Palestinos deslocados para o acampamento improvisado em Rafah Foto: Fatima Shbair/AP |
Em sua participação recente num evento na Etiópia, Lula condenou com veemência a atitude do governo israelense de massacrar impiedosamente o indefeso povo palestino. Lula considerou inadmissível a matança indiscriminada de tanta gente, em sua maioria mulheres e crianças.
Visando chamar a atenção para suas denúncias dos horrendos crimes que estavam sendo cometidos pelo Estado de Israel, Lula disse que cenas de tanta atrocidade só tinham sido vistas na Alemanha, durante o regime nazista, sob o comando de Hitler. Isto levantou a ira dos dirigentes sionistas do Estado de Israel, que resolveram partir para uma brutal arremetida contra Lula e o Brasil.
Como forma de humilhar o embaixador brasileiro em Tel Aviv, o ministro de relações exteriores do governo sionista o convocou para uma reunião de emergência. Só que, em lugar de realizá-la em seu gabinete no ministério correspondente, nosso embaixador teve de comparecer a um espaço público e com microfones abertos. Ou seja, o que se queria era envergonhar nosso país diante de todos.
Mas, o que mais está causando indignação é constatar como a mídia corporativa de nosso país está repercutindo estes acontecimentos. Em lugar de se mostrar solidária com nosso governo neste momento em que é vilipendiado por autoridades estrangeiras, nossa mídia corporativa se alinhou em uníssono com os agressores. Tanto assim que praticamente todas as manchetes dos principais órgãos de comunicação capitalistas de nosso país expressaram severas condenações à fala de Lula e total subserviência às atitudes de represália do governo sionista de Israel.
O que unificou em sua ira os dirigentes sionistas do Estado de Israel e toda nossa mídia corporativa foi a menção comparativa que Lula ousou fazer entre as práticas assassinas atuais do regime sionista do Estado de Israel e as atrocidades cometidas pelo nazismo de Hitler contra vários grupos humanos, dentre os quais os judeus tiveram peso relevante. Em vista disto, é mister que repassemos os fatos para tentar esclarecer o que há de verdade por trás de tal indignação.
Antes de retomar a argumentação, gostaria de fazer referência a uma matéria recente que publiquei neste enlace (https://www.monitordooriente.com/20240122-sionismo-e-nazismo-no-es-lo-mismo-pero-es-igual/), na qual muitos dos aspectos que vamos levantar já tinham sido abordados com algo mais de atenção.
É evidente que os fenômenos históricos são sempre exclusivos, que não se repetem, uma vez que cada fenômeno reflete certas peculiaridades que são exclusivas de cada situação específica. Assim que o fascismo italiano, o nazismo alemão, o apartheid sul-africano, etc. nunca vão ter um equivalente total em outros lugares e outros tempos. No entanto, é mais do que válido relacionar algum fato novo em função de sua semelhança com certos aspectos básicos de um ou outro regime. E é sobre alguns destes pontos coincidentes entre o sionismo israelense e o nazismo alemão que gostaríamos de tecer alguns comentários.
Hitler é historicamente conhecido pela crueldade com que tratou aos grupos humanos com os quais ele antipatizava. Ele odiava os comunistas e, por isso, tratou de exterminar fisicamente os comunistas, ele odiava os ciganos e, em consequência, se empenhou na eliminação dos ciganos, ele detestava os judeus e, em função disso, se dedicou a erradicar sua presença da Alemanha e do resto da Europa. Então, nada mais simbólico do que medir outras grandes maldades cometidas por diferentes estadistas, em diferentes momentos, em diferentes países, do que correlacioná-las com aquelas características associadas a Hitler e ao nazismo.
Com isto em mente, vejamos: Netanyahu, o Primeiro Ministro do sionista Estado de Israel, ordenou que suas forças militares atacassem a região da Faixa de Gaza, território palestino onde se aglomeravam mais de 2 milhões e meio de habitantes. As ordens do governo israelense foram taxativas: arrasar com tudo o que fosse possível arrasar; eliminar quaisquer possibilidades de que o povo palestino continue vivendo naquele espaço que, antes mesmo desta nova arremetida, já era extremamente precário.
Em razão dos bombardeios inclementes das forças militares sionistas, já foram contabilizadas mais de 35.000 mortes de civis. Esta cifra se torna ainda mais terrível quando se tem em conta que, destas dezenas de milhares de mortes, mais de 70% se referem a crianças e mulheres. Portanto, cabe-nos fazer uma perguntinha: uma matança deste quilate faz-nos recordar o que fazia Hitler e seu regime nazista, ou não?
O governo sionista comandado por Netanyahu vem impondo um bloqueio ferrenho à Faixa de Gaza há mais de dois meses, não permitindo a entrada de alimentos e água, cortando o fornecimento de eletricidade, combustíveis, gás, etc., mantendo esses quase dois milhões e meio de pessoas privadas das mais elementares condições de vida. Outra perguntinha: ninguém consegue se lembrar de Hitler e do Gueto de Varsóvia, ao saber desses fatos?
O sionista Estado de Israel, comandado na atualidade por Netanyahu, já destruiu quase toda a infraestrutura de assistência básica da Faixa de Gaza. Seus hospitais foram bombardeados e destruídos, suas escolas foram derrubadas, as residências de sua população foram quase que inteiramente demolidas pelos bombardeios das forças militares sionistas. Seria possível não pensar em Hitler ao ter conhecimento disto?
Em vista do que acabamos de expor, o que poderia tornar injustificável a menção feita por Lula a Hitler quando abordou os crimes do sionista Estado de Israel, sob o comando de Netanyahu? Nada, absolutamente nada. O difícil era não fazer essa correlação.
Parafraseando o que eu havia dito em meu outro texto: Netanyahu e o Estado de Israel não são o mesmo que Hitler e a Alemanha nazista, mas estão agindo exatamente igual.
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