Largo São Francisco (11/8/22). Foto: Elineudo Meira/Mídia NINJA |
O 11 de agosto lavou a alma dos brasileiros cansados das ameaças e bravatas de Bolsonaro, da verborragia de militares contra o sistema eleitoral, da estupidez dos bolsonaristas que pedem AI-5 e ditadura.
O ato na Faculdade de Direito da USP foi um culto ecumênico à democracia e em todos os estados os brasileiros disseram NÃO ao retrocesso, ao obscurantismo, às trevas que supúnhamos ter vencido.
Antes tarde do que muito tarde.
Se a sociedade civil tivesse há mais tempo reagido, talvez Bolsonaro não tivesse ido tão longe.
Alguns condescenderam dizendo que ele era apenas bravateiro, ou que não se devia esticar a corda, ou que ele mesmo se enforcaria com sua incompetência e ignorância.
Outros pensaram, sem dizer, que uma reação grandiloquente acabaria favorecendo Lula.
Foi preciso que Bolsonaro traísse o próprio país difamando seu sistema eleitoral junto a embaixadores estrangeiros, para justificar um possível "capitólio" em novembro. Foi preciso que os militares explicitassem sua aliança com Bolsonaro fustigando o TSE e se arvorando em fiscalizadores da eleição, embora a Constituição não lhes atribua qualquer papel nessa área.
Foi tarde mas não muito tarde, pois veio antes do mal ser consumado. Mas não pode a luta pela democracia parar no 11 de agosto.
O dique de contenção terá que ser mantido até que a eleição aconteça, e até que o presidente eleito tome posse, jurando a Constituição sob a qual haverá de nos devolver à normalidade.
Os movimentos sociais planejam um agosto de lutas, com atos nos dias 18 e 20 de agosto e outro em 10 de setembro, depois da festa bolsonarista no dia da Independência.
Não vamos nos misturar com eles. Os juristas, empresários e outras figuras do primeiro andar que muito contribuíram para os atos de ontem não podem também se desmobilizar.
Agora virão também as manifestações no exterior. No dia 13 acontecerá na Union Square o ato "Nova York em Luta pelo Brasil". Outros estão sendo programados na Europa.
A luta não está ganha mas agora de fato começou.
Enterremos os restos da ditadura que permitiram a germinação do bolsonarismo e da extrema-direita, e permitiram que milhares de brasileiros fossem abduzidos para uma realidade paralela em que se acredita na força do demônio, na virtude das armas e no benefício do ódio.
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