terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Daniel Alves e outros craques bolsonaristas

Ilustração do site DNAIndia
Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (21), a Justiça da Espanha negou recurso da defesa do jogador Daniel Alves e decidiu que ele seguirá em prisão preventiva por “elevado risco de fuga”. O lateral brasileiro é acusado de ter estuprado uma jovem de 23 anos em uma boate em Barcelona em dezembro. Ele negou as acusações, mas apresentou quatro versões contraditórias sobre o caso e a Justiça reuniu inúmeras provas – como filmagens, testemunhos de funcionários e exames de DNA – que comprovam seu ato criminoso. Daniel Alves está preso desde 20 de janeiro na penitenciária Brians-1, na periferia noroeste da capital catalã.

Para tentar tirá-lo da cadeia, os advogados de defesa alegaram que o lateral brasileiro não fugiria do país porque tem residência fixa em Barcelona junto com sua esposa, a modelo espanhola Joana Sanz. Eles também disseram que o craque entregaria passaportes e se apresentaria diariamente à Justiça como garantia de que não deixaria a Espanha. Os argumentos não convenceram.

“Os juízes entenderam que as garantias da defesa não excluem a possibilidade de que o brasileiro possa fugir para o Brasil. Para isso, alegaram que: a residência principal de Daniel Alves é no Brasil; ele tem uma série de negócios em território brasileiro; e que possui ainda condições financeiras de alugar um avião para deixar a Espanha sem os controles tradicionais dos aeroportos”, relata o site G1.

Pumas demite e cobra indenização de US$ 5 milhões

Além da prisão, o craque bolsonarista também já perdeu o emprego. No início de fevereiro, o time mexicano Pumas anunciou a demissão do brasileiro e ainda reclamou “uma indenização de R$ 25,5 milhões (5 milhões de dólares) por infringir os termos de comportamento, presentes no contrato assinado por ele em julho de 2022”, informou o site UOL, que teve acesso com exclusividade ao e-mail enviado pelo clube ao jogador.

“No documento, o Pumas usa o contrato assinado com Daniel Alves para argumentar sobre a rescisão do contrato e a cobrança da indenização milionária. No contrato de trabalho, há cláusulas que penalizam o envolvimento em casos de doping, ‘em qualquer escândalo que se torne público’ ou em ‘qualquer ato que seja considerado crime na legislação do país em que tenha acontecido’. No e-mail, o clube considera que o caso de Daniel Alves se enquadra no terceiro tipo e por isso exige uma compensação financeira”.

O silêncio do "fujão" Bolsonaro

Até hoje, o ingrato Jair Bolsonaro não manifestou solidariedade ao amigão preso em Barcelona. Como apimenta o site Metrópoles, ele teve uma atitude bem diferente com outro craque da seleção. “Em 2019, Bolsonaro saiu em defesa de Neymar quando o atacante foi acusado de estupro por Nájila Trindade. ‘Espero dar um abraço em Neymar antes do jogo [o amistoso entre Brasil e Catar]. Está em um momento difícil, mas eu acredito nele’, afirmou o então presidente em junho de 2019”. Agora, o “fujão” está em silêncio. “Assim como Neymar, Daniel Alves é apoiador do ex-presidente”, lembra o site.

Sobre os craques e ex-craques da seleção ligados ao bolsonarismo vale sempre refrescar a memória. O site G1 postou no final de janeiro um breve levantamento destes “cidadãos do bem” que deram apoio ao fascista nativo. “O jogador Daniel Alves, detido na Espanha nesta sexta-feira (20) sob a acusação de assédio sexual, não é o primeiro jogador de futebol brasileiro a ser investigado por suspeitas do mesmo crime na Europa. Neymar e Robinho já enfrentaram os tribunais por acusações semelhantes”, enfatizou o site, que detalhou:

Justiça da Itália pela extradição de Robinho

“Em outubro de 2022, o Ministério da Justiça da Itália encaminhou ao Brasil pedido de extradição do atacante Robinho, condenado no país europeu a nove anos de prisão por violência sexual em grupo. O Brasil, no entanto, não permite a extradição de brasileiros natos. Ainda assim, o jogador pode ser preso caso decida deixar o país. Há ainda a possibilidade do governo italiano pedir ao governo brasileiro para que o jogador cumpra pena no Brasil”.

“O caso aconteceu em janeiro de 2013, dentro de uma boate em Milão, contra uma jovem albanesa de 23 anos. De acordo com a investigação, a jovem estaria bêbada ‘ao ponto de ficar inconsciente’ e teve relações sexuais quando não era capaz de resistir. A defesa de Robinho alegou no julgamento que houve consenso da mulher no ato sexual. Em janeiro de 2022, o Supremo Tribunal da Itália confirmou a condenação de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco pelo crime”.

Duas acusações contra Neymar

“Em maio de 2021, o jornal The Wall Street Journal revelou que a Nike rompeu o contrato de patrocínio com Neymar porque fez uma investigação interna de um suposto caso de assédio sexual. O caso teria acontecido em 2016, quando Neymar e Michael Jordan, ídolo do basquete mundial, participaram juntos de uma campanha publicitária em Nova York. Nessa viagem, uma funcionária da Nike relatou que teria sido vítima de assédio em um hotel”.

“Dois anos depois, durante uma reunião com lideranças da empresa, a funcionária fez a denúncia e a Nike abriu uma investigação interna, sem envolver as autoridades. De acordo com a publicação, Neymar teria se recusado a contribuir com essa investigação e, por esse motivo, a empresa resolveu romper o contrato que mantinha com o atleta desde os 13 anos de idade dele”. 

Em outro caso, “em julho de 2019, a Polícia Civil de São Paulo não indiciou Neymar no inquérito que apurava as acusações de estupro e agressão feitas por Najila Trindade Mendes de Souza contra o jogador. No relatório final do inquérito a delegada informou que os depoimentos e provas apresentados à polícia pela vítima tinham ‘incongruências’. O caso aconteceu em Paris, na França, mas Najila registrou a ocorrência de estupro em uma delegacia de São Paulo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: