Foto: Ricardo Stuckert |
Peça 1 – a síndrome do General Grounchy
Refiro-me ao general Emmanuel de Grounchy, responsável pela derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo.
Foi incumbido por Napoleão de encontrar o exército prussiano. E cometeu erros fatais, que levaram à derrota de Waterloo:
Não conseguiu encontrar o exército prussiano.
Não enviou relatórios regulares a Napoleão, o que deixou o imperador sem informações sobre a localização do exército prussiano.
Não voltou para o campo de batalha de Waterloo a tempo de ajudar Napoleão.
A partir daí, tornou-se um símbolo da perseguição cega a um objetivo único, sem perceber as mudanças de vento e da estratégia política.
Peça 2 – a estratégia de Lula
Lula assumiu o governo custando barato.
Ou seja, o tal do mercado e o conjunto de opiniões do empresariado aguardavam um governo caótico, cercado pelo Centrão, pelas Forças Armadas e pelo mercado.
O primeiro movimento foi acalmar as expectativas. Com a ajuda do Ministro da Fazenda Fernando Haddad, Lula conseguiu reverter provisoriamente a opinião pública com o arcabouço fiscal e o discurso fiscalista. Houve um aumento no seu valor de mercado.
Assim como Napoleão, Lula valeu-se do fator surpresa – e das lembranças da tragédia Bolsonaro – para agrupar várias tropas em defesa da democracia.
Como em todo movimento de onda, porém, se quiser manter a imagem em alta, Lula teria que criar expectativas positivas e, especialmente, desenvolver um programa agregador, que abra expectativas futuras otimistas e mostre que sairá vitorioso na sua Waterloo.
Quem conhece os movimentos da mídia sabe que nuvens cumulus-nimbus começam a se formar no horizonte.
Estadão dá chamada falando das vovós de 8 de janeiro, penalizadas pelo STF inclemente; Folha aproveita a tragédia dos médicos mortos no Rio de Janeiro para lançar a candidatura do general Braga Neto. Aliás, quem conhece por dentro diz que a cobertura das jóias de Bolsonaro passou a fórceps pelo controle da direção do Estadão em Brasília.
Sinais nítidos aparecem no Senado e na Câmara.
Em breve, episódios envolvendo filhos do presidente, assassinatos violentos – como o que vitimou quatro médicos no Rio de Janeiro – o aprofundamento da crise, e a nítida falta de pique de Lula para começar tudo de novo e – especialmente – a falta de expectativas positivas, tudo isso ampliará enormemente a sensação de orfandade do país. E esse sentimento é um rastilho para a desagregação da frente democrática.
Mas o general Grounchy não pode mudar a ordem que recebeu para perseguir o exército prussiano, ou seja, o déficit zero.
Peça 3 – as expectativas econômicas
O grande papel dos generais consiste em analisar a realidade dinâmica, não a estática. Ou seja, o cenário de batalha pode estar tranquilo hoje, agora. Mas, mantidas as condições atuais, como estará daqui a 6, 12, 24 meses? Toda grande estratégia é montada com essa visão prospectiva.
E depende fundamentalmente da capacidade de assessoramento do estado-maior, de passar visões sobre as várias frentes de batalha para Napoleão definir sua estratégia final.
O que se tem pela frente:
Economia nacional
Em 2022, foram registrados 1.222 pedidos de recuperação judicial, um aumento de 21,5% em relação a 2021. No primeiro semestre de 2023, foram 593 pedidos, um aumento de 52,1% em relação ao mesmo período de 2022.
O setor de serviços foi o que mais requisitou o processo, conforme aponta o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, com 265 pedidos no primeiro semestre de 2023. Em seguida, vêm o setor de comércio, com 192 pedidos, e o setor da indústria, com 112 pedidos.
Ao mesmo tempo, caminha-se para uma integração com a economia internacional – especialmente a asiática – com impactos profundos. O varejo está sendo massacrado pelo comércio digital; a siderurgia e a indústria de máquinas e equipamentos não sobreviverão, a não ser como maquiadoras da produção chinesa.
Economia internacional
A maior economia do mundo, a dos Estados Unidos, enfrenta os seguintes desafios:
* Preços mais elevados de energia pressionam a inflação.
* Rumores sobre a sustentabilidade da dívida norte-americana, com o Tesouro emitindo e o Federal Reserve reduzindo sua participação.
* Mudanças geopolíticas reduzindo a procura de títulos do Tesouro por outros países.
* Muitos indicadores apontando para uma recessão no país, apesar do mercado de trabalho aquecido.
* O aumento das exigências bancárias para crédito é típico de períodos pré-recessão.
* A relação entre crescimento monetário e crescimento nominal do PIB está em nível negativo recorde. No passado, funcionou como sinal deflacionário que precedia as recessões.
* O mercado imobiliário americano, altamente sensível às taxas de juros, mostra sinais de dificuldade. O aumento dos títulos de tesouro de longo prazo, em quase 8%, restringiu a compra de casas.
* O aumento da dívida pública americana esbarra na queda da demanda por parte de outros países, devido às mudanças geopolíticas globais.
* Ao mesmo tempo, os últimos indicadores de emprego poderão promover novas altas nas taxas de juros
Ou seja, há uma turbulência a caminho, com reflexos no ritmo da economia mundial e no mercado de câmbio.
O Brasil poderá ser afetado pelo aumento dos juros internacionais, atraindo capitais e obrigando o BC a puxar novamente a Selic, e a recessão americana, afetando o comércio mundial.
E como estará o mercado de opinião? É esse o busilis da questão.
Peça 4 – o Waterloo de Lula
A grande batalha do governo Lula ocorrerá nos dois últimos anos de seu mandato. Seu grande desafio será impedir a coalizão que, em 2016, derrubou Dilma Rousseff: mídia, mercado, Forças Armadas, Ministério Público, Supremo Tribunal Federal e Centrão. Todos alimentados pelo dragão das ruas.
Para tanto, a estratégia tem que focar nas seguintes direções:
1. Terá que desenvolver um discurso legitimador em defesa da democracia, contendo dois ingredientes básicos: combate à miséria e as desigualdades; desenvolvimento sustentável. Em suma, tem que se legitimar.
2. Terá que trazer resultados positivos para a economia, peça central para o enfrentamento da ultra direita nas eleições de 2026. E, principalmente, mostrar-se viável para 2026, caso contrário haverá debandada da frente democrática.
Fernando Haddad não é um gestor medíocre. Foi o melhor Ministro da Educação que o país teve, prefeito da maior cidade brasileira, onde implementou políticas urbanas audaciosas. Tem apenas um defeito: não ouvir a voz das ruas.
Sempre gostou de políticas feitas para o povo, mas sem o povo. Na Educação e na Prefeitura conseguiu montar políticas públicas notáveis, mas sem eco na sociedade.
Tanto não tinha noção dos movimentos de opinião pública que, mesmo fazendo um governo de excelência, saiu derrotado pela ignorância do debate.
No cargo de Ministro da Fazenda, mais do que nunca, precisa ouvir a voz das ruas, das empresas, prever os ventos da economia e, principalmente, entender as ondas de opinião. E repassar as informações analisadas para Napoleão.
Não pode atuar apenas preocupado com o que o mercado diz hoje sobre ele, mas o que dirá amanhã. É fundamental a análise dinâmica dos fatos, imaginar o que será o quadro político e econômico daqui a 12, 24 meses e como se comportará a opinião pública e política no período.
E isso dependerá fundamentalmente dos resultados da economia e da capacidade de gerar esperanças.
Mais que isso: o maior trunfo de um Ministro da Fazenda é poder pautar a discussão pública. Haddad poderia estar conduzindo uma discussão sobre formas de captar dinheiro para investimento, sem atropelar a questão fiscal ou os passos centrais da transição energética.
Em vez disso, pauta só a questão do déficit zero, como se estivesse em uma defesa de tese única, não em um terreno político.
Analise-se sua tentativa de reduzir o piso mínimo da saúde. Vale-se de argumentos técnicos, adequados para uma banca de doutorado de contabilidade pública: tem que se expurgar do orçamento os valores extraordinários para calcular o piso mínimo da saúde.
Analise-se essa proposta, agora, na arena política. Significará o governo Lula abdicar do mais caro princípio de justiça social: os gastos com saúde e a recuperação do SUS (Sistema Único de Saúde). Significará mais pressão sobre municípios e a abertura de precedentes que poderão desvirtuar totalmente os princípios da Constituição de 1988.
Há duas maneiras de reduzir os gastos: ou mexendo na alíquota ou na base de cálculo. Ambas reduzem os gastos com saúde. É evidente que, expurgando do cálculo as receitas extraordinários, está reduzindo, sim, os recursos para saúde.
O ritmo atual de queda da Selic é insuficiente. É nítido que Roberto Campos Neto tem como objetivo central a inviabilização do governo Lula, abrindo espaço para a volta da ultra financeirização. Mas a atuação de Haddad consiste em aproximar Campos Neto de Lula e continuar na pauta única fiscal.
Sua estratégia inicial era seguir as regras do BC e convencer tecnicamente Campos Neto a acelerar a queda da Selic. Ou seja, ele seria o emulador e Campos Neto o emulado. Agora, o que se vê é um Haddad emulando cada vez mais Campos Neto.
É hora da chamada freada de arrumação, a necessidade premente de um Lula mais presente e de um Haddad, com sua inegável formação intelectual e gerencial, solto para elaborar um verdadeiro programa nacional de desenvolvimento – tendo como chave a transição energética.
Depois do primeiro ano de governo, cada dia de vida nunca é mais, é sempre menos. E o monstro das ruas, depois da trombada de 8 de janeiro, começa a dar os primeiros sinais de que está vivo, resiliente e se preparando para voltar.
Peça 2 – a estratégia de Lula
Lula assumiu o governo custando barato.
Ou seja, o tal do mercado e o conjunto de opiniões do empresariado aguardavam um governo caótico, cercado pelo Centrão, pelas Forças Armadas e pelo mercado.
O primeiro movimento foi acalmar as expectativas. Com a ajuda do Ministro da Fazenda Fernando Haddad, Lula conseguiu reverter provisoriamente a opinião pública com o arcabouço fiscal e o discurso fiscalista. Houve um aumento no seu valor de mercado.
Assim como Napoleão, Lula valeu-se do fator surpresa – e das lembranças da tragédia Bolsonaro – para agrupar várias tropas em defesa da democracia.
Como em todo movimento de onda, porém, se quiser manter a imagem em alta, Lula teria que criar expectativas positivas e, especialmente, desenvolver um programa agregador, que abra expectativas futuras otimistas e mostre que sairá vitorioso na sua Waterloo.
Quem conhece os movimentos da mídia sabe que nuvens cumulus-nimbus começam a se formar no horizonte.
Estadão dá chamada falando das vovós de 8 de janeiro, penalizadas pelo STF inclemente; Folha aproveita a tragédia dos médicos mortos no Rio de Janeiro para lançar a candidatura do general Braga Neto. Aliás, quem conhece por dentro diz que a cobertura das jóias de Bolsonaro passou a fórceps pelo controle da direção do Estadão em Brasília.
Sinais nítidos aparecem no Senado e na Câmara.
Em breve, episódios envolvendo filhos do presidente, assassinatos violentos – como o que vitimou quatro médicos no Rio de Janeiro – o aprofundamento da crise, e a nítida falta de pique de Lula para começar tudo de novo e – especialmente – a falta de expectativas positivas, tudo isso ampliará enormemente a sensação de orfandade do país. E esse sentimento é um rastilho para a desagregação da frente democrática.
Mas o general Grounchy não pode mudar a ordem que recebeu para perseguir o exército prussiano, ou seja, o déficit zero.
Peça 3 – as expectativas econômicas
O grande papel dos generais consiste em analisar a realidade dinâmica, não a estática. Ou seja, o cenário de batalha pode estar tranquilo hoje, agora. Mas, mantidas as condições atuais, como estará daqui a 6, 12, 24 meses? Toda grande estratégia é montada com essa visão prospectiva.
E depende fundamentalmente da capacidade de assessoramento do estado-maior, de passar visões sobre as várias frentes de batalha para Napoleão definir sua estratégia final.
O que se tem pela frente:
Economia nacional
Em 2022, foram registrados 1.222 pedidos de recuperação judicial, um aumento de 21,5% em relação a 2021. No primeiro semestre de 2023, foram 593 pedidos, um aumento de 52,1% em relação ao mesmo período de 2022.
O setor de serviços foi o que mais requisitou o processo, conforme aponta o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, com 265 pedidos no primeiro semestre de 2023. Em seguida, vêm o setor de comércio, com 192 pedidos, e o setor da indústria, com 112 pedidos.
Ao mesmo tempo, caminha-se para uma integração com a economia internacional – especialmente a asiática – com impactos profundos. O varejo está sendo massacrado pelo comércio digital; a siderurgia e a indústria de máquinas e equipamentos não sobreviverão, a não ser como maquiadoras da produção chinesa.
Economia internacional
A maior economia do mundo, a dos Estados Unidos, enfrenta os seguintes desafios:
* Preços mais elevados de energia pressionam a inflação.
* Rumores sobre a sustentabilidade da dívida norte-americana, com o Tesouro emitindo e o Federal Reserve reduzindo sua participação.
* Mudanças geopolíticas reduzindo a procura de títulos do Tesouro por outros países.
* Muitos indicadores apontando para uma recessão no país, apesar do mercado de trabalho aquecido.
* O aumento das exigências bancárias para crédito é típico de períodos pré-recessão.
* A relação entre crescimento monetário e crescimento nominal do PIB está em nível negativo recorde. No passado, funcionou como sinal deflacionário que precedia as recessões.
* O mercado imobiliário americano, altamente sensível às taxas de juros, mostra sinais de dificuldade. O aumento dos títulos de tesouro de longo prazo, em quase 8%, restringiu a compra de casas.
* O aumento da dívida pública americana esbarra na queda da demanda por parte de outros países, devido às mudanças geopolíticas globais.
* Ao mesmo tempo, os últimos indicadores de emprego poderão promover novas altas nas taxas de juros
Ou seja, há uma turbulência a caminho, com reflexos no ritmo da economia mundial e no mercado de câmbio.
O Brasil poderá ser afetado pelo aumento dos juros internacionais, atraindo capitais e obrigando o BC a puxar novamente a Selic, e a recessão americana, afetando o comércio mundial.
E como estará o mercado de opinião? É esse o busilis da questão.
Peça 4 – o Waterloo de Lula
A grande batalha do governo Lula ocorrerá nos dois últimos anos de seu mandato. Seu grande desafio será impedir a coalizão que, em 2016, derrubou Dilma Rousseff: mídia, mercado, Forças Armadas, Ministério Público, Supremo Tribunal Federal e Centrão. Todos alimentados pelo dragão das ruas.
Para tanto, a estratégia tem que focar nas seguintes direções:
1. Terá que desenvolver um discurso legitimador em defesa da democracia, contendo dois ingredientes básicos: combate à miséria e as desigualdades; desenvolvimento sustentável. Em suma, tem que se legitimar.
2. Terá que trazer resultados positivos para a economia, peça central para o enfrentamento da ultra direita nas eleições de 2026. E, principalmente, mostrar-se viável para 2026, caso contrário haverá debandada da frente democrática.
Fernando Haddad não é um gestor medíocre. Foi o melhor Ministro da Educação que o país teve, prefeito da maior cidade brasileira, onde implementou políticas urbanas audaciosas. Tem apenas um defeito: não ouvir a voz das ruas.
Sempre gostou de políticas feitas para o povo, mas sem o povo. Na Educação e na Prefeitura conseguiu montar políticas públicas notáveis, mas sem eco na sociedade.
Tanto não tinha noção dos movimentos de opinião pública que, mesmo fazendo um governo de excelência, saiu derrotado pela ignorância do debate.
No cargo de Ministro da Fazenda, mais do que nunca, precisa ouvir a voz das ruas, das empresas, prever os ventos da economia e, principalmente, entender as ondas de opinião. E repassar as informações analisadas para Napoleão.
Não pode atuar apenas preocupado com o que o mercado diz hoje sobre ele, mas o que dirá amanhã. É fundamental a análise dinâmica dos fatos, imaginar o que será o quadro político e econômico daqui a 12, 24 meses e como se comportará a opinião pública e política no período.
E isso dependerá fundamentalmente dos resultados da economia e da capacidade de gerar esperanças.
Mais que isso: o maior trunfo de um Ministro da Fazenda é poder pautar a discussão pública. Haddad poderia estar conduzindo uma discussão sobre formas de captar dinheiro para investimento, sem atropelar a questão fiscal ou os passos centrais da transição energética.
Em vez disso, pauta só a questão do déficit zero, como se estivesse em uma defesa de tese única, não em um terreno político.
Analise-se sua tentativa de reduzir o piso mínimo da saúde. Vale-se de argumentos técnicos, adequados para uma banca de doutorado de contabilidade pública: tem que se expurgar do orçamento os valores extraordinários para calcular o piso mínimo da saúde.
Analise-se essa proposta, agora, na arena política. Significará o governo Lula abdicar do mais caro princípio de justiça social: os gastos com saúde e a recuperação do SUS (Sistema Único de Saúde). Significará mais pressão sobre municípios e a abertura de precedentes que poderão desvirtuar totalmente os princípios da Constituição de 1988.
Há duas maneiras de reduzir os gastos: ou mexendo na alíquota ou na base de cálculo. Ambas reduzem os gastos com saúde. É evidente que, expurgando do cálculo as receitas extraordinários, está reduzindo, sim, os recursos para saúde.
O ritmo atual de queda da Selic é insuficiente. É nítido que Roberto Campos Neto tem como objetivo central a inviabilização do governo Lula, abrindo espaço para a volta da ultra financeirização. Mas a atuação de Haddad consiste em aproximar Campos Neto de Lula e continuar na pauta única fiscal.
Sua estratégia inicial era seguir as regras do BC e convencer tecnicamente Campos Neto a acelerar a queda da Selic. Ou seja, ele seria o emulador e Campos Neto o emulado. Agora, o que se vê é um Haddad emulando cada vez mais Campos Neto.
É hora da chamada freada de arrumação, a necessidade premente de um Lula mais presente e de um Haddad, com sua inegável formação intelectual e gerencial, solto para elaborar um verdadeiro programa nacional de desenvolvimento – tendo como chave a transição energética.
Depois do primeiro ano de governo, cada dia de vida nunca é mais, é sempre menos. E o monstro das ruas, depois da trombada de 8 de janeiro, começa a dar os primeiros sinais de que está vivo, resiliente e se preparando para voltar.
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