Lula e um país em carne viva

Charge: Mau
Por Cristina Serra, em seu blog:


Bolsonaro, nunca mais teus maus bofes, tua vulgaridade e tuas mentiras, tuas agressões às mulheres, teus arrotos e palavrões, tuas ofensas aos negros, aos povos indígenas e aos brasileiros do Nordeste, teu ódio aos pobres.

Nunca mais teus fardados bolorentos, teus valentões de Twitter, tuas falanges raivosas, tuas milícias terroristas. Como disse o anônimo haitiano que te enfrentou, em 2020: “Bolsonaro, acabou”.

Bolsonaro nunca mais? Não, seus 58 milhões de votos não permitem tal afirmação. As urnas mostraram que vencedores e vencidos têm projetos de país inconciliáveis e pouquíssima capacidade de se comunicar, mas, ao realizar a façanha de se eleger para o terceiro mandato, Lula já diz a que veio.

Uma vitória política gigante

Foto: Ricardo Stuckert
Por Valerio Arcary, no jornal Brasil de Fato:


'A alegria é a saúde da alma. Não há alegria sem sobressalto' - Sabedoria popular portuguesa

1. Merecemos estar alegres, ainda que preocupados.

A eleição de Lula foi uma vitória política gigante, ainda que, eleitoralmente, estreita, por duas razões fundamentais:

(a) tratava-se de uma disputa dificílima quando consideramos a relação social de forças desfavorável estabelecida no país desde 2015/16 que garantiu, a partir das mobilizações reacionárias de alguns milhões nas ruas insuflados pela Lava Jato, o golpe institucional contra Dilma Rousseff e a prisão de Lula, a vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018, e um processo de acumulação de derrotas que passou pela reforma trabalhista, a Lei do Teto dos Gastos e a reforma da Previdência, sem que o desgaste do governo na pandemia, que abriu uma inflexão, fosse suficiente para garantir a massificação da campanha pelo impeachment em 2021;

O real tamanho de Bolsonaro

Charge: Bruno Struzani
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Analistas da mídia comercial, e até do campo progressista, dão como certo que Bolsonaro sai da eleição com um grande capital político, capaz de torná-lo um forte líder de oposição.

Se tomarmos como parâmetro o número de votos que ele obteve no segundo turno, cerca de 58 milhões, não há dúvida de que o capitão fascista conta com cacife para comandar as forças políticas que se oporão a Lula.

Mas o buraco é mais embaixo. Afora a constatação histórica de que o fascismo precisa do controle do Estado para se consolidar, crescer e aumentar seu poder de fogo, é importante examinar outras variáveis de curto e médio prazos. A saber:

1) Como ficará Bolsonaro sem o Auxílio Brasil turbinado, sem o vale-gás ampliado e sem o derrame de dinheiro para caminhoneiros e taxistas?