quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

As quatro fases da derrota dos bolsonaristas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Jair de Souza


Nos últimos três meses, o povo trabalhador brasileiro vem realizando uma façanha digna de ser admirada e respeitada em todos os rincões do mundo. Foi aqui que, pela primeira vez na história, a extrema direita de cunho nazista foi derrotada e teve de retirar-se do poder sem que precisasse ser submetida ao recurso das armas.

Apesar da gigantesca e monstruosa máquina montada pelo nazismo bolsonarista para tratar de eternizar-se no comando do aparelho de Estado, as forças populares foram capazes de derrotá-lo nas urnas e, posteriormente, garantir a assunção ao governo.

No entanto, o comando nazista-bolsonarista estava confiante de que não poderia ser derrotado nas eleições passadas. O que lhes dava essa certeza eram os bilhões (repito, bilhões) de reais do tesouro público destinados a garantir-lhe uma vitória a qualquer custa. Sem nenhuma preocupação com questões de pudor ou ética, o nazismo bolsonarista despejou nas mãos de seus apoiadores parlamentares os vultosos bilhões de recursos do orçamento secreto, que havia aprovado com seus votos no Congresso. Assim, os aliados do governante nazista-bolsonarista poderiam cuidar de apresentar a seus eleitores obras e outros serviços que lhes renderiam votos de agradecimento de parte das comunidades a que atendiam.

Mas, os recursos do orçamento secreto não era tudo o que se usaria para garantir a reeleição. Estavam também os bilhões reservados para o Bolsa-Família, oportunisticamente rebatizado de Auxílio Brasil. De norte a sul, de leste a oeste, toda a população carente do país foi submetida ao acosso dos agentes ligados ao governante nazista-bolsonarista para receber a tão necessitada ajuda em troca de sua promessa de voto e a cessão de seus dados para controle comunicacional. O trabalho de jornalismo investigativo realizado por Caco Barcellos nos dá uma boa ideia do que isto significou. Quem ainda não o viu, recomendo que o veja.

Para impedir que militantes de oposição ousassem sair às ruas para fazer proselitismo em favor do candidato que disputava contra o nazismo bolsonarista, seus adeptos levaram adiante uma monstruosa campanha de intimidação, com perseguições, espancamentos e, inclusive, mortes. O caso do vil assassinato em Foz do Iguaçu de Marcelo Arruda, ex-tesoureiro do PT local, foi o mais divulgado, mas não o único. O propósito visado era inviabilizar quaisquer manifestações de apoio público ao candidato do campo popular para, com isso, gerar na população um sentimento de desolação e falta de esperança. O nazismo-bolsonarista estava determinado a não permitir que ninguém saísse às ruas usando camisetas vermelhas ou quaisquer adereços que pudessem ser associados ao candidato opositor. Quanto a adesivos nos vidros de veículos, nem pensar! Insistir em colocá-los seria condenar-se a ter todos os vidros do carro arrebentados.

Mas, como nem só de dinheiro e violência direta vive o homem, o nazismo-bolsonarista também resolveu apelar para os serviços dos pastores e padres dedicados à causa do diabo aqui na Terra. Por isso, nas semanas que antecederam à votação decisiva, esses farsantes que odeiam profundamente os ensinamentos de Jesus e adoram tudo o que vem de Satanás se dedicaram a uma gigantesca campanha de terrorismo religioso contra os milhões de seres humanos que iam a seus templos em busca de salvação espiritual. Ali, aqueles que andavam sinceramente buscando encontrar o caminho de bondade, justiça, solidariedade e amor traçado por Jesus recebiam furibundas doses de maldade, injustiça, egoísmo e ódio, assim como a recomendação expressa para votarem no capitão nazista-bolsonarista. Ou seja, chegavam para receber o espírito de Jesus e saíam com um pacote completo para uma viagem ao inferno para o encontro com o diabo.

Para não deixar margem para surpresas, o nazismo-bolsonarista ainda tomou medidas para dificultar ao máximo a chegada às urnas de eleitores que tendiam a votar no candidato das forças opositoras. No dia da eleição, todo o contingente operacional da PRF foi mobilizado com a missão de bloquear a passagem de todo e qualquer veículo que aparentasse estar carregando gente disposta a votar no candidato que concorria com o capitão nazista-bolsonarista. Foram milhares de operações de bloqueio por todo o nordeste do país, em especial, naquelas regiões onde os votos populares no primeiro turno tinham favorecido fortemente o candidato indesejado. Em contrapartida, em estados do sul, como Santa Catarina e Paraná, não foi preciso realizar nenhuma operação de bloqueio. Nessa região, as pesquisas e os resultados anteriores do processo eleitoral já indicavam que a maioria dos votantes optariam pelo capitão. Portanto, os patrulheiros poderiam ser todos destinados para onde realmente seriam de utilidade.

Como podemos apreciar nas linhas anteriores, tratava-se realmente de um plano infalível, impossível de não dar certo. Porém, como sabemos, falhou. Não deu certo. O capitão nazista-bolsonarista foi derrotado. Restava, então, a segunda alternativa, o chamado “Plano B”: impedir a posse do eleito.

No intuito de invalidar a vitória do candidato das forças populares, o derrotado capitão nazista-bolsonarista se recluiu no Planalto e deixou o trabalho braçal aparente por conta de seus apoiadores. Foram dois intensos meses de pressão constante em bloqueios de estradas, manifestações e acampamentos diante de unidades militares.

Apesar de terem recebido total apoio e incentivo dos comandantes militares, incluindo ajuda material para sua permanência por tantos dias acampados diante das guarnições militares; embora não tenham sofrido nenhuma repressão pelos atos de vandalismo que praticaram no dia de formalização da vitória eleitoral do candidato contrário ao capitão nazista-bolsonarista, ainda assim, o candidato opositor que tinha vencido as eleições pôde tomar posse. Era o momento de passar à fase seguinte, a hora de botar em ação o “Plano C”. Ou seja, agora, o que deveria ser feito é inviabilizar por todos os meios o novo governo que tinha substituído o do “glorioso” capitão nazista-bolsonarista.

E foi então que foi posta em ação a campanha de terrorismo total do nazismo bolsonarista. O local escolhido não podia ter sido mais apropriado: as sedes dos poderes políticos da nação na capital do país.

No domingo, 09 de janeiro, os terroristas nazistas-bolsonaristas chegaram à Brasília dispostos a botar para quebrar. E quebraram mesmo. Quebraram tudo no palácio do Planalto, quebraram tudo no Congresso e quebraram tudo na sede do STF. Tudo com a cumplicidade, apoio ou indiferença dos organismos militares e de segurança que deveriam impedir os atos de terrorismo. Porém, uma vez mais, os terroristas nazistas-bolsonaristas não puderam se impor. Agora, chegou a vez de as forças democráticas-populares entrarem em cena para a parte final do programa. Vamos começar a implementar o “Plano D”: Derrotar e limpar todas as instituições nacionais da podridão do nazismo bolsonarista.

Com o apoio do povo nas ruas, o governo democrático-popular que acaba de assumir deve partir para eliminar o controle dos nazistas bolsonaristas do exército e das demais forças militares. Não vai ser uma tarefa fácil, mas precisa ser levada a cabo. Se o nazismo bolsonarista não for extirpado das Forças Armadas, a nação não vai respirar com tranquilidade por muitas décadas. Não podemos ter medo dos nazistas bolsonaristas. Eles são violentos, mas também são covardes.

Precisamos trabalhar para eliminar a nefasta influência que agentes do diabo exercem contra a religiosidade de nosso povo. A imensa maioria de nossa gente quer ser seguidora de Jesus, e não pode ser vítima de pilantras, servidores do demônio, que usam o nome de Jesus para praticar a obra do diabo. Devemos nos empenhar para fazer que os pastores e padres do diabo sejam reconhecidos como tal.

Talvez estejamos diante de uma oportunidade única para levar adiante essa faxina tão requerida pelos interesses da nação e de todo nosso povo. Não deveríamos deixar que passe sem aproveitá-la.

* Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

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