@artevillar1 |
A campanha #DesmonetizaJovemPan, liderada pela sessão brasileira do movimento de consumidores Sleeping Giants (Gigantes Adormecidos), está produzindo graves prejuízos financeiros à famosa emissora bolsonarista. Nos últimos dias, mais duas grandes empresas – a Toyota e a Caoa Chery - anunciaram o cancelamento dos seus anúncios publicitários. O total da perda de receita é de R$ 837 mil. O clima na Jovem Pan – também apelidada de Jovem Klan por sua linha editorial de extrema direita e por difundir fake news – é de velório.
O site The Intercept-Brasil teve acesso a uma troca de e-mails internos entre executivos da emissora em janeiro deste ano e deu detalhes das conversas na matéria intitulada “O tamanho do dano”, publicada nesta segunda-feira (13). As mensagens mostram “a insatisfação dos diretores da empresa com a perda frequente de receitas em anúncios publicitários. Elas estão anexadas no processo que a própria Jovem Pan abriu contra o Sleeping Giants Brasil na Justiça de São Paulo”.
Perda de R$ 837 mil em dois contratos
Em um dos e-mails, uma supervisora de mídia que atende a conta da fabricante de automóveis Toyota no Brasil pede a suspensão imediata das propagandas que já estavam contratadas para veiculação na emissora de rádio e televisão. O motivo alegado na mensagem é uma norma interna que proíbe a vinculação da marca a “qualquer veículo que esteja relacionado a escândalos, sejam eles de ordem políticas, discriminação, entre outros”. Com isso, em valores líquidos, a Jovem Pan deixou de faturar R$ 109.113,28.
“No mesmo mês, uma outra montadora de carros também rompeu um contrato publicitário. No e-mail anexado ao processo, no entanto, a chinesa Caoa Chery não chega a justificar a razão do cancelamento de quatro peças, que representariam R$ 728.634,00. Ao todo, a perda dos dois contratos soma R$ 837.747,28, em um único mês. Os e-mails foram encaminhados do departamento comercial para o jurídico, que os repassou aos advogados da empresa. ‘Vejam o tamanho do dano’, lamentou o diretor jurídico”, descreve o site The Intercept-Brasil.
Derrotas na Justiça e novas ações
Sobre o processo aberto pela Jovem Klan, a reportagem informa que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) “não acatou em primeira instância a liminar proposta pela emissora para barrar a campanha do Sleeping Giants Brasil. A Jovem Pan, então, entrou com um recurso pedindo a suspensão imediata – o que foi novamente negado pela justiça”. O site também registra que “além de cobrar publicamente eventuais patrocinadores, o Sleeping Giants Brasil notificou extrajudicialmente o Google para que a plataforma interrompa ou desative a monetização de todo conteúdo produzido e disponibilizado pela Jovem Pan em seus canais”.
A campanha ainda ingressou em janeiro deste ano com outra ação no TJ-SP solicitando que o Google salve os 2.390 vídeos postados no canal da emissora no YouTube. Segundo a ação, a empresa estaria apagando conteúdos veiculados com discursos de ódio e ataques às urnas eletrônicas e à vacinação contra a Covid-19. “No levantamento feito pelos ativistas, a emissora já teria deletado 417 vídeos. Esse número, no entanto, pode ser bem maior. O robô da Novelo, empresa de análise de dados que faz ronda por canais da direita, detectou que, em janeiro de 2023, só no programa “três em um” 3.666 mil vídeos tinham desaparecido”.
24 empresas já deixaram de anunciar na emissora
A campanha do Sleeping Giants Brasil é devastadora. Balanço recente feito pelo site “Mixturando” – antes dos cortes da Toyota e Caoa Chery – informou que “22 empresas já deixaram de anunciar na Jovem Pan”: TikTok, Tim Brasil, Quinto Andar, Burger King, Natura, Portal IG, Ponto Frio, Oi, Lojas Renner, Sandálias Ipanema, Evino, Subway, Amazon Brasil, Sprite, Anhanguera, Cielo, Electrolux, Flexform, Trivago, Colgate, Risqué e Reserva.
“Nas redes sociais, internautas marcam as empresas que ainda são anunciantes do canal e pedem que deixem a emissora. A campanha, lançada em 21 de dezembro pelo Twitter, publicou clipes de telejornais sobre a invasão do Capitólio nos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump nas eleições de 2020. A campanha também destaca os ataques antidemocráticos ocorridos no Brasil em 12 de dezembro e perpetrados por apoiadores radicais de Jair Bolsonaro (PL). Jovem Pan é apontada pelo movimento como fonte de conteúdos nocivos e golpistas, alinhados a pensamentos de extrema-direita”.
Jagunços midiáticos são demitidos e Tutinha renuncia
Temendo o desastre total, a emissora bolsonarista até tem procurado mudar sua imagem. Logo após a derrota do seu candidato nas eleições e depois que virou alvo de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF), a Jovem Klan demitiu boa parte dos seus jagunços midiáticos. Segundo levantamento do site UOL, os últimos defecados foram o “pateta” Rodrigo Constantino e a gusana anticubana Zoe Martinez. Antes deles, a emissora dispensou em 31 de outubro os comentaristas direitistas Caio Coppolla, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza. Já a ex-jogadora Ana Paula Henkel pediu desligamento em novembro. Outros foram defenestrados na sequência.
Em um lance ainda mais surpreendente para tentar se safar da campanha de desmonetização e até do risco de cassação da sua outorga como concessão pública, o próprio presidente da emissora, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o famigerado Tutinha, renunciou ao cargo em 9 de janeiro. Conforme aponta o site UOL, “isso aconteceu dois dias depois que o grupo virou alvo de uma investigação do Ministério Público Federal de São Paulo por espalhar notícias falsas contra a democracia brasileira. O inquérito civil instaurado pelo MPF detalha uma série de conteúdos da emissora que incitaram atos antidemocráticos – em um processo que culminou no ato terrorista de 8 de janeiro, na sede dos Três Poderes, em Brasília”. Nada, porém, consegue salvar a emissora bolsonarista que tanto mal fez ao Brasil!
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