Foto: Facebook Lula |
Ufa! A palavra não foi pronunciada, mas estava estampada na fisionomia não só de Luiz Inácio da Silva, mas também nas de William Bonner e Renata Vasconcellos ao final dos 40 minutos de entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta.
O semblante tenso do ex-presidente no início do programa, que começou com uma ofensiva de Bonner sobre corrupção, foi substituído, ao final, por um meio sorriso e o oferecimento do ex-presidente de, se eleito, ir "todo mês" ao JN.
Talvez Lula nunca tenha falado tanto sobre corrupção, petrolão, mensalão e Lava Jato, mas apresentou uma narrativa coerente, em que não negou a existência da corrupção mas lembrou que tudo isso foi descoberto graças a leis e mecanismos de apuração criados nos governos do PT.
Não precisou se estender muito sobre a perseguição política que sofreu por parte do ex-juiz Sergio Moro - e o fato de o STF tê-lo declarado parcial foi lembrado pelo próprio Bonner na pergunta, na qual disse que o petista não deve nada à Justiça.
Na prática, o tom "pega, mata e esfola" dos entrevistadores parece ter ficado abaixo do que previam o ex-presidente e sua equipe.
Bonner e Renata foram previsíveis nos assuntos - corrupção, economia no governo Dilma Rousseff e relações com o Centrão, por exemplo - mas respeitosos nas abordagens.
Também eles pareciam aliviados por não ter levado nenhuma resposta atravessada de Lula - nem eles e nem a TV Globo.
Os entrevistadores do JN mostraram até certo despreparo em perguntas sobre MST e a resistência de correntes do PT à indicação de Geraldo Alckmin para a vice, por exemplo.
Ambos são problemas superados e pouco relevante hoje no entorno de Lula. Além de dizer que o MST de hoje não tem nada a ver com o de 30 anos atrás, o petista aproveitou para citar mais uma vez seu vice e observar: "Ô, Bonner, acho que não estamos vivendo no mesmo mundo".
Ao longo dos 40 minutos, Alckmin - que estava nos bastidores do estúdio - foi citado por Lula ao menos meia dúzia de vezes, como uma espécie de troféu e a promessa de que vão "governar juntos".
Atos do atual presidente foram inseridos e criticados onde coubesse na narrativa, destacando-se o momento em que, ao justificar a união dos divergentes para enfrentar os antagônicos, o petista disse que travavam hoje uma luta contra o fascismo e a extrema direita.
Bolsonaro foi ainda chamado de "bobo da corte" por Lula nos comentários sobre Centrão e orçamento secreto.
O ex-presidente aproveitou para dizer que o atual não enviou previsão orçamentária para dar continuidade aos pagamentos de R$ 600 dos Auxílio Brasil depois de dezembro.
Foi curto o tempo para falar mais desse assunto e de outros relativos à fome e condições de vida do povo.
Nas palavras finais, as promessas de renegociar as dívidas das famílias e investir muito na educação.
Como costumamos dizer aqui, ninguém ganha nem perde eleição no Jornal Nacional, mas ele pode atrapalhar bastante.
Na noite desta quinta-feira, vimos um entrevistado que respondeu à altura perguntas duras, mas não ofensivas. Lula venceu o JN.
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