Charge: Aroeira |
Apelidado de Xandão por sua ação firme contra as milícias bolsonaristas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), parece que decidiu poupar Jair Bolsonaro no patético episódio da sua fugidinha para a embaixada da Hungria. Nesta semana, o magistrado concluiu que não há evidências de que o ex-presidente fujão planejava obter asilo diplomático para escapar da Justiça nativa. Para o afável ministro, as duas noites dormidas na embaixada – em pleno carnaval – foram normais, quase corriqueiras.
Em seu despacho, Alexandre de Moraes argumentou que não há elementos concretos que indiquem que o golpista pretenda fugir do país. Alegou ainda que o ex-presidente segue cumprindo as medidas cautelares, como a proibição de se encontrar com outros investigados e a retenção do seu passaporte. “Os locais das missões diplomáticas, embora tenham proteção especial, nos termos do artigo 22 da Convenção de Viena, não são considerados extensão de território estrangeiro, razão pela qual não se vislumbra, neste caso, qualquer violação a medida cautelar de proibição de se ausentar do país”, concluiu.
A decisão do ministro do STF seguiu o entendimento, também afável, da Procuradoria-Geral da República (PGR), que não viu motivos para que Jair Bolsonaro fosse preso ou sofra sanções por ter se escondido por duas noites na Embaixada da Hungria – a fuga só foi revelada pelo jornal ianque The New York Times, que conseguiu os vídeos da estadia. O perdão do temido Xandão foi comemorado por deputados e milicianos bolsonaristas nas redes digitais – algo inimaginável em tempos recentes.
"Cauteloso", "decisão política". Será?
Mesmo para setores críticos dos golpistas, a decisão foi encarada com cuidado. Em postagem do site UOL, o jornalista Leonardo Sakamoto avaliou que ela foi cautelosa. “Alvo de ataques da extrema direita, de parlamentares do Centrão, de trumpistas em Washington e até de um bilionário da tecnologia, o ministro Alexandre de Moraes resolveu escolher melhor as batalhas que irá enfrentar daqui até o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. E arquivou ação que pedia sua prisão preventiva por tentativa de asilo e de fuga devido a um bizarro Airbnb que Jair fez na embaixada da Hungria”.
No mesmo rumo, deputados de esquerda encararam a decisão do ministro do STF de “política”. Segundo nota do site Metrópoles, “na visão de petistas, ao arquivar o caso, Moraes indica que só tomará qualquer decisão para prender Jair Bolsonaro quando tiver elementos suficientes para condená-lo com base nas investigações das quais o ex-presidente é alvo e não por descumprimento de medidas cautelares. Nos bastidores, parlamentares do PT e de outras legendas compararam o arquivamento à decisão da PF de não pedir o indiciamento de Bolsonaro na investigação sobre importunação a uma baleia jubarte”.
A decisão de poupar o ex-presidente da fugidinha na embaixada pode até ser “política” e “cautelosa”. Mas ela também pode ser encarada como um sinal de fraqueza pelas milícias bolsonaristas, reforçando as suas mobilizações de rua e seu bombardeio no esgoto digital. A conferir!
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