Kenny Random/Arte de rua |
O apresentador Ratinho, uma das principais estrelas do SBT – já rebatizado de Sistema Bolsonarista de Televisão –, está metido em mais um rolo por suas posições preconceituosas e de estímulo ao ódio. O Ministério Público de São Paulo decidiu acioná-lo em função de suas declarações homofóbicas. O pedido partiu de Agripino Magalhães, que é suplente de deputado estadual pelo MDB de São Paulo e ativista dos direitos da população LGBTQIA+.
A solicitação acusa o famoso Ratinho pelo crime de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Além de exigir retratação pública do apresentador e pagamento de indenização por danos morais coletivos, o pedido também sugere várias medidas cautelares, inclusive que ele use tornozeleira eletrônica por colocar em risco pessoas da comunidade LGBTQIA+.
"Vagabundo, safado, sem vergonha"
Em 22 de junho, durante o seu programa sensacionalista no SBT, o preconceituoso criticou a realização da Parada do Orgulho Gay em São Paulo. “Vai lá no sambódromo, lá você fica pelado, faz o que você quiser. Deixa a Avenida Paulista para as famílias que querem ir lá brincar com as crianças. Faz a Parada Gay lá no diabo do sambódromo, que lá pode fazer o que vocês querem. Na minha opinião, a Parada Gay é o Carnaval dos viados e sapatões”, rosnou.
Já em 26 de junho, ao saber que Agripino Magalhães havia movido ação junto ao MP-SP, Ratinho voltou a babar seu ódio. Histérico, ele ameaçou o ativista: “Tem um cidadão que falou que vai me processar. Vai me processar? Que eu mostro sua folha corrida, tá? Já peguei. Venha, venha processar, vou mostrar quem você é, você não passa nem na esquina. Vagabundo, safado, sem vergonha. Vem para cima de mim, eu vou de briga, eu vou de confusão mesmo”.
Sem se intimidar, Agripino Magalhães ingressou com nova denúncia, argumentando que o apresentador fez “uso de seu poder econômico, envergadura e capacidade de mobilização da opinião pública e abusou da sua condição de comunicador para ameaçar a vítima”. Segundo informa Mônica Bergamo no site UOL, sua defesa “também irá ingressar com ação na Justiça de São Paulo pedindo indenização de R$ 500 mil por danos morais. Ela afirma que Ratinho ‘não pode utilizar seu programa para penalizar minorias com atitudes de desprezo e homofobia’”.
A queda de audiência e as baixarias
Analistas de mídia têm observado que o âncora do SBT está cada dia mais descontrolado e histérico. Talvez se sinta desamparado com a derrota do fascista Jair Bolsonaro. Talvez perceba os movimentos oportunistas de Silvio Santos, o “topa tudo por dinheiro”, de reaproximação com o novo governo e tenha medo de ficar pendurado na brocha. O que há de certo mesmo é que Ratinho vem patinando na audiência e está preocupado com a sua decadência.
Como destacou Gabriel Vaquer, em matéria no site Notícias da TV de dezembro passado, “em queda livre no Ibope, Ratinho apela para baixarias e volta a exibir bizarrices”. Na ocasião, o especialista em mídia explicou a jogada. “Com a audiência em baixa no horário nobre do SBT, o programa voltará a ter reportagens bizarras para impressionar o público, tática que era uma marca registrada do seu auge como apresentador, no fim da década de 1990 e início dos anos 2000”.
As bizarrices e a propagação de preconceito e ódio objetivariam “virar o jogo na audiência. Desde 2019, Ratinho vive uma crise de ibope, ainda que consiga rivalizar na vice-liderança com a Record. Neste ano, sua média é de 4,7 pontos na Grande São Paulo. Em 2018, entre os paulistas, a atração comandada por Carlos Massa havia fechado com 9,4 pontos de média anual, o índice mais alto desde 2003. No ano seguinte, a audiência do Programa do Ratinho caiu para 8,7; depois, foi para 6,2. Em 2021, foi de 5,4. Ou seja, a queda é de 4,7 pontos de média em três anos”.
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