quinta-feira, 18 de abril de 2024

O que leva o Irã a ser contra Israel?

Em Teerã, iranianos apoiam o ataque a Israel, 14/abril/2024
Foto: Majid Saeedi /Gettyimages.ru
Por Jair de Souza


Neste preciso momento em que está havendo um escalonamento da magnitude do conflito no Oriente Médio, creio ser de fundamental importância fazer algumas reflexões a respeito desta questão.

Como deve ser de conhecimento de todos, há poucos dias, o Estado de Israel efetuou um terrível ato de agressão ao direito internacional ao bombardear e arrasar a sede diplomática do Irã em Damasco, na Síria. Além da destruição física do edifício, foram assassinados quase uma dezena de altos funcionários iranianos que ali se encontravam na hora do atentado. Ou seja, para todos os efeitos, tratou-se de um verdadeiro ato de terrorismo de guerra.

Em represália à agressão sofrida, o Irã decidiu desfechar um ataque de grandes proporções ao território israelense, com o lançamento de centenas de mísseis sobre instalações militares estratégicas do Estado sionista.

Em vista do aguçamento das tensões entre esses dois países, algumas perguntas nos vêm à mente: Quais seriam os motivos que levaram as coisas a chegar a este ponto? Por que o governo iraniano se opõe tão vigorosamente ao Estado de Israel? Por trás de tudo, não estaria o profundo sentimento antissemita que caracteriza aos dirigentes do Irã?

Bem, a julgar pelo que costumeiramente lemos, vemos ou ouvimos nos grandes meios de comunicação dos países capitalistas, tudo se resumiria exatamente à tal intolerância antissemita do regime iraniano.

Não há dúvidas de que a maneira mais eficaz para se sair vitorioso de um debate que visa angariar apoio para sua posição é impedindo que as opiniões de seus adversários cheguem ao conhecimento do público tal como eles realmente gostariam que chegassem. E é exatamente isto o que vem sendo feito pelas grandes corporações midiáticas dos países capitalistas, quase todas elas plenamente alinhadas com as posições do Estado de Israel.

Assim que tudo, ou quase tudo, o que sabemos sobre o pensamento dos iranianos a respeito do Estado de Israel chega até nós por meio de gente associada aos interesses israelenses. Quase nunca, a menos que se trate de algum dissidente, nos depararemos com a presença de analistas do próprio Irã. Quase que infalivelmente, para opinar sobre o conflito Israel-Palestina, os grandes meios colocam em cena especialistas israelenses, ou ingleses, estadunidenses, franceses, italianos, etc., os quais costumam ser ainda mais pró-Israel do que os próprios israelenses.

Por isso, há uma incompreensão generalizada sobre o que os iranianos defendem em relação ao conflito envolvendo o Estado de Israel e o povo palestino. O que significa querer o fim do Estado de Israel, como muitas vezes os dirigentes iranianos expressam? Seria isso equivalente a querer exterminar o povo judeu? Uma vez mais, a depender da maneira como os meios capitalistas nos informam a respeito do assunto, sim.

Porém, quando o tema é abordado e explicado por alguém oriundo do ambiente iraniano, a gente se dá conta de que sua visão está muito longe de ser essa. Na verdade, o que se busca é pôr fim a um Estado racista e supremacista, que discrimina aos outros povos de diferentes etnias que habitam aquele território.

O que se deseja alcançar é que haja um Estado que considere a todos os seus habitantes como iguais, sem nenhum privilégio de nenhum grupo em função de origem étnica ou religião. Um Estado onde os judeus possam viver em plena harmonia e igualdade de direitos com todos os não judeus. Em outras palavras, quando se diz acabar com o Estado de Israel, o que se quer dizer exatamente é pôr fim ao sistema de apartheid imperante em Israel desde sua fundação. O nome que o novo Estado livre de apartheid venha a ter não tem nenhuma importância.

Portanto, em vista do que acabamos de mencionar, no vídeo disponível nestes enlaces (https://youtu.be/cO_NQKvaDoE e https://www.dailymotion.com/video/x8wrv62 ), o pensamento das autoridades do Irã, de sua intelectualidade e de sua população em geral deverá ficar mais compreensível, e muitas das deturpações que vêm sendo propagadas poderão ser definitivamente rechaçadas.

Portanto, considero de grande utilidade o material ali exposto e recomendo que lhe dediquem bastante atenção.

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