domingo, 22 de outubro de 2023

Damares Alves espalha fake news sobre Gaza

Charge: Nando Motta
Por Altamiro Borges


Damares Alves, a ex-ministra do fascista Jair Bolsonaro eleita senadora do Republicanos pelo Distrito Federal, é uma difusora obsessiva de fake news. Na semana passada, ela postou em suas redes digitais que a delegação brasileira no Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, teria virado as costas quando a embaixadora dos EUA, Michele Taylor, utilizou a palavra para se rejeitar a proposta de paz e de ajuda humanitária em Gaza.

Desmascarada pelo site UOL, a farsante retirou a postagem do ar e se disse “vítima” de engano. “Mas ela não explicou que havia sido questionada pela reportagem, antes da decisão de apagar a suposta notícia”, ironizou Jamil Chade. Na postagem, Damares Alves atacou o Brasil: “Eu não acredito que fizeram isso! Que vergonha!”. Como explica o jornalista do UOL, “nada do que a senadora explicou ocorreu da forma que ela descreveu”.

Desculpa esfarrapada da mentirosa

“O evento em Genebra se referia ao exame da política de direitos humanos dos EUA e, segundo fontes do alto escalão do Itamaraty, a delegação brasileira nem sequer participou do protesto. Na chancelaria, a postagem da senadora circulou em meio a indignação”. Na ocasião, a embaixadora tratou de questões internas dos EUA. Na sala da ONU, ativistas de ONGs e entidades ianques decidiram virar as costas durante o seu discurso.

“O motivo: um protesto silencioso contra as políticas de direitos humanos de Biden para as populações mais vulneráveis. Não havia qualquer relação nem com o posicionamento dos EUA em Gaza e nem com o veto sobre a resolução brasileira. Quem fazia o protesto não eram nem integrantes do Comitê de Direitos Humanos da ONU, como primeiro citou Damares, e nem membros da delegação brasileira, como ela também postou”.

Diante do desmentido, a senadora das fake news postou uma desculpa esfarrapada: “Gente, venho aqui fazer uma correção. Ontem, assim como muitas outras pessoas, postamos uma notícia que foi publicada em diversos sites brasileiros, mas, hoje pela manhã, confirmamos que a informação não era correta... Há anos, tenho sido vítima desse tipo de erro e sou radicalmente contra essa prática”. Patética!

Comida pastosa e dentes arrancados de crianças

Damares Alves é conhecida por difundir mentiras desde quando virou ministra do covil de Jair Bolsonaro. Ela inclusive ganhou o apelido de “Damares da Goiabeira” por suas invenções e farsas. Em setembro último, o Ministério Público Federal (MPF) no Pará inclusive ajuizou uma ação civil pública para que a senadora e a União indenizassem em R$ 5 milhões a população da Ilha do Marajó.

O pedido, assinado por 19 procuradores da República, foi uma reação às declarações mentirosas da ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos proferidas em outubro de 2022 durante um culto evangélico em Goiânia. Na ocasião, ela afirmou que crianças do Marajó tinham seus dentes arrancados para não morderem durante a prática de sexo oral e que eram traficadas para exploração sexual. Segundo a ministra-pastora, as crianças ainda comiam comida pastosa para o intestino ficar livre para o sexo anal.

Denúncias "falsas e sensacionalistas" da pastora

O MPF investigou as denúncias e comprovou que eram “falsas e sensacionalistas”. No pedido, o órgão também lembrou que Damares Alves garantiu que existiriam imagens de estupros de bebês de oito dias, cujos vídeos seriam comercializados por valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. O MPF requisitou esses dados ao ministério, além do governo do Pará e à Polícia Federal, mas nenhuma das informações da ministra era verdadeira.

“[Os relatos] ocasionaram uma grande movimentação de força de trabalho e gastos públicos para analisar as denúncias e apurações relacionadas aos referidos fatos. Nenhum destes, entretanto, foi confirmado. No próprio MPF, nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia recebida mencionou as torturas narradas”, registrou. O MPF ainda apontou que as fake news foram obradas em plena campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro e usadas para propagandear a farsa sobre o “maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó”.

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