Charge: Ribs |
Nunca houve alguém como Aécio Neves. Protagonistas do golpe de 2016 se deram mal e em algum momento sofreram constrangimentos sérios e alguns dias na cadeia.
Até Michel Temer foi preso. Uma irmã de Aécio pegou cana por causa do mano, mas ele não.
Nem parceiros do primeiro time do tucanismo de Aécio devem entender direito como ele conseguiu escapar sempre.
Nunca aconteceu nada de muito grave com Aécio, além dos sustos que levou. Mas foram apenas sobressaltos. Aécio é único.
A partir do exemplo do mineiro com corpo fechado, é possível indagar-se sobre quem será o Aécio da turma de Bolsonaro que conseguirá escapar do juiz de primeira instância e até do Supremo, como Aécio sempre escapou.
O próprio Bolsonaro não vale. Gente bem próxima dele, incluindo generais e coronéis, estava dependurada em algum inquérito que o ano eleitoral poderia congelar.
Estão todos numa boa, com os arquivamentos das denúncias feitas pela CPI da Covid, decididos pela PGR em julho.
No relatório da comissão, encaminhado ao Ministério Público, eram 12 nomes da turma do governo com foro privilegiado, além de Bolsonaro. Todos escaparam.
Mas há gente sem imunidade (mais de 60 nomes) na relação de pedidos de indiciamento da CPI. Faz quase um ano.
Alguns estão em busca de um mandato, o que pode adiar o desfecho dos seus casos. Nada se sabe desses inquéritos dos sem-foro, porque não andam.
E caminhava como podia no Supremo, quase se arrastando, o inquérito das milícias digitais e dos atos pró-golpe.
É muita gente da copa e da cozinha de Bolsonaro na mira de Alexandre de Moraes. Milícias e participantes de atos fascistas têm operadores, disseminadores e financiadores.
Toda essa gente teve a proteção do poder até agora. E recebeu na semana passada a notícia de que seus recursos, em inquéritos que envolvem Bolsonaro e suas turmas, ficarão parados no STF.
André Mendonça pediu vista e trancou tudo, na hora em que o colegiado deveria votar 20 recursos, todos já rejeitados por Moraes. Um dos recursos, no inquérito das fake news, é do véio da Havan.
Está tudo trancado. O inquérito nem se arrastar consegue mais. Só a vitória de Lula, com a criação de um novo ambiente de desproteção dessa gente, poderá ressuscitá-lo.
Também fora do STF não andam inquéritos que ninguém mais sabe se conseguem parar de pé. Como o que trata das rachadinhas de Flavio Bolsonaro.
Quem sabe dizer ao certo o que continua valendo das sindicâncias contra o filho e contra Fabrício Queiroz, um dos que buscam a proteção do mandato de deputado?
Como estão os outros inquéritos, de fora do alcance da PGR, dos crimes da pandemia?
Com a trincheira erguida por Augusto Aras aos que tinham foro, arquivando as investigações, podem não resultar em nada as acusações contra vampiros civis e fardados, sem imunidade, que atuavam em gangues no Ministério da Saúde para comprar vacinas.
E o trancamento da análise dos recursos no STF torna imprevisível o desfecho das investigações sobre os propagadores de fake news na pandemia.
Os crimes cometidos pelo entorno de Bolsonaro poderão produzir muitos Aécios, todos impunes pela lerdeza do sistema de Justiça, pelas circunstâncias políticas e porque nem todas as instituições têm um Alexandre de Moraes.
Por tudo isso, ainda é arriscado ver Bolsonaro, como definiu o deputado André Janones, como um futuro presidiário.
O grupo que se aproximou de Bolsonaro, incluindo os criminosos do centrão que operam o orçamento secreto, pode produzir muitos Aécios.
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