sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Deus-mercado e mídia rentista pressionam Lula

Charge publicada no site Adital
Por Altamiro Borges


As manchetes dos jornalões desta sexta-feira (11) mostram que o terrorismo midiático para impor a agenda neoliberal do deus-mercado será violento. Folha: “Discurso de Lula sobre teto de gasto derruba mercados”. Estadão: “Bolsa cai e dólar dispara após Lula fazer críticas à ‘tal estabilidade fiscal’”. O Globo: “Lula critica a ‘tal estabilidade fiscal’; Bolsa cai, e dólar dispara. Valor Econômico: “Dólar dispara e bolsa derrete após fala de Lula sobre gastos”. Nas TVs, o estardalhaço da midiazona rentista também foi estridente.

Após um período de paz e afagos com o objetivo de derrotar o fascista Jair Bolsonaro – que foi chocado com o apoio da própria mídia –, vários colunistas já romperam a lua de mel com o presidente eleito, antes mesmo dele tomar posse. Eliane Cantanhêde, comentarista da GloboNews, decretou no Estadão: “Lula ia bem, mas derrapou ao repetir Bolsonaro e atacar responsabilidade fiscal”. Já Carlos Alberto Sardenberg, outra celebridade global, enfatizou: “Apontar incompatibilidade entre social e fiscal é um erro brutal”.

Além de várias matérias favoráveis aos “austericídio” fiscal, sempre ouvindo apenas os tais especialistas de mercado – na verdade, os porta-vozes dos abutres financeiros –, o jornal O Globo fez questão de explicitar em editorial sua pressão. “É um erro excluir Bolsa Família do teto de gastos”. O mesmo fez o oligárquico jornal Estadão: “Como bom petista, Lula desdenha da 'tal da responsabilidade fiscal'. É hora de parar de fazer comício”.

Toda essa gritaria da mídia rentista se deu em função de um discurso de Lula para sua equipe de transição, em Brasília, na quinta-feira (10), no qual defendeu que as políticas sociais sejam consideradas prioridades – e não as ortodoxas metas fiscais. “Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gastos?”, questionou o líder petista, que respondeu:

“Vou tomar posse no dia primeiro. Se depender de mim, dia dois, a gente já está colocando obra para funcionar porque nós precisamos gerar emprego, distribuir renda e fazer este país voltar a crescer. Nós não podemos ficar chorando, 'ah, sabe, vai gastar'. Eu quero dizer o seguinte: muita coisa que as pessoas falam que é gasto, eu acho que é investimento. A saúde é investimento, porque investir em uma pessoa para ela não ficar doente é investimento. Farmácia Popular é investimento para cuidar da vida das pessoas. Investir na educação não é gasto, é investimento. Então, precisamos mudar algumas nomenclaturas, porque tudo o que a gente quer fazer é ‘gasto, é gasto, é gasto’. Para quê? Para guardar dinheiro para pagar juros aos banqueiros? Não. Precisamos ter [levar em conta] uma dívida social. Temos uma dívida social histórica, de 500 anos, com o povo pobre e nós, como já fizemos uma vez, vamos tentar começar a pagá-la. Não sei se pagaremos toda, mas vamos começar a pagar”.

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