Consumando-se a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, iremos cravar o último prego no caixão do Brasil que existiu até alguns anos atrás: aquele Brasil conhecido pelo mundo afora como uma nação tolerante, onde qualquer um de qualquer lugar do mundo era recebido com gentileza, calor humano, compaixão.
A transformação daquele Brasil em um Brasil armado, desconfiado, intolerante, ansioso para disparar no inimigo – real ou imaginário – seja lá de onde vier, ficará cada vez mais difícil, senão impossível, de se reverter.
É o fim do Brasil da Paz, e a concretização do Brasil Bélico.
É triste que essa transformação aconteça engrenada por uma máquina avassaladora de propaganda, onde notícias falsas são repetidas incessantemente, fazendo com que pacatas donas de casa sejam transformadas em apoiadoras de um estado de guerra contra um inimigo inexistente. Na verdade, o inimigo – sendo criado neste instante – é o próprio povo brasileiro.
Arma-se a população contra si mesma – sob aplausos e com o discurso de “liberdade” e “segurança”. Seria motivo de riso, se não fosse algo tão trágico.
O aparato de propaganda e notícias falsas é tão poderoso que não há margem para discussão. A alienação movimentada através da produção de vídeos, memes, tweets, áudios, mensagens, et cetera, cuida de treinar e moldar a vítima – como num adestramento de cães. O cão adestrado se torna reativo aos estímulos. O cão adestrado não consegue reagir de maneira diferente da qual foi intensivamente treinado. Já temos agora, no Brasil, uma parcela da população treinada, adestrada, pelo conteúdo distribuído via redes sociais. A reação não vem mais da reflexão, da análise da realidade, mas sim da programação inculcada pelo adestramento realizado através do conteúdo administrado de maneira contínua.
Desse modo, resta a quem se mantém lúcido, resta a quem ainda tem capacidade de discernimento, simplesmente testemunhar a transformação do país solidário e amigo de todos num país amargo, ressentido, vendo perigo e culpados por todos os lados. Sim – o dono de uma nova arma não vê a hora de usá-la. E são milhares, milhões de novas armas.
A capacidade de discernimento foi tão estragada pelo consumo dessa produção incessante de material para as redes, que se tornam incapazes de enxergar o óbvio – e não há fato ou argumento baseado em fatos que os faça entender que estão sendo enganados. Justamente porque estão cuidadosamente adestrados contra qualquer “ameaça” que os faça entender que estão sendo enganados.
Há esperança? Aonde isso tudo vai nos levar?
Tchau, Brasil da Paz. Seja bem-vindo, Brasil Bélico.
Tchau, Brasil da Paz.
ResponderExcluirBem-vindo, Brasil Bélico!
Consumando-se a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, iremos cravar o último prego no caixão do Brasil que existiu até alguns anos atrás: aquele Brasil conhecido pelo mundo afora como uma nação tolerante, onde qualquer um de qualquer lugar do mundo era recebido com gentileza, calor humano, compaixão.
A transformação daquele Brasil em um Brasil armado, desconfiado, intolerante, ansioso para disparar no inimigo – real ou imaginário – seja lá de onde vier, ficará cada vez mais difícil, senão impossível, de se reverter.
É o fim do Brasil da Paz, e a concretização do Brasil Bélico.
É triste que essa transformação aconteça engrenada por uma máquina avassaladora de propaganda, onde notícias falsas são repetidas incessantemente, fazendo com que pacatas donas de casa sejam transformadas em apoiadoras de um estado de guerra contra um inimigo inexistente. Na verdade, o inimigo – sendo criado neste instante – é o próprio povo brasileiro.
Arma-se a população contra si mesma – sob aplausos e com o discurso de “liberdade” e “segurança”. Seria motivo de riso, se não fosse algo tão trágico.
O aparato de propaganda e notícias falsas é tão poderoso que não há margem para discussão. A alienação movimentada através da produção de vídeos, memes, tweets, áudios, mensagens, et cetera, cuida de treinar e moldar a vítima – como num adestramento de cães. O cão adestrado se torna reativo aos estímulos. O cão adestrado não consegue reagir de maneira diferente da qual foi intensivamente treinado. Já temos agora, no Brasil, uma parcela da população treinada, adestrada, pelo conteúdo distribuído via redes sociais. A reação não vem mais da reflexão, da análise da realidade, mas sim da programação inculcada pelo adestramento realizado através do conteúdo administrado de maneira contínua.
Desse modo, resta a quem se mantém lúcido, resta a quem ainda tem capacidade de discernimento, simplesmente testemunhar a transformação do país solidário e amigo de todos num país amargo, ressentido, vendo perigo e culpados por todos os lados. Sim – o dono de uma nova arma não vê a hora de usá-la. E são milhares, milhões de novas armas.
A capacidade de discernimento foi tão estragada pelo consumo dessa produção incessante de material para as redes, que se tornam incapazes de enxergar o óbvio – e não há fato ou argumento baseado em fatos que os faça entender que estão sendo enganados. Justamente porque estão cuidadosamente adestrados contra qualquer “ameaça” que os faça entender que estão sendo enganados.
Há esperança? Aonde isso tudo vai nos levar?
Tchau, Brasil da Paz. Seja bem-vindo, Brasil Bélico.
Anônimo,
Uberlândia, 25 de agosto de 2022.