Charge: Jônatas |
A recente divulgação feita pelo portal GGN de áudios da chamada Operação Spoofing e a vinda a público através de Brasil 247 do vídeo com o depoimento do empresário Tony Garcia à juíza Gabriela Hardt levaram pânico aos integrantes da quadrilha de bandidos conhecida como Operação Lava Jato.
Com estas revelações, fica mais do que evidente que a tal “República de Curitiba” tem mais a ver com uma máfia de criminosos vinculados ao Poder Judiciário e ao Ministério Público Federal. A maneira descarada e abusada com que essa corja de malfeitores praticava seus crimes é realmente estarrecedora. Estamos diante de um estilo de atuação criminosa que, ao compará-la com aquela da organização mafiosa estadunidense liderada por Al Capone, nos obriga a considerar a esta como um bando de principiantes e amadores na atividade criminosa.
O que explica que uma quadrilha encabeçada por sujeitos tão ignorantes, patéticos e bestializados viesse a causar uma verdadeira devastação em uma nação do porte do Brasil? O que possibilitou que gente do naipe do “conje” e da “conja” Moro, de Deltan Dallagnol, da juíza Gabriela Hardt e similares tivesse tal protagonismo a ponto de comandar e efetivar a maior campanha de destruição das principais estruturas socioeconômicas de nosso país?
Não nos resta nenhuma dúvida de que todos os bandidos que integram essa quadrilha são sujeitos da pior espécie imaginável. É muito positivo que seus crimes sejam revelados, que eles sejam julgados e condenados da forma mais rigorosa que nossas leis permitam. Mas, a coisa não pode se limitar a isso.
Para que imbecis como os recém citados tenham tido condições de operar de modo tão destruidor contra os interesses da nação como fizeram, seria preciso que forças muito mais significativas se empenhassem em sua sustentação e orientação. Que forças seriam essas? É o que vamos procurar evidenciar nas seguintes linhas deste texto.
Primeiramente, temos de reconhecer que, por mais nocivas que fossem, as ações desencadeadas pelos bandidos da quadrilha Lava Jato não eram praticadas por mero capricho e instinto egoístico desses meliantes. Todo seu comportamento atendia primordialmente às exigências das forças que desejam preservar seu papel hegemônico a nível mundial. Estamos nos referindo principalmente, mas não exclusivamente, ao grande capital que opera a partir de suas bases militares e suas empresas sediadas nos Estados Unidos. Em outras palavras, trata-se do velho e conhecido IMPERIALISMO.
Um dos requisitos para que um país possa impor seus desígnios sobre outros é impedir que suas potenciais vítimas tenham condições de se desenvolver de modo independente. Portanto, com base nesse entendimento, nada mais lógico do que não deixar que sua economia avance a ponto de disputar espaços em pé de igualdade com suas congêneres centrais. E o Brasil estava avançando além do admissível em relação a essa questão. Por isso, seria importante devolvê-lo à posição de fornecedor de matéria prima para o abastecimento da demanda dos países dominantes. Em vista disto, não há nada de estranho ao constatar que os bandidos da quadrilha Lava Jato tenham se esmerado em colocar todo tipo de travas para o funcionamento de nossa indústria.
Ainda em sintonia com o mencionado no parágrafo anterior, também é de fundamental relevância que as fontes e reservas de energia disponíveis nos territórios dos países periféricos estejam sob o controle das potências imperialistas. Em consequência, podemos entender sem grande dificuldade as razões para que a corja lavajatista tenha se dedicado com tamanha sanha à entrega das jazidas do pré-sal a multinacionais gringas, a privatizar a Eletrobrás e a desmantelar a Petrobrás. Tudo para que nossos recursos naturais não sejam empregados para amparar nosso crescimento independente. Em lugar de alavancar nosso processo industrial autônomo, nossas reservas energéticas deveriam estar disponíveis para suprir as carências dos países do campo hegemônico.
Dos grupos econômicos internos, podemos dizer que o trabalho executado pelos crápulas lavajatistas ia essencialmente de encontro aos interesses dos expoentes do capital financeiro-rentista e do agronegócio exportador de commodities. Foram esses os setores econômicos que mais lucraram com as medidas que arrasaram com nossa base manufatureira. Para aqueles que se locupletam com o retorno do Brasil à situação de país exportador de produtos primários e para os que vivem da especulação financeira parasitária, o comportamento da quadrilha de bandidos da Operação Lava Jato não pode ser tido como nada menos do que excelente.
Também podemos incluir entre os fortes beneficiários do lavajatismo, as empresas capitalistas-neoliberais-religiosas vinculadas ao chamado neopentecostalismo, cujos donos (sim, donos, porque são empresas que vivem em função do lucro privado de seus proprietários) representam tudo o que podemos associar com o DIABO, e nada com JESUS. Ou alguém seria capaz de aceitar que JESUS entregou sua vida para defender os interesses dos poderosos a se tornarem cada vez mais ricos às custas das maiorias trabalhadoras? Quem pode concordar em ter em JESUS um abençoador dos abastados e condenador dos mais humildes? Em outras palavras, esses diabólicos empresários neopentecostais se utilizam do potencial inspirado pelo nome de JESUS junto ao povo mais simples para conseguir respaldo social de pessoas que, em sã consciência, jamais compactuariam com seus macabros propósitos.
Entretanto, nada seria factível para a quadrilha de bandidos da Lava Jato se eles não tivessem contado com o apoio total de nossa mídia corporativa, especialmente, mas não apenas, da rede Globo. Foi a martelação constante de nossa mídia capitalista durante quase uma década o que pôde transformar as imagens de seres tão patéticos, como os quadrilheiros lavajatistas a quem fizemos referência, em heróis nacionais e paladinos da luta contra a corrupção e em defesa da moralidade. É impossível acreditar que, sem essa monstruosa campanha publicitária, “conje” e “conja”, Dallagnol, Hardt e seus pares fossem capazes de provocar a turbulência que acarretou tanto sofrimento ao conjunto de nosso povo e a nossa nação como um todo.
Portanto, mesmo sabendo que é imperativo que os bandidos lavajatistas sejam julgados e condenados a pagar por todos os crimes que cometeram contra nosso povo, não podemos limitar nossa punição a essas figuras. Por mais maléficas e repulsivas que sejam, essas são figuras secundárias no processo destrutivo do qual participaram. Sem que tomemos medidas contra aqueles que atuaram como viabilizadores e sustentadores da quadrilha de bandidos da Lava Jato, poucas garantias teremos de que, em pouco tempo, outros bandidos repulsivos venham a ser empregados em substituição dos conjes, conjas e dallagnois da atualidade.
A bandidagem que fez parte da Operação Lava Jato pode facilmente voltar a campo com outras caras. Nosso dever como patriotas é aproveitar as convulsões deste momento histórico para desfechar golpes que visem pôr fim ao modelo de capitalismo neoliberal, entreguista e subordinado que nossas classes dominantes insistem em preservar.
* Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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