Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu o julgamento que pode resultar na cassação do mandato do senador Jorge Seif (PL-SC) – chamado de “filhote 06” de Jair Bolsonaro devido às suas relações íntimas com o ex-presidente fujão. Segundo a Agência Brasil, “a sessão foi suspensa sem a apresentação dos votos. O Ministério Público Eleitoral se manifestou pela cassação da chapa e a realização de novas eleições”. A retomada do julgamento está marcada para 16 de abril e ainda é imprevisível o seu desfecho.
O TSE julga um recurso apresentado pela coligação “Bora Trabalhar” – formada pelas siglas de direita Patriota, União Brasil e PSD – contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de Santa Catarina, que salvou a pele do senador bolsonarista. A coligação acusa Jorge Seif e seus suplentes, Hermes Klann e Adrian Rogers Censi, de abuso de poder econômico nas eleições de 2022. A ação também abrange os empresários Luciano Hang, dono da rede Havan, e Almir Manoel, então presidente do Sindicato da Indústria de Calçado de São João Batista (SC).
“Jorge Seif teria utilizado irregularmente aeronaves da Havan para se deslocar no estado e para participar de eventos de campanha, segundo o grupo, que aponta ainda o uso de estrutura material e pessoal das lojas Havan para veiculação de campanha e pelo financiamento ilegal de propaganda em evento no município. Ao TSE, a coligação pediu a cassação da chapa e a retotalização dos votos, com a declaração de eleito para o segundo lugar na disputa de 2022, o ex-governador catarinense Raimundo Colombo (PSD)”, relembra o site.
Veio da Havan bancou a campanha do senador
Em sua alegação, o vice-procurador Alexandre Espinosa disse que está provado o abuso de poder econômico. Ele citou o fato de Jorge Seif ter sido acompanhado por Luciano Hang em vários momentos da campanha, além do empresário ter utilizado os canais oficiais de comunicação da Havan. “A agenda da campanha e a divulgação dos atos eram sempre divulgados pelo e-mail da empresa e compartilhados pela campanha”. Também foi usada “em benefício de candidatura patrocínios disparados em toda estrutura midiática da empresa no estado”. Luciano Hang postou vários vídeos no Instagram em apoio ao “filhote 06” do fascista.
“Os autos apontaram que as mídias teriam sido gravadas no interior dos estabelecimentos do empresário, contando com entrevistas de funcionários e fornecedores, bem como com utilização de logomarca e bens da empresa Havan em favor dos concorrentes ao cargo. Além do pedido de cassação, o vice-procurador pediu a inelegibilidade de Seif e Hang por oito anos e a aplicação de multa para os dois, individualmente, no valor máximo previsto pela legislação eleitoral”, completa a Agência Brasil.
Release escancara apoio de Luciano Hang
Como explica Leonardo Sakamoto no site UOL, a cassação do bolsonarista é mais do que justa. “A lei eleitoral impede que pessoas jurídicas contribuam ou façam doações a campanhas, o que configura abuso de poder econômico e pode levar à perda do mandato. E a Havan foi além disso. Divulgava fotos, releases, discursos, entrevistas e até a agenda de campanha de Seif, usando mailing e logotipo da empresa. Quem precisasse de mais informações sobre eventos com o candidato era orientado a ligar para a Havan”.
A estrutura da empresa também era usada para fazer a cobertura dos atos de campanha. O conteúdo era reproduzido por veículos de imprensa de Santa Catarina. “Luciano Hang e Jorge Seif convidam para coletiva de imprensa... É meu candidato e o candidato do presidente Bolsonaro. Precisamos eleger o presidente e também levar para Brasília candidatos que estão comprometidos com as mudanças do nosso país”, propagandeou Luciano Hang em um release de 19 de setembro de 2022. O crime é explícito!
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