domingo, 31 de julho de 2022

Os monstros do Conselho Federal de Medicina

Charge: Zé Dassilva
Por Altamiro Borges


Na quarta-feira passada (27), o genocida no poder visitou a sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. Segundo relata o jornalista Chico Alves, em postagem no site UOL intitulada “No Brasil de Bolsonaro, os médicos e os monstros se revelam”, a cena foi patética, deprimente, deplorável.

“Dezenas de médicos se reuniram no CFM para receber o presidente, candidato à reeleição. Sob o olhar dos profissionais de saúde, Jair Bolsonaro deu mais um de seus habituais shows de grosseria, mentiras e negacionismo. Mais de dois anos depois do início da maior pandemia da história da humanidade, ele teve o desplante de manter a defesa do uso da cloroquina contra a Covid-19”.

O “capetão” se jactou de não ter se vacinado, criticou as medidas adotadas pelos governos estaduais e ainda “fez um absurdo autoelogio pelo desempenho do governo na Covid, ignorando o fato de o Brasil ter quase 700 mil mortos pela pandemia, o terceiro país com o maior número de óbitos”.

A atitude chocante dos médicos bolsonaristas

O fascista também atacou os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente presidente e relator da CPI do Genocídio. “O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), recebeu de Bolsonaro uma alcunha digna da tosca mentalidade presidencial: ‘fala fino’”.

“As baixarias de Bolsonaro não surpreenderam ninguém. O chocante realmente foi a reação da maior parte da plateia, que pareceu se deliciar com cada mentira e cada afirmação negacionista do principal político do país. Mesmo que o CFM tenha muitas vezes sido parceiro no desastre sanitário que o governo ajudou a potencializar na pandemia, espera-se tudo de uma plateia de médicos, menos aplausos ao negacionismo”.

“Também é deplorável que profissionais que deveriam ser maduros comportem-se como estudantes de 5ª série, gargalhando por conta das ofensas do presidente aos senadores. O arremate veio com médicos aplaudindo de pé, um ou outro gritando: ‘Mito!’... Os médicos e os monstros estão se mostrando”.

"Esse CFM não nos representa"

Felizmente, nem todos os médicos brasileiros agem como estes oportunistas e elitistas do Conselho Federal de Medicina. No mesmo dia da visita do genocida ao CFM, mais de 4 mil médicos lançaram um manifesto contra a direção do órgão. O documento recebeu um título bem direto: “Este CFM não nos representa”.

Os autores do manifesto afirmam que “incrédulos e envergonhados” tomaram conhecimento da visita do genocida ao CFM, ocasião em que “explicitamente e diante de dezenas de médicos ridicularizou a pandemia e desprezou todos os que com ela perderam a vida (inclusive muito médicos e profissionais de saúde), criticou as normas éticas e valores científicos da medicina e chegou ao cúmulo de se vangloriar de não ter sido vacinado contra Covid-19 e estar vivo”.

O conselho é alvo de duras críticas no documento por defender “posturas anticientíficas e com viés político, dando apoio a tratamentos que já foram amplamente estudados e cuja ineficácia é comprovada pelos maiores e mais reconhecidos centros de pesquisas médicas do mundo... Acompanhamos estarrecidos uma parte da categoria médica que ignora os efeitos das ações nefastas do atual governo federal, que provocaram agravamento da pandemia, aumento da fome e reduziram as perspectivas de futuro para grande parte dos brasileiros e brasileiras, com impacto significativo para população mais vulnerável. O mesmo governo que reiteradamente atenta contra as instituições e a democracia”.

Ao final, o manifesto afirma que é “importante dizer à sociedade civil que muitos médicos e médicas desse país veementemente reprovam o que ocorreu nessa solenidade festiva em que aplausos e sorrisos ignoraram o enorme sofrimento do povo brasileiro... Por isso defendemos o resgate do CFM como órgão em defesa da ética, da vida e dos preceitos científicos. Que represente verdadeiramente a categoria médica e a sociedade”.

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