Charge: Mau |
Nem se pode falar em lua de mel. Afinal, o casamento - que seria a posse no Planalto - ainda não se realizou.
Mesmo assim, os mesmos jornais que se dedicaram a sabotar o governo Lula desde o primeiro mandato, no escândalo forjado do mensalão, no já distante 5 de junho de 2005 - 17 anos atrás! - já voltaram a carga.
A pressão covarde sobre Guido Mantega o levou a deixar o grupo de transição numa batalha que já se mostra dura e tensa pelo controle da equipe econômica de um país que já teve nos anos Lula-Dilma foi o sexto PIB do planeta.
Mais uma vez, debate-se os rumos de nossa riqueza, a quem ela deve beneficiar, quem será prejudicado - e quem vai dirigir o processo.
Esclarecendo um ponto.
Mantega foi colocado sob ataque porque tentou impedir a nomeação de uma das estrelas radicais do neoliberalismo verde-amarelo na presidência do BID, cofre que possui 12 bilhões de dólares para serem emprestados aos países latino-americanos.
Indicado por Paulo Guedes, banqueiro de segunda que afundou o país para garantir proteção permanente a Bolsonaro & Cia, o candidato a presidente seria um adversário de Lula no edifício financeiro de um continente que dá sinais de uma inclinação à esquerda, em especial depois da vitória do PT no Brasil.
Deixando os protocolos de lado, pois a iniciativa logo seria espalhada para os jornais, num escândalo artificial que tornou a posição de Mantega difícil de sustentar, cabe perguntar: a quem interessava manter o protegido de Bolsonaro no cargo que ainda não assumiu?
A resposta é óbvia.
À turminha do mercado, que assim ganha de presente um novo aliado econômico para fazer chantagem contra Lula e seu governo.
Por trás de todo falatório neoliberal, a herança de Mantega pode ser traduzida em números.
Aplicando princípios básicos da escola keynesiana, administrou o mais prolongado período de crescimento de nossa história recente, inclusive 7,5% em 2009, o mais alto em 24 anos.
Sua orientação econômica foi um fator essencial para o país ficar longe da colapso internacional dos empréstimos sub-prime, em 2008, que devastaram Europa, América e parte da Ásia.
A má vontade contra sua gestão nada tem de patriótica mas representa interesses muito concretos.
Graças a uma política de estímulo ao crescimento, sob sua gestão naquele período os bancos estatais realizaram a façanha histórica de ganhar terreno sobre o setor privado, permitindo uma queda na taxa de juros - movimento sem paralelo neste paraíso tropical do mercado financeiro.
A reação inconformada de velhas raposas do neoliberalismo verde-amarelo não deve surpreender ninguém.
Aproximaram-se de Lula quando todas as pesquisas eleitorais já lhe davam a vitória - em alguns casos, no primeiro turno.
Sua postura, pedindo provas de amor ao mercado, ajuda a lembrar que ninguém deve esperar fidelidade em casamentos desse tipo.
O episódio deixa uma lição. Lula ganhou a eleição de modo espetacular - e agora se disputa a equipe de governo que irá devolver o Brasil aos brasileiros e brasileiras.
O país continua com a mesma riqueza acumulada e a mesma população trabalhadora com a mesma disposição de dar duro e progredir na vida. Cabe a Lula a responsabilidade de formar um governo à altura dessas expectativas.
Alguma dúvida?
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