Sergio Massa. Foto do site Página 12 |
Praticamente não há um dia, neste segundo turno na Argentina, em que não sejam divulgadas pesquisas de intenção de voto. Nelas, ora o candidato da União pela Pátria, Sérgio Massa, aparece na frente, ora o fascista escatológico (li esta definição precisa nas redes, mas não lembro do autor, para dar o crédito) Javier Milei é que lidera.
Mas, em todas a diferença é residual, sempre dentro da margem de erro
Se salta aos olhos que a disputa na Argentina é acirradíssima, voto a voto, também vale destacar que, tal qual aconteceu no Brasil, em 2022, uma boa parte das sondagens eleitorais que inundam o país vizinho são feitas por institutos mambembes, sem tradição no mercado, e realizadas por telefone, o que, dizem os especialistas, reduz o grau de confiabilidade dos resultados.
Em um cenário polarizado ao extremo, resta como bússola de ação política a parte qualitativa das pesquisas, desde que se evite, é claro, aquela prática comum entre candidatos e partidos de quaisquer países de valorizar pesquisas favoráveis e desprezar as que mostram números ruins.
Isto posto, vale a pena prestar atenção em uma das poucas sondagens realizadas com a metodologia presencial: a do Celag (Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica). A "encuesta", como dizem os argentinos, ouviu 2005 pessoas em 27 localidades de 18 províncias.
Para se ter um ideia da abrangência da amostra, no Brasil, que possui uma população mais de quatro vezes maior do que a Argentina, muitas pesquisas presidenciais feitas aqui costumam consultar igual número de eleitores.
Não que a pesquisa do Celag tenha trazido novidades em termos quantitativos, já que ela repetiu todas as outras ao evidenciar o empate técnico, com Massa ligeiramente na dianteira: 46,7% a 45,3%, com 8% de indecisos.
No entanto, veja a quantidade de boas notícias do levantamento para o candidato peronista:
- 55,2% estão em sintonia com Massa e acham que o objetivo de uma sociedade deve ser "a justiça social para todos os seus membros", enquanto 40,3% adotam a mesma posição de Milei, segundo a qual "a liberdade individual de todos os seus membros" deve ser a meta prioritária.
- 6 em cada dez pessoas ouvidas afirmam que Milei é apenas um político como todos os outros. Apenas 35% o veem como alguém fora da política e de seus vícios.
- Quase 60% concordam com Massa de que "as instruções do FMI condicionam a política econômica e irão agravar a crise." Só 33% afirmam que 'as instruções dadas pelo FMI são a única forma de estabilizar a economia", como tem defendido Milei.
- A posição de Massa de que o dólar avança devido aos especuladores é apoiada por 52%. Já para 40%, Milei tem razão quando prega que "o dólar azul aumenta devido aos mercados." Dólar azul é o valor informal que serve de referência para transações no dia a dia na Argentina.
- Massa é mais próximo ao povo comum (48%) do que Mile (36%).
- O candidato da União pela Pátria é quem tem mais capacidade de negociação e diálogo (53%) contra 36% de Milei.
- 52% creem que Massa será o próximo presidente. Para 43%, será Milei.
Faltando 9 dias para a eleição, cresce a importância do debate marcado para o próximo domingo (12), pois a conquista de cada voto, especialmente entre os indecisos, é decisiva. Mesmo a Argentina não tendo tradição de atrair grandes audiências para debates eleitorais, dessa vez pode ser diferente.
O debate será transmitido por um pool de emissoras de rádio e TV ligadas à Rádio e Televisão Argentina Sociedade do Estado (RTASE). No streaming, o confronto poderá ser acompanhado pelo canal no Youtube da Câmara Nacional Eleitoral, o TSE deles.
Se Massa conseguir explorar o medo que Milei desperta em parcelas consideráveis do eleitorado e tirá-lo do eixo, provocando os conhecidos ataques de fúria do descerebrado de extrema-direita, poderá avançar várias casas rumo à vitória.
* Com informações do jornalista Raul Kolmann, no Jornal Página 12.
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