Secretaria de Educação de Dona Emma mostra bandeira com a suástica e simpatizantes de Hitler. Foto: Giuliano Bianco/Brasil de Fato |
O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula, acaba de acionar a Organização das Nações Unidas para advertir sobre o “alarmante cenário de crescimento” de grupos neonazistas no Brasil. O documento encaminhado à ONU mostra que essas seitas de extrema direita têm gerado “um aumento do discurso de ódio, especialmente direcionado às mulheres, à população negra e à população LGBTQIAP+”.
Segundo matéria de Mônica Bergamo na Folha, o objetivo do CNDH ao fazer a denúncia “é conseguir que a situação do Brasil seja incluída no relatório sobre formas contemporâneas de racismo, que está sendo elaborado pela ONU. Ele será apresentado na 56ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da organização, que ocorrerá entre junho e julho”.
O texto cita uma série de casos no país, incluindo um grupo que vendia artefatos nazistas em Santa Catarina. Ele tem como base um estudo detalhado da antropóloga Adriana Dias, falecida no ano passado, que mostrou que Blumenau, uma cidade de 365 mil habitantes, tem 63 células neonazistas. Já a capital paulista, com 12 milhões de moradores, tem 96 grupos extremistas contabilizados.
Bolsonarismo impulsionou as células neonazistas
O crescimento de células neonazista não é novo no Brasil, mas ganhou forte impulso com a ascensão do bolsonarismo. Jair Bolsonaro abriu as portas do inferno, destampou o bueiro do esgoto. Em dezembro de 2022, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou um estudo sobre a ação desses grupos no país. Segundo o monitoramento, eles estavam agindo “para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos”.
Um dos “extremistas de alta periculosidade” citados pela Abin, Alessandro Ferreira da Silva, vulgo Alex Silva, seria suspeito do ataque terrorista à produtora Porta dos Fundos, em dezembro de 2019, e atuou como mercenário na Ucrânia. Segundo postagem do site Metrópoles, ele “costumava divulgar fotos e vídeos lutando ao lado de organizações paramilitares ucranianas e pregava a resistência armada e uma revolução civil no Brasil”. O psicopata também participou de um ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo, “portando uma bandeira com símbolo neonazista”.
O terrorismo para impedir posse de Lula
Na época, a Abin alertou que “neonazistas, supremacistas brancos e movimentos de deslegitimação do Estado eram as principais ameaças para a cerimônia da posse presidencial de Lula (PT). A agência afirmou ter identificado um crescimento na atuação de ‘indivíduos e grupos extremistas e violentos ideologicamente motivados’ após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas”, registra a reportagem.
Ainda segundo o site, “no período eleitoral e após a vitória de Lula, a Abin monitorou discussões em redes sociais de extremistas e detectou grupos que trocavam instruções e fotos sobre como montar ou modificar as próprias armas de fogo. Nesses canais ainda havia difusão de teorias conspiratórias e ameaças a autoridades. A agência disse nos relatórios que os grupos se articulavam principalmente pelo Telegram e pelo Twitter. A Abin citou que parte dos extremistas mostrava conhecimento sobre fabricação de explosivos e armas de fogo artesanais ou feitas em impressoras 3D”.
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