domingo, 26 de maio de 2024

PF caça financiadores do ato golpista do 8/1

Charge: Amorim/Le Monde
Por Altamiro Borges


Na quinta-feira (23), a Polícia Federal deflagrou a 27ª fase da Operação Lesa Pátria, que teve como alvo os financiadores dos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão e dois de monitoramento em cinco estados da federação – Paraná (7), Goiás (1), Mato Grosso (1), São Paulo (7) e Rondônia (2).

Segundo reportagem do site UOL, os alvos da ação policial são “suspeitos de terem financiado ônibus que levaram os então manifestantes à capital federal. Os nomes não foram divulgados pela corporação. O STF determinou bloqueio de bens e valores dos investigados. De acordo com a PF, os valores dos danos causados ao patrimônio público podem chegar à cifra de R$ 40 milhões”.

A matéria lembra que a Operação Lesa Pátria “procura identificar pessoas que participaram, financiaram, omitiram-se ou fomentaram os fatos ocorridos em Brasília. A PF informou que investigações continuam em curso. A primeira fase ocorreu em 20 de janeiro de 2023. Sete crimes são investigados: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição, deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”.

Só os bagrinhos foram presos até agora

Por ser encarada com uma operação permanente, a caçada aos golpistas – executores, insufladores, financiadores e mentores – segue em curso. Há muita gente para ser investigada, processada e presa. Até agora, só os bagrinhos que invadiram e destruíram as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF foram presos. Além dos atos de vandalismo e terrorismo no fatídico 8 de janeiro, que contou com muita grana na sua logística, houve todo o processo prévio de preparação e estímulo à horda fascista.

Quem bancou os bloqueios criminosos às estradas logo após as eleições presidenciais de 2022? Na época, o ministro Alexandre de Moraes jurou que os culpados seriam presos. “Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado com movimentos ilícitos, com movimentos antidemocráticos, com movimentos criminosos que serão combatidos e os responsáveis apurados e responsabilizados sob a pena da lei. A democracia venceu novamente no Brasil", afirmou. Ao todo, foram contabilizados 73 pontos de bloqueios em sete Estados pedindo “intervenção militar” contra a posse de Lula. Cadê os punidos?

Churrascada em Goiânia e Rondonópolis

Quem financiou os acampamentos em frente aos quartéis do Exército em vários municípios? Uma crônica ácida de Marcos Nogueira na Folha lembrou algumas dessas ações golpistas logo após o segundo turno. “Em Goiânia, houve distribuição de churrasco para as viúvas da ditadura que zurravam em frente a um quartel. A carne foi doada pelo Frigorífico Goiás, com notável ficha corrida. O frigorífico, que já teve o cantor Gusttavo Lima entre os sócios, é o mesmo da picanha de R$ 1.799 oferecida a Bolsonaro”.

“Em Rondonópolis (MT), vídeos publicados no Twitter mostram uma churrascada com estrutura semelhante aos eventos itinerantes que cobram mais de R$ 500 pelo ingresso. Várias estações de comida, equipamento de ‘barbecue’ texano e um exército de profissionais paramentados a serviço da patriotada. A farra do churrasco se repetiu nas estradas bloqueadas pelos conspiradores. Muitas manifestações tinham gerador de eletricidade, banheiros químicos e tendas para se abrigar do sol e da chuva”.

“Alguém pagou por todo esse aparato – e nem sempre o patrono dos arruaceiros é tão exibicionista quanto os donos do frigorífico que abastece os churrascos de Bolsonaro. Milhões de reais foram injetados na insurreição criminosa para melar a posse de um presidente eleito pelo voto popular. Os financiadores da conspiração precisam ser todos identificados e punidos”, concluiu o excelente artigo. Até agora, porém, os ricaços que bancaram os bagrinhos de Brasília seguem impunes. Quando serão presos?

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