ganhando fortunas. A ocupação dos espaços civis é tão acintosa, relembrando o período mais sangrento da ditadura fardada, que os milicos tomaram gosto pela política e decidiram investir com tudo nas eleições deste ano.
Segundo levantamento feito pela Frente Parlamentar de Segurança Pública, só a Polícia Militar de São Paulo terá uns 80 candidatos da ativa e outros 70 aposentados – além de oficiais das Forças Armadas e agentes da PF e da PRF ainda não contabilizados. A gula é tanta que assusta até o deputado bolsonarista Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da frente, que teme a concorrência. “É um absurdo porque pulveriza, divide os votos”, desabafou à Folha de S.Paulo.
Ele lembra que em 2018 foram eleitos oito deputados estaduais, seis federais e um senador das chamadas forças de segurança no Estado. A guinada conservadora levou ao Senado o major Olímpio Gomes (PSL), na época um aliado do “capetão”, com mais de 9 milhões de voto. Naquele ano, foram 73 praças e oficiais que pediram afastamento da PM para concorrer. Já neste ano, o número de candidatos será o dobro. Comparado com os anos anteriores à escalada fascista, quando de 30 a 40 policiais militares disputavam cargos eletivos, o número é cinco vezes maior.
Onda bolsonarista impulsiona as candidaturas
“Pelas contas do Capitão Augusto, a PM tem potencial de 1 milhão de votos, considerando um efetivo de 150 mil ativos e aposentados, e a capacidade de cada um influenciar outros sete eleitores. Se concentrados, os apoios seriam suficientes para eleger 10 deputados federais. Ele diz não saber o que motivou a explosão de candidaturas, mas especula que pode estar associado ao número maior de eleitos em 2018 impulsionados por Jair Bolsonaro (PL)”.
Ainda segundo o jornal, a maioria dos militares apoia a reeleição do “capetão” e seu candidato ao governo paulista, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Inclusive, há relatos de policiais fazendo campanha para o candidato ao governo de São Paulo de Bolsonaro até dentro dos quartéis. Visando esse grupo, Tarcísio tem prometido reavaliar o uso das câmeras dos uniformes dos policiais que, segundo ele, não podem ser vistos como suspeitos”.
Para Rafael Alcadipani, professor da área de segurança da Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse recorde de militares prejudica a imagem da corporação. “Nenhuma polícia do mundo tem tantos candidatos. A lei no Brasil é muito fraca e favorece a politização partidária das polícias. Hoje, o policial sai para ser candidato e pode voltar à instituição gerando grande politização das fileiras. As instituições, que deveriam ser de Estado, estão sendo instrumentalizadas pela política partidária”. Ele defende a aprovação de uma lei de quarentena para que o policial seja candidato.
Os candidatos oriundos das Forças Armadas
Já o jornal Estadão registrou também o crescimento do número de candidatos ligados às Forças Armadas. Segundo a reportagem publicada na semana passada, até agora já seriam 56 postulantes – contando o “capetão” Jair Bolsonaro, seu vice, general Braga Netto, e vários candidatos ao Senado – como o general Hamilton Mourão no Rio Grande do Sul – e a deputados federais e estaduais. A lista, porém, deve aumentar nas próximas semanas.
“O PL, partido pelo qual Bolsonaro busca a reeleição neste ano ao lado de Braga Netto, tem 21 nomes. O Republicanos é a segunda sigla que mais teve adesão de candidatos oriundos das Forças Armadas, com 11 nomes. Entre eles, o ex-ministro da Infraestrutura e aliado do presidente Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, que disputa o governo de São Paulo. Entre as demais legendas, o PTB tem 4 nomes; União Brasil 3; Podemos 2; Pros 2; Patriotas, PMB, PSDB, DC, PP, PSD e PRTB têm 1 candidato cada”.
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