sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Lições de um patriota

Leonel Brizola
Por Roberto Amaral, em seu blog:


Não sei com quantos estadistas o processo social contemplou nossa frágil república. Mas, principalmente na sequência dos anos 1930, dois nomes saltam à vista: Getúlio Vargas e Leonel Brizola. O primeiro inaugura o ciclo trabalhista; o segundo, encerrando-o, cede caminho para a emergência do lulismo, vertente que negara o varguismo, cadinho de todos os vícios do sindicalismo brasileiro, na conclusão primária da socialdemocracia paulista, que, no governo, prometeu “enterrar a era Vargas”.

A precarização do trabalho do jornalista

Charge: Laerte
Por José Augusto Camargo, no site Outras Palavras:


O fantasma da precarização ronda o mundo do trabalho. Atendendo pelo neologismo de “uberização” (surgido a partir do nome da plataforma digital Uber, criada nos EUA em 2009), o termo designa a relação de prestação de serviço para uma empresa-plataforma digital de trabalho sem a devida contratação formal. No caso dos jornalistas, as plataformas de trabalho não estão atuando diretamente sobre a mão de obra desta categoria profissional, ou seja, não estão arregimentando trabalhadores freelancer para produzir notícias. Entretanto, há outros tipos de plataformas que estão alterando completamente a forma de difusão e o consumo da notícia que, consequentemente, impactam o trabalho do jornalista. Google, Facebook, WhatsApp, que possibilitam a troca de mensagens instantâneas, se colocam como um dos principais meios pelo qual a população se informa sobre os acontecimentos diários, substituindo os veículos tradicionais de comunicação, como jornal e revista impressos, rádio e TV.

Spotify fica com o lucro contra a verdade

Neil Young
Por César Locatelli, no site Carta Maior:


Aos poucos destaca-se a combinação perniciosa, nos aplicativos de comunicação da internet, entre a busca de lucro com franco incentivo a uma inundação de discursos de ódio, desinformação e celebrações de violência.

Recentes informações internas, os chamados Facebook Papers, trazidas ao conhecimento público pela ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, dão conta que os algoritmos utilizados por essa empresa, para manter seus usuários mobilizados, acabam por incentivar publicações com esse tipo de conteúdo malévolo.

Ao buscar entender o que resultaria se um usuário genérico seguisse as orientações dos algoritmos do Facebook na Índia, uma pesquisadora interna da empresa conta o que apareceu em sua linha do tempo: “seguindo o feed de notícias desse usuário de teste, vi mais imagens de pessoas mortas nas últimas três semanas do que em toda a minha vida”.

Esquerda volta ao governo em Honduras

Xiomara Castro, presidenta de Honduras
Por Pedro Carrano

Dia histórico para Honduras, depois de 12 anos do golpe militar que derrubou o governo progressista de Manuel Zelaya, abrindo um período de enfrentamento popular e violência estatal e civil no país, a esquerda chega ao governo de Honduras.

Em um país até 2009 dividido entre o Partido Liberal e o Nacional, Zelaya causou incômodo porque, em plena crise mundial, tomou medidas populares básicas, relativas a aposentadoria, salários e ingressou na Articulação Bolivariana para as Américas (Alba).

O golpe contra seu governo de alguma maneira foi o marco de um período violento na América Latina, que ainda veria golpes no Paraguai (2012), Brasil (2016) e Bolívia (2019), além de tentativas e pressões, sobretudo contra o governo da Venezuela.

Ninguém reparou, mas o PSDB morreu

Charge: Latuff
Por Maria Inês Nassif, no jornal Brasil de Fato:

É de uma lógica cristalina a dificuldade das elites brasileiras de apresentarem uma solução viável – pela via eleitoral – ao candidato da esquerda à Presidência da República. A conspiração para tirar o PT do poder não se reverteu automaticamente em apoio ao PSDB, partido que dividiu com a legenda de Lula o apoio da maioria dos brasileiros desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso para presidente, em1994, até 2014.

Nesse momento, o último candidato tucano que chegou ao segundo turno, Aécio Neves, tentou levar a Presidência no grito, ao questionar, seis anos antes de Donald Trump usar esse artifício para tentar fraudar as eleições americanas, a lisura da disputa contra a reeleita Dilma Rousseff. Depois, participou ativamente da campanha de desestabilização do governo Dilma até o desfecho do golpe contra ela, em 2016.

Olavo se foi, mas deixou seus clones

Por Luis Felipe Miguel

O homem se foi. Mas seu legado ficará entre nós por longo tempo.

Infelizmente.

Olavo de Carvalho foi o indivíduo que mais contribuiu para a degradação do debate público no Brasil.

Intuiu que poderia dar um salto, sem escalas, de instrutor de astrologia para guru filosófico, graças a um estilo de polêmica agressivo e completamente despreocupado com a qualidade dos argumentos.

Ganhou espaço na imprensa - que, terminada a ditadura, estava interessada em ter uma voz histriônica da direita em suas páginas.

Foi colunista de O Globo e também presença frequente na falecida revista República, criada pelo hoje pretenso candidato do Novo à presidência, Luiz Felipe d'Ávila.

Moro e a analogia do juiz-ladrão no futebol

Charge: Nani
Por Jair de Souza


Em julho de 2019, numa sessão da Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania, que interpelava o então Ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-juiz Sérgio Moro, o deputado do PSOL Glauber Braga fez uma analogia com o futebol para caracterizar Sérgio Moro como um juiz-ladrão.

Desde esse momento, o termo juiz-ladrão vem sendo constantemente empregado para fazer referência ao papel desempenhado por Sérgio Moro enquanto este estava à frente do juizado que encabeçava as atividades da ultramidiática Operação Lava-Jato.

Embora o emprego dessa expressão tenha se tornado recorrente, neste artigo, gostaria de expor as razões pelas quais considero deveras inapropriado que a mesma continue sendo atribuída ao ex-juiz Sérgio Moro.