segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Homem bomba de Damares pega 6 anos de prisão

Damares Alves e Wellington Macedo de Souza
Por Altamiro Borges


A Justiça do Distrito Federal condenou na semana passada o blogueiro Wellington Macedo de Souza a seis anos de prisão por tentar explodir uma bomba em um caminhão de combustíveis perto do Aeroporto Internacional de Brasília na véspera do Natal de 2022. Mas o terrorista, que prestou serviço no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos na gestão de Damares Alves, está foragido no Paraguai e segue aprontando das suas.

Na terça-feira passada (15), ele tentou se credenciar para a posse do presidente Santiago Peña, em Assunção, na solenidade oficial que teve a presença de Lula. Segundo reportagem da Folha, “o bolsonarista fez o pedido pela internet seis dias antes da cerimônia, como jornalista independente, pelo El Pueblo Podcast. O governo paraguaio, porém, não entregou a credencial após realizar os procedimentos de segurança e revisar os antecedentes criminais dos solicitantes junto ao governo brasileiro”.

O terrorista prestou serviços no ministério

Wellington Macedo está foragido desde a tentativa de explosão da bomba em 24 de dezembro. Após romper a sua tornozeleira eletrônica, ele agora ressurgiu no Paraguai. “Até o fim de abril deste ano, o freelancer estava escondido na fazenda de um produtor rural que conheceu no acampamento golpista montado em frente ao quartel-general do Exército na capital federal, após a vitória de Lula nas urnas. ‘Estou bem isolado, estou longe’, disse na ocasião, por telefone, em entrevista à Folha”.

O jornal ainda lembra que o blogueiro de extrema-direita “ocupou um cargo no governo Jair Bolsonaro (PL), atuando como assessor da então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF), de fevereiro a dezembro de 2019, com um salário bruto de R$ 10.373. Dois anos depois, em 2021, ele foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes (STF), sob a acusação de incentivar atos antidemocráticos naquele 7 de Setembro”.

“Ele deixou a prisão 42 dias depois e passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, inclusive quando se candidatou a deputado federal pelo PTB de São Paulo em 2022, adotando o slogan de ‘preso político’ – ele teve apenas 1.118 votos. Na véspera do Natal, ele dirigiu o carro que transportou a bomba do acampamento bolsonarista até o aeroporto de Brasília, segundo investigações da Polícia Civil do Distrito Federal... O artefato foi preparado pelo empresário George Washington de Oliveira e colocado em um caminhão pelo também bolsonarista Alan Diego dos Santos e Sousa. Os três se tornaram réus em janeiro, após o Tribunal de Justiça do DF aceitar a denúncia do Ministério Público, e apenas Wellington Macedo segue foragido”.

O objetivo dos terroristas, segundo confissão do empresário George Washington, era “dar início ao caos” que levaria à “decretação do estado de sítio no país” e à “intervenção das Forças Armadas”. O plano não deu certo e os três criminosos respondem na Justiça pelo crime de explosão, caracterizado por “expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos”. A pena prevista é de três a seis anos de prisão e multa.

Senadora nega ligações com o terrorista

Quando o terrorista foi identificado pela polícia, a senadora Damares Alves negou qualquer ligação com o sujeito com que mantinha tantas afinidades ideológicas. “Esclareço que o senhor Wellington Macedo, investigado no caso de tentativa de ato violento em Brasília-DF, prestou serviços no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos entre janeiro e outubro de 2019, quando foi exonerado do cargo... O referido jornalista não era meu assessor direto. Trabalhou na área de comunicação da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente que, inclusive, funcionava em prédio diferente do Gabinete Ministerial”, postou a ex-ministra em janeiro passado.

Irritada, ela ainda prosseguiu: “Repudio todas as tentativas levianas de associar a minha imagem às ações dele e/ou do grupo ao qual faz parte. Que todas as denúncias sejam devidamente apuradas e que os culpados por atos ilegais sejam processados e julgados, nos termos da lei. Sempre fui uma defensora da democracia. Condeno atos de vandalismo, depredação do patrimônio público e de violência que coloque em risco a vida humana ou a sua integridade física”. Ninguém botou muita fé na incisiva declaração da religiosa senadora!

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