Charge: Gilmar |
“Temos imagens de crianças de quatro e três anos que tiveram os dentes arrancados para fazer sexo oral. E outras foram alimentadas com papinhas para aliviar o intestino na hora de fazer sexo anal”.
Claro que não há nenhuma imagem, nenhum indício, nenhuma prova, e muito menos denúncias policiais sobre a questão.
Como tudo isso foi dito diante de um batalhão de crianças num desses templos evangélicos que reúnem a flor e a nata do reacionarismo mais radical, não haverá punição legal: é a tal liberdade de expressão em recintos religiosos assegurada por lei.
O nome da denunciante é Damares Alves, que foi eleita senadora com toneladas de votos em Brasília.
Ela mesma, aquela que antes foi titular do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo do desequilibrado Jair Messias.
Até chegar lá, era só mais uma das centenas de assessoras obscuras de parlamentares nulos. Chegou e logo impactou com a história de seu encontro com Jesus numa goiabeira.
E de imediato deixou claro que não era só uma basófia ambulante: foi contra educação sexual nas escolas, foi contra tudo que se refere aos direitos da mulher, foi contra tudo que se refere aos direitos humanos, e sua concepção de família só não teve consequências mais nocivas por puro milagre.
Que semelhante estupidez andarilha tenha chegado ao Senado é só mais uma clara e sólida prova de como será o Congresso.
Aliás, Damares foi eleita graças ao amparo e à proteção de dona Michelle Bolsonaro, a primeira dama igualmente radical em seu conservadorismo mais bestial, e que nunca explicou os depósitos milicianos em sua conta bancária.
Pensando bem, as duas são o retrato mais preciso do que acontece neste meu destroçado país: o Bolsonarismo é a mescla perfeita do radicalismo ultradireitista, um retrocesso que seria inacreditável se não fosse cada vez mais palpável, e, claro, corrupção deslavada.
Que uma figurinha tão desqualificada e abjeta tenha sido eleita pela capital da República mostra o país antes dissimulado e que emergiu do armário com uma força inesperada.
Um país tenebroso que a cada dia mostra que pode ser letal para a democracia e o futuro. E que por isso mesmo deve ser sufocado nas urnas.
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