terça-feira, 26 de julho de 2022

O 7 de Setembro e nós

Charge: Duke
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Durante discurso na convenção do PL, Bolsonaro convocou sua matilha para mais uma micareta golpista no Dia da Independência, 7 de Setembro, tal qual fizera em 2021, quando a tentativa de ruptura institucional só não se concretizou por falta de apoio político.

Sabiamente, como sempre, Lula contra-atacou propondo que os democratas não meçam forças com os fascistas no dia 7. Em vez disso, lança a ideia da organização de uma grande manifestação em defesa da democracia para acontecer no dia 10 de setembro.

Certamente veremos, no campo progressista e de esquerda, uma polêmica idêntica à do ano passado sobre a conveniência ou não de também ocuparmos as ruas no Dia da Pátria. Os argumentos de ambos os lados são conhecidos:

1) “Não podemos entregar as ruas para a extrema-direita.”

2) “É mais prudente por questões de segurança deixar as nossas manifestações para outra data.”

3) “O Grito dos Excluídos é um protesto tradicional dos movimentos sociais e sua pauta transcende à questão eleitoral e se volta todos os anos para os problemas estruturais que afligem o povo brasileiro. Por isso, acontece na data em que se celebra uma independência que ainda não chegou aos excluídos e, portanto, não pode ser adiado.”

4) “A cobertura da imprensa vai ter que se dividir entre os atos da esquerda e a dos seguidores do capitão. E nada garante que as imagens nos serão favoráveis, já que muita gente do nosso lado deixará de ir por temer confrontos. Também não dá para apostar em uma cobertura isenta da mídia comercial.”

Partindo da premissa de que os organizadores do Grito dos Excluídos têm suas razões para manter a mobilização do dia 7, que, diga-se de passagem, acontece em todo o país, uma saída interessante seria que a convocação para o 10 de setembro tivesse início já no início de agosto, com bastante antecedência.

Assim, ficaria claro que, sem prejuízo do Grito dos Excluídos, que já tem seu papel consolidado, a grande manifestação em prol do regime democrático, o verdadeiro contraponto à mobilização golpista de 7 de Setembro, acontecerá no dia 10. Esse agendamento explícito e antecipado reduziria a margem de manobra da mídia hegemônica para fazer comparações estapafúrdias.

A pouco mais de dois meses de frearmos a destruição do Brasil, é preciso cabeça fria, sagacidade e visão estratégica. Nossos filhos e netos agradecerão.

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