Ascensão e queda/Luca Schenardi |
O site da revista Veja postou nesta segunda-feira (17) que “a Record começou a fazer uma série de demissões nos últimos dias e os cortes devem ocorrer até o final da semana. Por enquanto, cerca de 200 profissionais serão desligados da emissora de Edir Macedo e de suas afiliadas, principalmente no setor jornalístico”. A crise no braço midiático da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) parece grave, o que ajuda a explicar porque seus “pastores” têm procurado se aproximar do governo Lula, após a Record ser um dos baluartes do bolsonarismo.
Ainda de acordo com a postagem, o motivo das demissões em massa “seria uma reestruturação do quadro de funcionários a fim de conter gastos, já que a empresa está com as contas no vermelho após ter registrado um prejuízo estimado em mais de 500 milhões de reais em 2022... Nos bastidores, o clima é de tensão e incerteza, já que a onda de demissões está só começando. A princípio, seriam dispensados apenas aqueles que tivessem salários e cargos altos, mas vários subalternos [sic] não escaparam do facão”.
Em nota lacônica à imprensa, a direção da emissora justificou os cortes afirmando que “num momento em que todo o mercado de mídia, da televisão aberta e dos demais veículos, passa por um período de reformulação de seus investimentos, o Grupo Record – composto por Record TV, Record News, R7.com e PlayPlus – faz uma reorganização em suas frentes de trabalho... Desligamentos foram necessários, mas com respeito ao ser humano acima de tudo, às leis e às regras trabalhistas”. Demissões “humanas”, quase divinas!
Crise também atinge Globo e SBT
O jornalista Daniel Castro, do site Notícias da TV, também destacou a demissão de “mais de 200 profissionais, de um total de 3 mil funcionários. Até agora, os nomes mais conhecidos são o de Patrícia Costa, ex-apresentadora do Domingo Espetacular, e dos repórteres Roberto Thomé e Sylvestre Serrano... Os cortes estão ocorrendo em todas as áreas da emissora, inclusive afiliadas. Somente a Teledramaturgia deve ficar de fora, pois está sob gestão da Igreja Universal do Reino de Deus, que produz Reis e compra horário na Record. Os principais critérios para os cortes são salário alto e produtividade”.
O especialista em mídia enfatiza que a crise na emissora da Iurd é grave. “A Record vem sofrendo queda nas vendas de publicidade e aumento nos custos de produção. No ano passado, registrou um prejuízo de R$ 517 milhões, um recorde histórico. Neste ano, os resultados seriam piores se não fossem realizados mais cortes”. Ele ainda aponta que “a crise não é exclusividade da Record. Globo e SBT, que também divulgam balanços contábeis, só não tiveram prejuízo em 2022 graças a seus investimentos financeiros”.
“Juntas, as três grandes redes tiveram prejuízo operacional de R$ 1,085 bilhão, o equivalente a 90% de toda a receita com publicidade do SBT (R$ 1,209 bilhão). O resultado operacional é o lucro ou o prejuízo antes de contabilizados investimentos. A Globo teve um prejuízo operacional de R$ 501,1 milhões, mas seu lucro líquido foi de R$ 1,254 bilhão graças aos ganhos com investimentos e com a venda da Som Livre (R$ 1,520 bilhão). O SBT teve um prejuízo operacional de R$ 29 milhões, mas as receitas com investimentos financeiros ajudaram a rede de Silvio Santos a fechar o ano com um lucro líquido de R$ 18,877 milhões”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: