Por Altamiro Borges
Até hoje, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não explicou os 27 depósitos feitos pelo miliciano Fabrício Queiroz em sua conta bancária no valor de R$ 89 mil antes da sua ascensão ao poder. Essas sinistras operações lhe renderam o carinhoso apelido de “Micheque”. Já no covil palaciano, ela recebeu outras alcunhas, como a de ‘Misheik”, em função das joias milionárias dadas de presentinho pelo sheik dos Emirados Árabes, e de ‘Miscash’, em decorrência dos vários depósitos em dinheiro vivo na sua conta e de vários dos seus familiares.
Agora, a presidenta do PL Mulher e presidenciável da extrema-direita terá que explicar outras “movimentações financeiras atípicas”. Nessa semana, comprovantes recebidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas revelaram que o tenente-coronel Mauro Cid fez 45 depósitos em dinheiro na sua conta em 2022. Eles foram fracionados em valores inferiores a R$ 6 mil – em uma estratégia usada para evitar o rastreio das transferências, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). No total, Michelle Bolsonaro recebeu R$ 60 mil do ex-faz-tudo do maridão fascista.
45 transferências fraccionadas de até R$ 6 mil
Segundo postagem do site Metrópoles nesta terça-feira (8), os depósitos foram feitos em 11 dias, distribuídos em oito meses. “A primeira transferência para conta de Michelle aconteceu em 10 de janeiro de 2022, quando a então primeira-dama recebeu um depósito de R$ 6 mil. Em 21 de janeiro, foram dois depósitos de 150 e um de 4.800, totalizando R$ 5 mil. Já em 10 de fevereiro, Michelle Bolsonaro recebeu oito depósitos que, juntos, somam R$ 7.700. O agente da equipe de Mauro Cid transferiu para a conta da ex-primeira-dama seis depósitos de R$ 1 mil, um de R$ 900 e outro de R$ 800, todos em dinheiro”.
“Um mês depois, em 10 de março, ela recebeu mais oito depósitos que, somados, chegam ao montante de R$ 7 mil. Em 6 de abril, um dos integrantes da equipe de Mauro Cid realizou dois depósitos no valor de R$ 1 mil cada para a conta de Michelle Bolsonaro. Logo depois, em 11 de abril, a ex-primeira-dama recebeu quatro depósitos, três de R$ 2 mil e um de R$ 500, somados chegam a R$ 6.500. Outros quatro depósitos de R$ 1 mil e um de R$ 800 foram feitos na conta de Michelle Bolsonaro em 7 de junho de 2022, juntos chegam a R$ 4.800. Em 12 de julho, a então primeira-dama recebeu seis depósitos no valor de R$ 1 mil cada, totalizando R$ 6 mil”.
“Quase um mês depois, em 11 de agosto, ela recebe quatro depósitos de R$ 1,5 mil em sua conta, somados, os valores chegam a R$ 6 mil. Em seguida, em 19 de agosto, a ex-primeira-dama recebe dois depósitos no valor de R$ 1 mil, somando R$ 2 mil. O último depósito na conta de Michelle aconteceu em 11 de dezembro, quando ela recebeu o total de R$ 7 mil, com dois depósitos de R$ 2 mil, um de R$ 1,1 mil e mais um de R$ 1,9 mil. Ao todo, a ex-primeira-dama recebeu 45 depósitos de quantias inferiores a R$ 6 mil, ao longo do ano passado”.
Santa do pau oco
O site já havia revelado, com exclusividade, “que o Palácio do Planalto tinha uma espécie de caixa dois, em que equipes da Presidência realizavam depósitos na conta de uma amiga da primeira-dama com a alegação de que seria para benefício de Michelle”. Agora, em uma atividade similar, “os novos depósitos foram realizados por auxiliares do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, durante os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, junho, julho, agosto e dezembro na conta da ex-primeira-dama”.
A imagem de santa da ex-primeira-dama parece que não resistirá ao tempo. Ela é a “santa do pau oco”, como ironizou recentemente a deputada Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT.
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