Foto: Elineudo Meira (Choquito) |
Parte do 4º Encontro Estadual de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo, ocorrido neste sábado (6), em São Paulo, Altamiro Borges, Paulo Salvador e Emílio Lopez discutiram financiamento das mídias independentes.
Apesar da vitória de Lula nas urnas em 2022, a esquerda e o próprio governo não têm vida fácil. As mídias alternativas, tampouco. A avaliação de Altamiro Borges, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, é de que só se vencerá a batalha contra o fascismo com investimento e estratégia na luta de ideias.
“Estamos entrando numa nova fase, começando a superar as trevas. Temos de sentir alegria. Foi épica a vitória que tivemos: derrotamos um golpe, derrotamos o fascismo, derrotamos o mais escândalo de corrupção eleitoral brasileira que foi a campanha de Bolsonaro em 2022”, argumenta Miro.
“Essa vitória épica, sem nenhum ufanismo ou arrogância, tem participação decisiva na mídia alternativa, independente, contra-hegemônica. Essa mídia, com suas redes digitais, sites, canais, rádios e TVs comunitárias, foi decisiva para denunciar o golpe, que foi apoiado pela mídia; para denunciar a Lava Jato, que a mídia comercial vitaminou; foi essa mídia que combateu o fascismo, enquanto a mídia hegemônica fez vista grossa. Eles vão ter de fazer autocrítica. Quem levou Bolsonaro ao poder, com a negação da política e a satanização da esquerda, foi a mídia monopolista”.
O momento, no entanto, é outro. “Mídia hegemônica teve unidade tática conosco contra o fascismo que ela mesmo ajudou a criar; teve unidade tática contra o negacionismo e o obscurantismo. Mas isso acabou”, sentencia o jornalista. “Agora são questões estratégicas. A mídia monopolista tem lado, tem classe e tem seus interesses políticos e econômicos. Eles são contra o movimento social, contra o movimento sindical, têm ódio do MST. São contra uma política externa ativa e altiva. São contra qualquer discussão sobre um projeto de desenvolvimento nacional”.
Miro lamenta que, sitiado, o governo ainda mostre timidez para emplacar políticas que promovam a diversidade e a pluralidade no ecossistema midiático, dominado pela desinformação e pelo discurso de ódio. “Plataformas estão interessadas em dinheiro. Lucro. Grana. Uma big tech fatura sozinha mais que o PIB do Brasil. A direita soube se aproveitar disso, com a linguagem do ódio, da violência, do espetáculo. Enquanto estamos raciocinando, refletindo, dialogando, a mentira já deu a volta ao mundo”, dispara.
“Pesquisa da Quaest mostra que dos 10 maiores influenciadores digitais no Parlamento, só um é do nosso campo: Janones. O resto é tudo extrema-direita”, pontua. “Entre os senadores, 9 dos 10 maiores influenciadores são da ultradireita. Eles têm muita força!”.
De acordo com o coordenador do Barão de Itararé, o governo dá a entender que ainda não percebeu a importância estratégica da comunicação: “É um momento delicado, de redes digitais ágeis e instantâneas. A resposta que você dá amanhã para um problema que ocorreu hoje não adianta nada. Falta entendimento do mundo que vivemos hoje. Ainda há uma feira de vaidades e de projetos pessoais que interdita os avanços”.
A conjuntura não é fácil, pondera o jornalista. “Governo Lula sofre um cerco violentíssimo. O cenário internacional é adverso, com uma guerra ‘quente’ entre potências; economia está estagnada e temos um infiltrado conspirador no Banco Central; composição do Congresso é um desastre; fascismo está atordoado, mas segue vivo e tem base social”, diz.
Como começar a combater isso? Miro recorda que a verba da publicidade oficial da Secom em 2022, sob Bolsonaro, foi de mais de R$ 300 milhões. A verba de publicidade das estatais, foi mais de R$ 1 bilhão. “Mídias alternativas têm de reivindicar esse dinheiro!”, exclama. “Precisamos de uma lei, como há na Europa, de estímulo à diversidade e pluralidade informativa. Uma parte da verba publicitária do governo tem de ser direcionada a essa finalidade, independente da audiência! Precisamos aumentar a pressão para que isso ocorra ou a situação ficará ainda mais difícil”.
Vice-presidente da TVT, a TV dos Trabalhadores, Paulo Salvador destaca o papel do sindicalismo no apoio às mídias alternativas. “Falo com orgulho pela TVT, mas com tristeza porque deveríamos ser muito mais as mídias alternativas e movimentos sociais na TV aberta. Isso é reflexo do déficit que temos nas políticas para democratizar a comunicação no Brasil”, frisa.
“Desafio colocado à mídia independente é produzir informação e conteúdos direto das fontes, reduzindo o pensamento terceirizado. Sindicatos são fundamentais na luta por uma comunicação mais democrática. Por exemplo, apoiando eventos como o 4º Encontro Estadual de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo. e iniciativas da mídia alternativa brasileira”, acrescenta.
Segundo Salvador, as dificuldades e consciência na comunicação é um debate que deve ser feito no campo partidário. “É preciso entender a comunicação como estratégia. Ainda há uma dificuldade muito grande de compreensão desse aspecto. O campo político precisa despertar com urgência para esse tema e o governo, facilitar e desburocratizar o acesso das mídias independentes aos recursos. Rádios comunitárias também precisam ser levadas em conta”.
Apesar da vitória de Lula nas urnas em 2022, a esquerda e o próprio governo não têm vida fácil. As mídias alternativas, tampouco. A avaliação de Altamiro Borges, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, é de que só se vencerá a batalha contra o fascismo com investimento e estratégia na luta de ideias.
“Estamos entrando numa nova fase, começando a superar as trevas. Temos de sentir alegria. Foi épica a vitória que tivemos: derrotamos um golpe, derrotamos o fascismo, derrotamos o mais escândalo de corrupção eleitoral brasileira que foi a campanha de Bolsonaro em 2022”, argumenta Miro.
“Essa vitória épica, sem nenhum ufanismo ou arrogância, tem participação decisiva na mídia alternativa, independente, contra-hegemônica. Essa mídia, com suas redes digitais, sites, canais, rádios e TVs comunitárias, foi decisiva para denunciar o golpe, que foi apoiado pela mídia; para denunciar a Lava Jato, que a mídia comercial vitaminou; foi essa mídia que combateu o fascismo, enquanto a mídia hegemônica fez vista grossa. Eles vão ter de fazer autocrítica. Quem levou Bolsonaro ao poder, com a negação da política e a satanização da esquerda, foi a mídia monopolista”.
O momento, no entanto, é outro. “Mídia hegemônica teve unidade tática conosco contra o fascismo que ela mesmo ajudou a criar; teve unidade tática contra o negacionismo e o obscurantismo. Mas isso acabou”, sentencia o jornalista. “Agora são questões estratégicas. A mídia monopolista tem lado, tem classe e tem seus interesses políticos e econômicos. Eles são contra o movimento social, contra o movimento sindical, têm ódio do MST. São contra uma política externa ativa e altiva. São contra qualquer discussão sobre um projeto de desenvolvimento nacional”.
Miro lamenta que, sitiado, o governo ainda mostre timidez para emplacar políticas que promovam a diversidade e a pluralidade no ecossistema midiático, dominado pela desinformação e pelo discurso de ódio. “Plataformas estão interessadas em dinheiro. Lucro. Grana. Uma big tech fatura sozinha mais que o PIB do Brasil. A direita soube se aproveitar disso, com a linguagem do ódio, da violência, do espetáculo. Enquanto estamos raciocinando, refletindo, dialogando, a mentira já deu a volta ao mundo”, dispara.
“Pesquisa da Quaest mostra que dos 10 maiores influenciadores digitais no Parlamento, só um é do nosso campo: Janones. O resto é tudo extrema-direita”, pontua. “Entre os senadores, 9 dos 10 maiores influenciadores são da ultradireita. Eles têm muita força!”.
De acordo com o coordenador do Barão de Itararé, o governo dá a entender que ainda não percebeu a importância estratégica da comunicação: “É um momento delicado, de redes digitais ágeis e instantâneas. A resposta que você dá amanhã para um problema que ocorreu hoje não adianta nada. Falta entendimento do mundo que vivemos hoje. Ainda há uma feira de vaidades e de projetos pessoais que interdita os avanços”.
A conjuntura não é fácil, pondera o jornalista. “Governo Lula sofre um cerco violentíssimo. O cenário internacional é adverso, com uma guerra ‘quente’ entre potências; economia está estagnada e temos um infiltrado conspirador no Banco Central; composição do Congresso é um desastre; fascismo está atordoado, mas segue vivo e tem base social”, diz.
Como começar a combater isso? Miro recorda que a verba da publicidade oficial da Secom em 2022, sob Bolsonaro, foi de mais de R$ 300 milhões. A verba de publicidade das estatais, foi mais de R$ 1 bilhão. “Mídias alternativas têm de reivindicar esse dinheiro!”, exclama. “Precisamos de uma lei, como há na Europa, de estímulo à diversidade e pluralidade informativa. Uma parte da verba publicitária do governo tem de ser direcionada a essa finalidade, independente da audiência! Precisamos aumentar a pressão para que isso ocorra ou a situação ficará ainda mais difícil”.
Vice-presidente da TVT, a TV dos Trabalhadores, Paulo Salvador destaca o papel do sindicalismo no apoio às mídias alternativas. “Falo com orgulho pela TVT, mas com tristeza porque deveríamos ser muito mais as mídias alternativas e movimentos sociais na TV aberta. Isso é reflexo do déficit que temos nas políticas para democratizar a comunicação no Brasil”, frisa.
“Desafio colocado à mídia independente é produzir informação e conteúdos direto das fontes, reduzindo o pensamento terceirizado. Sindicatos são fundamentais na luta por uma comunicação mais democrática. Por exemplo, apoiando eventos como o 4º Encontro Estadual de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo. e iniciativas da mídia alternativa brasileira”, acrescenta.
Segundo Salvador, as dificuldades e consciência na comunicação é um debate que deve ser feito no campo partidário. “É preciso entender a comunicação como estratégia. Ainda há uma dificuldade muito grande de compreensão desse aspecto. O campo político precisa despertar com urgência para esse tema e o governo, facilitar e desburocratizar o acesso das mídias independentes aos recursos. Rádios comunitárias também precisam ser levadas em conta”.
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