Charge: Quinho |
A descoberta da minuta de um decreto instituindo o estado de defesa no TSE, na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, se insere no rol de evidências de que Bolsonaro foi o comandante supremo do levante terrorista de 8 de janeiro.
Com o apoio de uma rede golpista que inclui integrantes das forças armadas e das polícias militares, empresários, políticos, milicianos e a horda de fanáticos fascistas que o segue, Bolsonaro planejou tudo meticulosamente.
Só não vê quem não quer: a partir da noite do dia 30 de outubro, ao não reconhecer a derrota e mergulhar no silêncio, Bolsonaro, no submundo, estimulou o bloqueio de rodovias e a formação de acampamentos em frente aos quartéis.
As visitas do general Braga Neto a essas “incubadoras de terroristas”, na definição precisa do ministro Flávio Dino, indica que o candidato a vice de Bolsonaro era o encarregado de organizar a tropa rumo à instalação do caos.
Certo de que podia contar com a ajuda dos comandos militares para acoitar os vagabundos diante das unidades do Exército, Bolsonaro percebeu que tinha respaldo da caserna para seguir disparando petardos contra a democracia. Pressionou e conseguiu, por exemplo, convencer o invertebrado Valdemar Costa Neto a ingressar com ação no TSE questionando o resultado eleitoral e a lisura das urnas.
O ministro do TSE, Alexandre de Moraes, respondeu, porém, a essa investida com um tiro de canhão que deixou o PL sob escombros. Era o segundo grande revés da sedição golpista. O primeiro fora o amplo reconhecimento internacional da vitória de Lula ainda na noite de 30 de outubro, tanto de governos como da mídia estrangeira. Mesma posição adotada pela esmagadora maioria da imprensa brasileira.
Sou capaz de apostar que enquanto os descerebrados se mantinham renitentes em frente aos quartéis, Bolsonaro dobrava a aposta para atrair para a causa do golpe generais, almirantes e brigadeiros da ativa e com comando de tropa.
Não deu certo. A maior parte dos fardados de alto coturno até endossam a imbecilidade do questionamento das urnas, como se viu durante o processo eleitoral, e sentem-se envaidecidos pelo clamor dos “patriotas” nas suas barbas, mas daí a embarcar na aventura golpista de Bolsonaro vai uma grande distância.
Não que sejam exemplos de compromisso democrático. Longe disso. Mas a correlação de forças acabou sendo elemento decisivo para que os militares se distanciassem do projeto totalitário de Bolsonaro.
O tempo passa e a posse de Lula se aproxima. Bolsonaro resolve, então, fugir do país e toma o destino da Flórida, nos EUA, aparentemente resignado diante do fato consumado de que o novo presidente subiria a rampa. Mas só aparentemente.
Na sua mente delinquente, chegara a hora de comandar a 6 mil quilômetros de distância do Brasil o assalto ao poder.
Convoca na sequência seu lacaio Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e, na ocasião, secretário de segurança pública do DF, para auxiliá-lo no comando do levante. .Antes, Torres tratou de demitir todo o comando da segurança pública do DF, sem indicar substitutos, deixando-a acéfala, e, pasme, saiu de “férias.”
O propósito era óbvio: com a leniência da polícia militar do DF e de setores das forças armadas, invadir, quebrar tudo e humilhar os poderes da República, obrigando os militares a uma intervenção que serviria de pretexto para a interpretação fraudulenta do artigo 142 da Constituição, conferindo-lhes a função do poder moderador.
Neste momento, Bolsonaro pensava em voltar ao Brasil, para ver a parte que lhe caberia na bagaça. Em vez disso, colheu mais uma fragorosa derrota e andou várias casas em direção à Papuda.
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