quinta-feira, 8 de junho de 2023

Golpista é violador de direitos humanos

Foto: Ricardo Stuckert
Por Cezar Xavier, no site Vermelho:


O ministro de Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, participou nesta terça-feira (6) de um bate-papo com comunicadores das mídias alternativas, onde falou do desafio da disputa ideológica em torno do tema. “Estamos perdendo de lavada. As pessoas tem ódio de direitos humanos”, declarou durante a entrevista promovida pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Ele ironizou o modo como militantes de extrema-direita instrumentalizaram o tema dos Direitos Humanos para defender os golpistas que invadiram e vandalizaram a Praça dos Três Poderes. “Todo golpista é um violador de Direitos Humanos e precisa ser contido”, afirmou.

Mas ele disse que fica “muito feliz” em saber que a pauta dos Direitos Humanos está sendo usada para defender gente “que nunca respeitou direitos humanos”. “Só se pode dar golpe de estado, violando Direitos Humanos. Por isso, precisam ser tratados na dureza da lei e sob as regras de Direitos Humanos que eles mesmos tentam violar”, explicou.

“Olha como é possível instrumentalizar o discurso de Direitos Humanos para bombardeios e destruição de sociedades inteiras em nome dos Direitos Humanos. Os direitos humanos têm servido para justificar decisões bélicas do Conselho de Segurança [da ONU]”, disse ele, referindo-se ao modo como os EUA também se apropriam do tema para justificar intervenções militares em países adversários.

Corações e mentes

“Defendemos os Direitos Humanos, porque eles são atacados e violados a todo momento. O dia que não precisar, não haverá mais este tema”, disse o ministro. Ele considera o tema uma disputa ideológica fundamental no Brasil, diante da defensiva em que os DH estão, desde a ascensão da extrema-direita neofascista. Ele citou a entrada da professora Letícia Cesariano, especialista em discurso sobre Direitos Humanos e neoliberalismo, para elaborar uma estratégia.

“Precisamos de uma estratégia de educação e comunicação em DH. Uma tarefa que me cabe liderar é a reorientação ideológica o Brasil, para que possamos de fato ter condições subjetivas de transformar o país nas suas bases sociais”, observou.

Para Sílvio, a ideia de reconstrução que move o Governo Lula é insuficiente para a política de direitos humanos. “Precisamos construir como política de estado e não de governo. É impressionante a facilidade, no último período, com que se devastaram as políticas de direitos humanos no país”, disse, sobre o Governo Bolsonaro.

Ele diz que, quando se fala em direitos humanos, entende-se na sociedade um bloqueio ao pleno exercício das liberdades e potencialidades. “Por outro lado, há uma manipulação em torno do discurso para uma espécie de licença para tirar das pessoas sua segurança, ao associar Direitos Humanos com a defesa da criminalidade”, analisou.

“O desafio ideológico é conquistar corações e mentes e inserir o tema no modo de vida do brasileiro”, declarou. Esta é uma forma de proteger as pessoas da violência, inclusive do estado e daquela em que as pessoas matam-se umas as outras. Ele também defendeu a noção de direitos humanos como acesso ao serviço público, direitos sociais e dignidade do trabalho. “Este é um desafio histórico que precisa ser iniciado. Precisamos ir além da ideia de que direitos humanos são uma agenda contra o que sobrou da ditadura militar e falar do modo como a política trata as populações vulneráveis, das políticas neoliberais que restringem direitos, da situação dos moradores de rua…”, citou.

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