sexta-feira, 21 de outubro de 2022
A disputa voto a voto na América Latina
A história recente mostra que nenhum candidato de esquerda à Presidência da República em países da América Latina venceu ou perdeu o pleito com ampla margem de votos.
Dessa maneira, a disputa acirrada entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), que devem pleitear voto a voto até a apuração da última urna no próximo dia 30, faz parte de um padrão político que se impôs na América Latina nos últimos três anos.
Além da margem mínima de votos, outro padrão que se repete nas disputas recentes é o uso massivo do método de espalhamento de fake news por parte das candidaturas de direita e a adoção de discurso antiestatal e de pânico moral, geralmente em torno da chamada “ideologia de gênero” e aborto.
Diante de tal quadro, abaixo organizamos de maneira cronológica como se deram as recentes disputas presidenciais na América Latina.
Uruguai
Depois de 15 anos no poder, a Frente Ampla, que teve como lideranças Pepe Mujica e Tabaré Vázques, perdeu a eleição para o candidato do Partido Nacional, de centro-direita, Luis Lacalle Pou.
Realizada em 2019, a disputa presidencial foi decidida por menos de 1% de diferença entre os candidatos.
Lacalle Pou (Partido Nacional) teve 50,6% dos votos, e Daniel Martínez (Frente Ampla) 49,4%.
Equador
Em abril de 2021, o Equador também foi às urnas escolher o seu novo presidente. A disputa se deu entre Guillermo Lasso, da aliança de direita Criando Oportunidades (Creo), e Andrés Arauz, da aliança de esquerda União Pela Esperança (Unes).
O ex-banqueiro Lasso venceu o pleito com 52,5% dos votos contra 47,5% de Arauz.
Peru
Logo depois do Equador, foi a vez do Peru escolher o seu novo presidente. Uma disputa que foi decidida entre a esquerda radical peruana e pela extrema direita herdeira do ditador Fujimori.
Com uma eleição duríssima e onde, na maior parte do tempo, Alberto Castillo (Peru Livre), representante da esquerda peruana, esteve empatado com Keiko Fujimori, filha do ditador Fujimori e representante da extrema direita contemporânea do Peru à frente do partido Força Popular.
Na apuração final, Alberto Castillo teve 50,204% contra 49,796% de Keiko Fujimori, uma diferença de 71 mil votos.
Keiko Fujimori não aceitou o resultado e, assim como os seus colegas da extrema direita na América Latina, apontou fraudes na apuração, o que foi negado pelos observadores internacionais.
Chile
Em dezembro de 2021 foi a vez do Chile ir às urnas, país que vive uma verdadeira transformação desde que manifestações tomaram conta do país em 2019 e desembocaram no processo de construção de uma nova Constituição que visa substituir o regramento da época do ditador Augusto Pinochet.
O caso chileno foge à regra de todos os outros países, pois, foi o único país onde a esquerda venceu com ampla vantagem a extrema direita.
Oriundo das manifestações estudantis, Gabriel Boric, do partido de esquerda Convergência Social, venceu José Antonio Kast, o "Bolsonaro chileno" do Partido Republicano, com 55,9% dos votos contra 44,1%. Ou seja, uma vantagem de 11 pontos.
Colômbia
Depois do Chile, a eleição da Colômbia foi a mais emblemática, pois, pela primeira vez em sua história o país elegeu um presidente socialista.
Em um país desde sempre dominado pela extrema direita, obviamente que a disputa foi duríssima.
Gustavo Petro, do partido de esquerda Colômbia Humana, venceu Rodolfo Hernández, do partido de extrema direita Liga Anticorrupção, com 50,49% dos votos contra 47,25%. Uma diferença de 717 mil votos.
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